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Leorio terminou uma das suas tarefas do dia e aproveitou um intervalo entre elas para tomar café e observar Kurapika trabalhar, estava encantado com a delicadeza e o brilho no olhar de quem trabalhava sem parar com muita dedicação. Se perguntava de quanto tempo de trabalho aquele jovem teria na empresa e quantos anos ele tinha, mas lhe faltava coragem para questiona-lo pessoalmente.

O loiro levantou de sua mesa carregando uma pilha de papéis para entregar no andar de baixo, caminhou pela sala para sair e esqueceu um papel que havia caído no chão. Leorio viu aquilo e se levantou para ajuda-lo, recompensar de tudo aquilo que o jovem já fez por ele nestes primeiros dias de trabalho.

Saiu da sala atrás do garoto e correu até os elevadores para encontrá-lo e devolver, mas o jovem já havia descido então se adiantou em descer no elevador ao lado. Ao chegar no andar de baixo caminhou pelos corredores o procurando e sorriu quando o viu quase entrando numa das salas.

- Ei! Kurapika! Você se esqueceu disto!

O loiro sorriu agradecido recebendo o papel que faltava e entrou na sala para entregar à alguém que precisava deles. Ao sair viu Leorio se afastando para voltar ao elevador e seguiu seus passos para alcança-lo.

- Leorio! Muito obrigado, você me livrou de uma bronca.

- Não me agradeça, já fez muito por mim.

Kurapika sorriu novamente e juntos entraram no elevador para subirem. Leorio estava com suas mãos dentro do bolso da calça, inquieto e suspirando fundo. O menor o observava de lado, vendo toda aquela agitação, queria que neste momento acontecesse igual nos filmes de romance, onde o elevador sempre trava fazendo um cair encima do outro, mas mordeu seus lábios lamentando por saber que não teria uma chance como esta.

A porta se abriu e Leorio foi o primeiro a sair, o homem caminhava até encontrar sua mesa e sentar de volta para retornar ao trabalho. Kurapika também sentou em sua mesa e pegou em uma caneta sobre ela, tremia desejando escrever uma carta fazendo um pedido de encontro, ele não imaginava que em tão pouco tempo começaria a gostar de alguém desta forma.

Uma mulher alta de cabelos loiros se aproximou do jovem conversando sobre alguma coisa em voz baixa, Leorio não pode deixar de observar e ficou curioso em saber sobre o que falavam, pois ambos estavam sérios e nervosos. Tentou ignorar mas quando sentiu os olhares do loiro sobre os seus o seu corpo travou e sua respiração ficou acelerada. Mas que caralhos! Eu não sei o que deu em mim!

5 horas se passaram, Leorio logo voltaria para casa mas estranhamente Kurapika hoje foi o primeiro a ir embora. Ficou preocupado porque nunca viu o rapaz sair com uma cara tão fechada assim, sempre era o mais sorridente de todos da sala. Leorio se levantou da cadeira para ir até a mesa vazia do colega e procurar alguma coisa que lhe desse resposta, mas não havia nada.

Coçou a cabeça e esperou até o momento de ir embora também, para quando finalmente chegar em casa ligar para o amigo perguntando sobre o que houve naquela hora que conversava com a mulher loira. Tremeu tocando em seu celular, estava sem coragem o suficiente para falar com ele por via chamada, mas estava preocupado e queria respostas.

- Alô! Aqui é o Leorio.

- Eu sei que é você, seu número está salvo.

- Ah sim haha, é que eu queria te perguntar porque hoje... Você voltou para casa mais cedo.

- Ah isso, é porque eu... Estava passando mal. Mas está tudo bem agora... Você está preocupado comigo?

- An? - Leorio corou as bochechas com a pergunta do mais novo, mas sim de fato, ele estava preocupado com o garoto embora não queira admitir - Não eu, só estranhei mesmo.

- Entendo... Tenho que desligar agora, nos vemos amanhã.

- Espere Kurapika... - suspirou fundo mantendo a calma dentro de seu corpo - O que acha de... Darmos uma volta na praça esta noite?

Kurapika ficou surpreso com seu convite, ele não podia mostrar seu rosto agora para o mais velho, mas estava fervendo de emoção e anciosidade.

- Sim! É claro! Eu aceito, às 7 horas te encontro na praça principal.

Leorio sorriu desligando o telefone em seguida, como Kurapika era um veterano naquela empresa tinha muitas coisas para perguntar à respeito e precisava manter esta amizade recém nascida para conseguir sair bem no trabalho... Embora esconda o principal motivo de querer sair com o garoto; estava sentindo algo por ele.

Leorio vestia uma camisa vermelha de mangas longas, ele praticamente só usava isso. Era conhecido pelos mais íntimos como o senhor elegância, se sentia com a auto estima lá encima. Chegou na praça às 7 horas como combinado, olhando a movimentação da rua e caminhando entre pessoas estranhas. Olhou para todos os lados procurando por algum cabelo loiro sedoso e viu no horizonte em meio à uma multidão, uma pessoa bem trajada com um smoking preto e cabelos soltos ao vento.

Seus olhos arregalaram ao ver quem era, não podia acreditar que era aquele jovem do seu trabalho, estava lindo demais naquela roupa e ainda usava uma pedrinha brilhosa como brinco em sua orelha esquerda. Sua boca também se abria surpreso com a aproximação do rapaz sorridente, precisava se segurar para não desmaiar de ataque cardíaco.

- Boa noite Leorio, sua boca está babando.

- An?! - se assustou envergonhado por deixar tão nítido sua admiração pelo jovem - B-boa noite Kurapika.

- Então, você queria me ver esta noite... Podemos tomar um sorvete agora.

- Ah sim sim, v-vamos tomar um sorvete.

Kurapika riu notando o desespero do colega em tentar manter uma seriedade no rosto. Os dois caminharam até um sorveteiro na praça e pediram dois de chocolate com baunilha.

- Kurapika, eu queria te perguntar quanto tempo faz que você... - quando ia terminar de falar observou o garoto lambendo o sorvete e estremeceu seu corpo, se sentiu mal por ter pensamentos eróticos naquele momento.

- Hum? O que você ia dizer?

- Ah é que... Quanto tempo faz que você está naquela empresa.

- Apenas sete meses. Faz pouco tempo.

- Pouco tempo? Haha eu considero isso muito, aliás quantos anos você tem?

- 19, e você?

Leorio se assustou ao ouvir a idade dele, o garoto tinha apenas 19 anos e já estava à frente de seu trabalho naquela empresa.

- Tenho 22, eu teria entrado a mais tempo naquela empresa se não fosse pelo meu atraso em procurar um emprego.

- Você me disse que queria ser médico né, porque não tentou entrar na Universidade?

- O curso é muito caro, eu precisava trabalhar primeiro para ganhar dinheiro até lá. Mas e você? Ainda estuda ou já terminou a escola?

- Terminei, mas não quero fazer faculdade, não tenho tempo para isso.

Leorio compreendeu sua escolha e terminou de comer o seu sorvete. Sobre o que mais ele poderia conversar com o jovem? Falar de negócios é uma coisa tão chata e deprimente e Kurapika não tinha cara de quem curtia estes assuntos.

- Você tem esposa? - o loiro perguntou na esperança de ouvir um não.

Seus olhos escarlatesOnde histórias criam vida. Descubra agora