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Naquela manhã, Leorio viu a melhor das suas conquistas acontecer, o velho barbudo finalmente havia o aceitado como seu funcionário. Estava tão feliz que se perguntava à todo momento se aquilo era verdadeiramente real. Kurapika o observava feliz por ter conseguido ajuda-lo um pouco, embora nunca tenha feito tanta confiança em alguém antes como fez com Leorio.

O moreno voltou à sua mesa para realizar o seu primeiro trabalho oficial na empresa, esticou os braços sorrindo e preparando alguns papéis na mesa para anotar novos pedidos de finanças. Kurapika não deixava de o observar de longe, mesmo que suas mesas não estivessem tão distantes assim, ele pensava por si mesmo que seria mais interessante sentar ao lado daquele homem tão peculiar.

Leorio terminou seu expediente guardando suas coisas na maleta xadrez vermelho com preto e não retirou o terno azul de onde estava de forma alguma, ele precisava chegar logo em casa e poder costurar aquele rasgado. Se levantou da cadeira olhando para o relógio e viu Kurapika bebendo café em sua mesa, alguma coisa estava fazendo o homem agir de forma muito estranha, parecia ter fetiche em observar aquele garoto bebendo alguma coisa.

- Hum? Esta tudo bem? - perguntou o menor ao reparar que estava sendo observado.

- Ah... Sim sim, estou bem... Meu trabalho acabou por hoje, já estou indo para casa.

- Que bom, então até mais.

- Até!

Kurapika o viu saindo depressa, ele estava adorando ver o lado desastrado do mais velho, foi como se o destino tivesse lhe trazido uma diversão no meio de tantas pessoas sérias e deprimentes naquela empresa.

Leorio finalmente chegou em casa e retirou sua camisa suja de café para lava-la, trocou a calça por outra mais velha e a deixou no sofá da sala para se lembrar de costura-la mais tarde. Preparou um lanche com ovos e frutas, já que fazia mais de 6 horas que não comia nada e sentou na cadeira da cozinha para comer.

Ainda lhe passava pela cabeça o rosto daquele jovem de cabelos loiros, bebendo água e tocando no bebedouro com suas mãos delicadas. Estava nervoso por perceber que o observava demais e parecia estar gostando dele, negou várias vezes com a cabeça e tentou se esquecer disso assistindo TV à tarde inteira.

Quando o sono o pegava naquele sofá aconchegante, deixou cair o controle de suas mãos e desmaiou ali mesmo, até o barulho irritante do celular tocar e faze-lo acordar frustrado. Olhou para a tela do seu Samsung preto e viu um número desconhecido o chamando.

- Tsc... Quem é uma hora dessas? - clicou para atender a chamada - Alô?

- Leorio?

- An? Sim sou eu, quem é?

- Sou eu o Kurapika.

Leorio se assustou ao ouvir seu nome e se levantou do sofá preocupado, logo ele que havia conseguido o esquecer por um bom tempo para afastar aqueles pensamentos estranhos ao seu respeito. Por que o garoto estava ligando para ele? O que ele queria? Cobrar por ter usado do seu celular?

- Kurapika? Er... está tudo bem? Como conseguiu meu número?

- Estou bem sim. Ah foi fácil, você saia da sua mesa quase toda hora então aproveitei em um dos momentos para procurar seu número.

- O quê? Mas poderia ter me pedido pessoalmente! Não se vasculha a mesa dos outros!

- Haha, me desculpe, mas eu não pude segurar.

O moreno esboçou um olhar sério, mesmo que o loiro não estivesse o vendo poderia perceber facilmente sua irritação.

- Você está bravo?

- Han, mas é claro!

- Entendo... Então eu deveria ligar outra hora.

- Espere! Por que você me ligou?

- Eu não sei, acho que estou ficando louco.

Kurapika desligou o telefone esquentando suas bochechas, estava em frente ao ponto de ônibus, tremia suas mãos se perguntando do porquê disse aquilo. _ Estou ficando louco? Mas o que estou fazendo?_ Bateu a mão na testa e correu para não perder o ônibus que só passava de uma em uma hora, precisava chegar logo em casa e fazer algumas coisas importantes. Leorio não entendeu o que o jovem quis dizer com aquilo, mas de fato concordou em considera-lo louco, o garoto ligou do nada sem nenhuma necessidade.

O sol se pôs e o céu ficou escuro, a noite chegou e a movimentação da cidade aumentou com isto, a população local tinha uma certa preferência em sair de casa mais à noite, porque são nestas horas que as coisas mais interessantes acontecem.

Leorio tomou um banho para poder ir dormir mais cedo, a água escorria de seu corpo musculoso, não era como se fosse super bombado, apenas um magro qualquer que matinha uma boa forma corporal. Olhou no espelho vendo a testa roxa daquela pancada de mais cedo, procurou alguma pomada para passar e melhorar mas não surgia efeito algum. Precisava cobrir aquilo de alguma forma, estava feio demais para ir no trabalho no dia seguinte.

E o dia seguinte chegou, Leorio nada podia fazer por aquela ferida horrorosa, foi ao trabalho mesmo assim e entrou na sala nervoso porque percebeu que algumas pessoas o olhavam de lado vendo aquilo em sua testa. Kurapika sorriu ao ve-lo chegar e sentar em sua cadeira, franziu a testa quando o mais velho resmungava passando a mão sobre a cabeça, então uma ideia lhe veio e se aproximou do mesmo em sua mesa.

- Bom dia senhor Leorio.

- An? Ah, bom dia Kurapika.

- Ainda dói muito?

- Sim sim, aquela maldita mulher me acertou em cheio.

- Mulher? - Kurapika piscou os olhos preocupado por algo.

- Sim, eu não sabia que era um camarim e entrei sem querer.

- Ah... - o loiro se aliviou ao entender - Todos os andares tem 10 salas, então você acabou se confundindo.

Leorio assentiu com a cabeça e ligou o computador em sua frente para começar a trabalhar, não parecia estar de bom humor hoje.

- Eu tenho algo que pode te ajudar com isto - Kurapika disse ao tocar na testa do moreno.

- Tem? O que é?

O loiro se afastou para pegar em sua mesa uma pomada anti inflamatória e passar algumas gotas na ferida do mais velho, espalhou fazendo uma leve massagem e sorriu depois de ter o ajudado.

- Você carrega uma pomada no trabalho? - Leorio franziu a testa confuso - E que pomada é esta?

- Ah bem... Eu tenho alergia de aranhas, carrego por precaução. O meu médico disse que poderia usar ela em casos como este.

- Hum... Eu deveria saber disso, também pretendo ser médico futuramente.

- Sério? Que bom. É uma profissão grandiosa.

- É sim... Muito obrigado por me ajudar novamente - sorriu corado.

- Não se preocupe, sempre que precisar me avise.

Seus olhos escarlatesOnde histórias criam vida. Descubra agora