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O som do despertador fez Leorio levantar assustado da cama, quase caindo dela. Olhou para o relógio fazendo careta, não queria levantar agora, mas precisava, hoje será sua entrevista de emprego em uma das mais promissoras empresas de telemarketing da região. Embora seu maior sonho seja se tornar um médico, o custo seria muito alto para conseguir pagar o curso, então este seria um trabalho provisório para garantir um salário bom até lá.

Correu até o guarda roupa escolhendo um terno azul escuro e uma gravata preta, acompanhando de uma calça da mesma cor justinha. Seu coração estava acelerado, a animação era tanta que não conseguia nem terminar seu café da manhã direito. Pegou a chave do carro e dirigiu até o prédio que ficava quase um quilômetro de distância de sua casa.

Ao chegar na recepção, pediu ajuda para que alguém pudesse o guiar até a sala do gerente, ele nunca havia entrado naquele lugar antes e suava frio na esperança de que fosse aceito para o novo emprego. Uma mulher alta de cabelos ruivos entrou com ele no elevador para leva-lo até o andar mais alto do prédio onde encontrá seu futuro chefe.

- Muito obrigado. - Leorio sorriu caminhando até a porta, tocando na maçaneta trêmulo.

Ao entrar via um senhor barbudo de cabelos brancos rindo ao telefone com algum de seus clientes. Leorio sentiu um alívio passar por seu corpo quando se deparava com aquele homem aparentemente simpático e alegre.

- Bom dia... Eu sou Leorio, pretendo dar o meu melhor aqui na empresa.

- Até mais, nos falamos amanhã. - respondeu desligando o telefone - Por acaso não viu que a porta estava fechada? Deveria ter batido nela antes de entrar! - seu olhar mudou completamente para sério.

- Ah! Me desculpe, é que estou tão animado que...

- Sente-se! E diga logo quais são suas experiências para que eu possa aprova-lo.

Leorio assentiu com a cabeça e sentou na cadeira à frente de sua bancada. Suspirou fundo e sorriu confiante.

- Tenho 28 anos, já fiz computação gráfica, tentei passar em um minicurso de enfermagem e tenho ensino médio completo.

- Uhun, eu li seu currículo. Mas eu quero saber o que de mais interessante você tenha feito. Sabe ao menos mexer com finanças?

- Se eu sei mexer com finanças? Han, é claro que sim! Sou o mestre delas.

O velho encarou o jovem desconfiando de suas palavras, para ele Leorio não tinha cara de quem entendia dessas coisas, era mais um paspalhão daqueles que chutou várias vezes para a rua. Então uma ideia se passou por sua cabeça decidindo fazer algo diferente, para dar uma chance para o rapaz que sorria feito bobo.

- Certo, senhor Leorio. Tenho um trabalho para você começar hoje.

- Uuuuuh mas que pressa! É claro que aceito!

- Ok... Procure pela mesa 13 na sala 4 do décimo andar, pesquise para mim sites de vendas de vazos de flores e anote 25 deles. Depois entrem em contato com todos para conseguir no mínimo 5 patrocinadores, veja suas ofertas e me informe quando tudo estiver acabado.

- É só isso?

- Se você conseguir fazer isto em apenas 4 horas, será classificado para o trabalho.

- Quatro horas?... Não me parece difícil.

Leorio se levantou da cadeira para caminhar até a porta da sala e finalmente sair para iniciar sua primeira missão, mas ele não havia conseguido memorizar tudo o que o velho lhe disse.

- Er... Poderia repetir o que me disse?

- Não!

- O quê? - se assustou com aquela grosseria.

- O seu tempo começa agora, é melhor ficar de olho no relógio. Boa sorte, Leorio.

O rapaz saiu da sala diferente de como havia entrado minutos atrás, agora o medo lhe percorria o corpo e suas pernas tremiam. Como ia conseguir fazer tudo isso em apenas 4 horas? E qual era mesmo a ordem das coisas de como deveria fazer? Seguir para a sala 4 na mesa 25? Ou na mesa 5 para a sala 13?

