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Eram 7 da manhã quando Uvogin apareceu na casa de Kurapika depois de receber as ordens de que deveria matar o jovem por ter ignorado completamente a ameaça de Chrollo. Ao se aproximar da casa com um único empurrão, destruiu a porta e entrou sem avisos.

O garoto acordou assustado com o barulho, levantou da cama para ver o que estava acontecendo e como já previa sérios problemas abriu uma gaveta para pegar uma corrente e usa-la pois era sua melhor arma naquele momento. Caminhou pelo corredor entre a sala e a cozinha com os olhos vermelhos de raiva até encontrar o grandão que o procurava ansioso.

- Olha só quem acabou de acordar para a morte hahahaha! Você não quer tomar sua última refeição antes?

- Vamos para outro lugar - respondeu Kurapika o encarando sério.

- An?

- Aqui os vizinhos escutarão e podem tentar intervir. Não quero mais pessoas inocentes morrendo...

- Hahahaha, tanto faz. Então vamos lutar em um terreno baldio longe daqui, onde vou poder matá-lo e quebrar seus ossos!

Os dois foram para tal lugar, ambos confiantes de suas vitórias. Uvo foi para cima de Kurapika o atingindo com um soco que era capaz de quebrar seu fino braço, mas o jovem era bastante habilidoso no que fazia e saltou sobre o corpo do maior o prendendo nas correntes fortes.

- Seu desgraçado! Acha que com essas correntes é capaz de me derrotar?

- Silêncio! - gritou o garoto furioso - Me responda... Porque mataram minha família? Foram para pegar dos nossos olhos? Eles são tão importantes para vocês? O que fizeram com eles?!

- Hahahaha, mesmo se eu conseguisse lembrar disso eu não responderia.

- Tsc... - Kurapika rangia os dentes.

O jovem fazia uma sequência de socos no corpo do maior que ainda estava preso sobre as correntes, aquilo lhe trazia uma exaustão mas não era o bastante para finalizar sua vingança. Deu uma última chance de vida para o grandão lhe responder corretamente, porém não recebeu o queria e usou a ponta afiada da corrente para lhe perfurar o coração derramando sangue por todas suas mãos, observando o corpo cair ao seu lado duro como rocha.

Sentou sobre o chão cansativo, encostando suas costas em um dos muros que cercavam aquele terreno. Respirando fundo buscando alguma ideia de esconder o cadáver, então vendo uma pá se levantou do chão para cavar um buraco e enterrá-lo ali mesmo.

Leorio estava preocupadíssimo sabendo da notícia, Gon tentava mantê-lo calmo enquanto Killua pensava em alguma estratégia para capturarem o chefe da Trupe. Hisoka saiu da casa, caminhando tranquilamente pelas ruas após dar início ao seu trato com Leorio, não importava se conseguiriam sim ou não cumpri-lo, de toda forma o palhaço maluco conseguiria seu objetivo sozinho.

- Ei! Killua - o menino de cabelos verdes se aproximou do amigo - Já pensou em alguma coisa?

- Hum... Eu não sei... Chamar a polícia vai atrapalhar mais ainda... Deve haver alguma forma de atrai-los para um lugar e colocar o chefe deles numa armadilha.

- Eu tenho uma ideia! - sorriu o homem de óculos, ainda sob o efeito do ódio tentando manter a passividade - Amanhã no trabalho! Nós faremos da melhor forma possível.

- An? - Gon ficou confuso - Como vai ser isso?

- Eu vou tentar explicar... Mas antes preciso confiar que vocês farão um bom trabalho como iscas. Demonstrar fraqueza para o inimigo aumenta nossas chances de vencer.

- Filosofia desbalanceada essa... - reclamou Killua mexendo os ombros.

Kurapika não voltou mais para casa naquele dia, com o pouco dinheiro que lhe restou em um bolso de sua calça comprou uma marmita para comer durante o dia. Caminhou por vários pontos da cidade sem se importar se estava sendo seguido ou não, provavelmente os inimigos estariam com muita raiva dele, mas também viram o grande potencial do garoto.

