O elevador havia parado, mas a porta não se abriu. Leorio levantou preocupado se vestindo enquanto o garoto ainda buscava forças para permanecer de pé, pegando suas roupas do chão e se vestindo também o mais rápido possível.
- E se o chefe descobrir o que acabamos de fazer? - perguntou o moreno o olhando de lado.
- Ele não saberá, a menos que conte - sorriu Kurapika terminando de ajustar os botões de sua camisa - Pakunoda vai me fazer milhões de perguntas se me ver, então estarei indo para casa.
- Você não vai ficar aqui?
- Melhor não, amanhã volto para trabalhar... Boa sorte Leorio - beijou o rosto do mais velho que sorriu com o ato.
- Boa sorte Kurapika...
O homem saiu do elevador deixando que o garoto vá embora, caminhou pelo corredor indo em busca de sua sala para prosseguir com o trabalho mas foi impedido no meio do caminho.
- Senhor Netero?
- O que aconteceu aqui senhor Leorio? - perguntou o chefe desconfiado e irritado.
- Ah... É que... A senhorita Pakuona estressou o jovem Kurapika então ele preferiu ir embora mais cedo hoje.
- Foi só isso mesmo? Alguns funcionários disseram haver um problemas com um dos elevadores, parece que ninguém estava conseguido entrar nele. Você tem alguma coisa haver com isto, Leorio?
O velho notava uma estranha coisa no mais jovem, seu rosto parecia estar suado e a roupa se encontrava amarrotada como se tivesse acabado de levar uma baita surra.
- Senhor, eu não fiz nada. Acredite em mim!
- Hum... Vou fingir que acredito, por enquanto deixarei que retorne ao que estava fazendo, porém mais tarde se encontre comigo em minha sala para que possamos conversar.
- Sim, sim! Com licença - Leorio desviou da presença do homem para entrar na sala indo em direção à sua mesa.
Ao voltar para casa, relembrava cada palavra dita pelo velho naquele escritório pequeno. Teria sido demitido se não fosse pela genialidade de mentir, sentou sobre o sofá retirando o casaco azul de cima de sua camisa, cansado do trabalho e da tranza que fez no elevador. Sorria ao se lembrar dos olhares do loirinho que gemia seu nome sem parar, daquele corpo macio que tocava com desejo. Se preocupava em saber agora, que estava apaixonado por Kurapika e queria se encontrar novamente com ele para fazer tudo de novo.
Kurapika havia acabado de chegar em casa, sentia que estava sendo perseguido faz um bom tempo, quando entrou pela porta da sala se assustou com a presença de um indivíduo indesejado que o esperava sentado no sofá de tecido velho.
- Boa tarde jovem - sorriu o homem de cabelos pretos médios com uma faixa na testa.
- Chrollo? O que faz aqui? - perguntou se aproximando irritado, seus nervos ferviam e os olhos ficaram vermelhos.
- Você ainda não está no nível de nos derrotar, sua vingancinha é tola. Desista, Kurapika Kurta.
- O que você quer? POR QUE ESTÁ AQUI?! - gritou o loiro cheio de ódio.
- Me entregue seu celular com a tela desbloqueada e você saberá.
Kurapika não se deu ao trabalho de entregar o aparelho, porém sentiu duas mãos fortes os apertando por trás segurando seu corpo o impedindo que faça qualquer coisa. Chrollo se levantou do sofá para pegar o celular que estava no bolso da calça do menor e sorriu agradecendo pelo trabalho de Uvo que ainda segurava o jovem.
- Desbloqueie este tela.
- Não farei isso!
- Não foi um pedido, é uma ordem. Tem uma arma apontada para a sua cabeça neste exato momento, então é melhor cooperar conosco.
Kurapika olhou para os lados procurando de onde viria os possíveis tiros da arma e se assustou ao ver uma mulher loira em um canto da cozinha preparada com o dedo no gatilho.
- Pakunoda?! - rangeu os dentes de raiva, sem escolhas do que fazer revelou a senha de desbloqueio para o homem à sua frente.
- Certo, veja bem o que farei a seguir. Uvo, tampe a boca da criatura.
- Sim senhor - sorriu o grandão usando sua mão enorme para impedir que o garoto deixe escapar alguma fala.
- Alô? Hummmm Leorio... - sussurrou ao telefone - Quer ver seu amiguinho novamente? Me parece que esteve se divertindo bastante com ele mais cedo.
Saber que Chrollo estava o vigiando desde cedo lhe trazia desconforto e preocupação, seu coração se contorcia de dor vendo aquele homem fazendo ameaças para sua mais nova paixão de vida.
- Eu recomendo que fique longe dele, se não quiser ve-lo morto com a cabeça dependurada em um tronco. Se sente um mínimo de pena dele, só deixo bem claro que deverá manter distância absoluta. A aviso foi dado, agora aproveite o resto do dia.
Sorriu desligando o celular devolvendo para o jovem que foi solto das mãos de Uvo. Caminhou até a porta da sala saindo com o resto da tropa que o aguardava lá fora. Pakunoda passou por Kurapika de cabeça baixa tentando esconder sua frustação mas foi impedido pelo olhar do jovem que a encarava de lado.
- O que vai ganhar em troca? Que diferença faz para você se unir à eles por um motivo idiota?
A mulher não respondeu, apenas prosseguiu seu caminho para fora daquela casa com a consciência girando de uma forma estranha para si mesma. Kurapika sentou sobre o sofá da sala com as mãos no rosto trêmulo de medo e arrependimento, não conseguia segurar suas lágrimas. A única pessoa que lhe restava agora para ter companhia já não podia mais estar ao seu lado.
Enquanto o loiro se debatia de tristeza, o moreno caminhava pela casa preocupado e assutado. Sua testa suava fria, estava mexendo demais nas mangas da camisa branca, buscava alguma forma de lidar com este problema tão grande que era derrotar a tropa de bandidos, pensou se a melhor ideia seria ligar para a polícia mas estar correndo o risco de ser vigiado 24 horas.
- E se... eles estiverem me hackeando? O que eu faço? O Kurapika está em perigo...
Estava tão concentrado na busca por estas respostas que quando ouviu se celular tocar mais uma vez quase pulou de tamanho susto.
- O quê?! São eles de novo? O que eu falo para ajudar Kurapika? - estremeceu atendendo a chamada de telefone, porém confuso por ser um número desconfiado - Alô? Quem é?
- Leorio? - uma voz de criança o respondeu do outro lado da linha, o que fez com que o homem a reconhecesse e sorrir aliviado.
- Gon... É você... Sim, sou eu Leorio. O que aconteceu que há um bom tempo não entra em contato comigo?
- Eu e Killua estivemos muito ocupados procurando por pistas para encontrar o meu pai, mas ainda não conseguimos quase nada... Acontece que ficamos com saudades de ve-lo e queremos passar na sua casa em breve. Ah! Que tal amanhã?
- A-amanhã?
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Seus olhos escarlates
FanfictionLeorio é um homem que sonha em se tornar um grande médico, mas para isso ele precisa de uma grana para iniciar sua faculdade. Em seu novo trabalho acaba conhecendo um jovem, Kurapika, um pouco mais novo que ele com quem começa a se relacionar e vive...