Sua mente havia ficado em uma confusa bagunça, torceu para estar certo então usou o elevador para descer um andar abaixo, procurou pela sala 4 e entrou sem aviso prévio. Era um camarim produzido para atrizes se arrumarem antes às gravações de propagandas e anúncios, uma mulher morena se vestia no momento de sua entrada, quando percebeu sua presença ficou irritada lhe tacando um salto alto atingindo sua testa em cheio.

- Bate na porta antes de entrar! Seu idiota!

- Ai... Me desculpe! Foi mal!

O homem saiu correndo para pegar o elevador e descer mais um andar para procurar a sala da qual deveria trabalhar, não parava de olhar o relógio com o medo de perder as horas. A sala da qual se encontrava perante era enorme, haviam muitas pessoas carregando pastas e arquivos para todos os lados. Coçou a cabeça percebendo de que haviam poucas mesas nas quais todas estavam sendo ocupadas, não sabia se era mesmo esta sala que o patrão lhe informou. Saiu meio que às pressas e sem querer acabou se esbarrando em um dos funcionários que segurava um copo de café, sujando assim seu belo traje azul.

- Droga! Olha por onde anda!

- Mas... o quê? Foi você quem derrubou meu café!

Leorio saiu daquele local irritado e nervoso, desceu mais dois andares procurando sua sala e nada de encontrá-la até que finalmente no andar 10 percebeu que havia lembrado de que era o local onde deveria estar à muito tempo.

A sala 4 não era muito cheia como as outras, mas haviam mesas vazias e uma delas pertencia ao novo funcionário.

Se aproximando dela todo desastrado, deixando um porta lápis cair no chão e tendo que abaixar para catar um por um. Sentiu alguém o observando e olhou para o lado vendo um garoto loiro de olhos azuis sentado numa mesa próxima, se perguntou do porque estava sendo tão observado assim se apenas esbarrou no negócio sem querer.

Quando se levantou olhou para sua roupa manchada de café e passou a mão pela testa dolorida, que provavelmente deva estar vermelha ou roxa por conta da pancada daquele salto alto. Resmungou baixo e retirou o terno o colocando sobre a escrivaninha de madeira.

- Esqueceu de uma caneta.

Encarou o loiro que apontava para o chão na direção de onde havia uma caneta preta quase abaixo da mesa. Leorio franziu a testa e se abaixou novamente para pega-la, mas preocupou-se ao ouvir o barulho de algo se rasgando. Olhou para trás colocando a mão sobre a bunda e percebeu que havia um buraco mostrando sua cueca amarela. Corou as bochechas se levantando envergonhado, tentando cobrir a região exposta ali.

O loirinho ria da situação tentando esconder o riso debaixo das mãos fechadas. Leorio sentiu-se constrangido e cerrou os punhos tentando manter a calma.

- Ei você! Do que está rindo? Tu não viu nada! Vira para o outro lado!

- Não adianta, eu já vi tudo.

- Grr... Não fique ai parado! Volte logo com o seu trabalho e me deixe fazer o meu!

- Eu não estou o atrapalhando, mas se precisar de ajuda...

Leorio negou com a cabeça, seu orgulho falava mais alto e não deixaria ninguém fazer nada por ele. Sentou se em sua cadeira ligando o computador matendo a consciência do que deveria fazer adiante, precisava buscar por vendedores de vasos de flores e conseguir parceira com eles em até 4 horas e já havia passado meia hora.

- Vendedores de vasos de flores? Mas quem se importa em comprar isto?

- Eu gosto de flores - respondeu o jovem do outro lado, sorrindo como sempre - E muitas pessoas adoram.

- Nhaaa... Que tipo de empresa lucraria com isto? - revirou os olhos.

- Existem muitas, pode ter certeza.

Seus olhos escarlatesOnde histórias criam vida. Descubra agora