Ele não tinha para onde ir, queria muito passar mais um tempo com Leorio, porém as coisas ficaram ainda mais perigosas para eles. Tudo o que podia fazer até esperar algum ataque da Trupe seria treinar um pouco mais suas habilidades, passando o resto do dia pensando nos beijos quentes do mais velho e buscando formas de se comunicar sigilosamente com ele.

As horas passavam, Leorio foi ao mercado com Gon e Killua para comprarem algumas coisas e encher sua geladeira novamente. O mais velho passou entre as prateleiras de bolachas e biscoitos para levar algumas para os meninos comerem, quando se deparou com um jovem de capuz preto arrancando um dos pacotes da prateleira o colocando em seu bolso.

- Ei você! - gritou o homem furioso - Isso é roubo, sabia?! Melhor devolver se não eu ligo para a polícia!

O garoto assentiu cabisbaixo devolvendo o pacote e se afastando do moreno. Leorio ficou com pena do jovem, imaginou se ele poderia estar passando fome sem dinheiro para comprar nada, então ele pegou em sua carteira uma nota de 5 Yenes para entregar ao rapaz.

- Ei garoto! Fique com isto... Não sei se você está com fome.

- Tsc... - resmungou o rapaz triste levantando o rosto.

Leorio se assustou ao ver aquele olhos, não estava acreditando no que via, era Kurapika parecendo um ladrãozinho faminto. Seu coração se apertou de preocupação, ele só queria entender o que estava acontecendo com seu pitelzinho.

- Kurapika... Você...

- Shi... - o loiro pediu silêncio - Não quero seu dinheiro, e não podemos nos aproximar muito.

Correu para longe daquele mercado, fugindo da presença do mais velho, chorava pelo caminho sem saber o que fazer já que nenhuma de suas ideias estavam indo como desejava. Parou de correr quando viu um garoto de cabelos verdes o seguindo apressado, franziu a testa confuso observando aquela criança se aproximar.

- Ei! - gritou o menino cansado - Você é o amigo do Leorio?

- Fale mais baixo! Tem ouvidos por toda a cidade!

- Tá, tá... A gente tem uma ideia muito boa para te ajudar.

- Hum? Que tipo de ideia? - perguntou curioso.

O garotinho se aproximou dos ouvidos do maior contando sobre o plano que criaram naquela manhã. Kurapika sorriu animado, embora não tenha certeza de que aquilo funcionaria, ele teria a chance de estar com Leorio novamente sem o atrapalho da Genei Ryodan.

- Diga à Leorio que me perdoe por ter sido tão desumilde com ele, também fala que eu o amo muito.

- Está bem! - sorriu Gon recebendo um carinho em seus cabelos.

O garotinho correu de volta para a mercado avisar seu amigo. Ao chegar, o maior já estava no caixa pagando as compras ao lado de Killua que observava um gatinho no chão.

- Leorio! - gritou Gon animado - Consegui falar com ele.

- Sério? - sorriu o moreno pegando as sacolas - E o que ele respondeu?

- Ele pediu desculpas por ser desumilde e falou que te ama muito!

Killua encarou Leorio de lado, vendo suas bochechas coradas, começou a rir baixo na vontade de tirar uma com a cara do mais velho.

- Então esse é seu "amigo", quando será o casamento hein? Eu vou ser o padrinho.

- Killua! - gritou Leorio irritado dando um peteleco na cabeça dele - Não fale essas coisas onde tem muita gente! E porquê está me zoando? Você é caidinho no Gon!

- An... - o garoto resmungou nervoso de vergonha.

Gon os observava confuso sem entender aquele assunto, saíram juntos do mercado indo em direção ao carro do mais velho. Eles passariam a noite juntos até o dia de amanhã, os meninos estavam adorando ficar na casa do amigão.

Seus olhos escarlatesOnde histórias criam vida. Descubra agora