Um pequeno favor

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Meu vizinho estranho sempre deixou sua TV ligada com o som no máximo por algumas horas do dia, no máximo três horas e depois ele a desligava e só se ouvia o barulho dos gatos miando desesperados por comida. Tudo nele era estranho, ele era estranhamente calmo e feliz, os gatos se juntavam a ele estranhamente, havia um gato que sempre o acompanhava e ficava encarando a todos com superioridade e soberba, esse gato era o mais estranho de todos, acho que no nome do felino era Bisteca. 

- Seu pai precisa dormir! Vai lá e manda ele abaixar essa porcaria de volume! - Gritou a minha mãe para mim, meu pai trabalhava a noite toda, por isso dormia o dia inteiro.

Respondi  minha mãe com um aceno de cabeça e fui pra casa ao lado, o portão estava aberto, o que era estranho pois nunca o vi aberto antes, o senhor que mora nessa casa aparentemente toma cuidado para deixar tudo fechado e discreto.

Apesar do portão estar aberto eu não entrei, isso ainda é falta de educação, gritei pelo meu vizinho e bati palmas na frente do portão, ninguém atendeu, o que quer dizer que ou ele não ouviu por causa do barulho infernal da TV ou ele não havia ninguém em casa. Suspirei fundo e resolvi entrar no portão, cada passo me fazendo me sentir mais culpado, eu não sou de quebrar regras, costumo ser um adolescente comportado que não dá trabalho aos pais e ama jogos de computador, por isso coisas simples como entrar em um portão aberto era meio falta de educação para mim. Finalmente cheguei á porta, com o coração na mão, e se o vizinho me desse uma bronca? E se fosse reclamar para a minha mãe? Eu me sentia ansioso demais, resolvi respirar fundo e limpar a minha mente, do mesmo jeito que imaginar coisas simples me aterrorizavam, meditar sobre soluções simples funcionavam como contra medida desse meu hábito de bundão.

Bati na porta, três batidas tímidas, pensei no quanto bater fraco era estúpido se parar para analisar, o volume da TV abafava o som fácil. Bati na porta com mais força, a porta se abriu devagar, como se tivessem apenas virado a maçaneta e deixado a porta se abrir sozinha, resolvi dar um empurrãozinho na porta e me deparei com o gato preferido do meu vizinho me encarando, acho que o seu nome era Bisteca, um nome ridículo para um gato.

- Seu dono está aí? - Perguntei pro gato mas só estava querendo me descontrair um pouco. O Bisteca continuou me encarando bem no meio do caminho. - Está bem, você se importaria se eu abaixasse o volume da TV?

Bisteca continuou encarando, com seu ar superior felino.

- Gato bonzinho. - Falei ao passar pelo gato.

- Por quê vocês sempre me confundem com um homem? - Falou uma voz doce e manhosa atrás de mim. Me virei bruscamente e havia uma mulher morena, alta e atraente bem onde estava o gato antes.

Fiquei abrindo e fechando a boca por um tempo, era a mulher mais linda que eu já vi na minha vida, nem me perguntei para onde foi parar o gato. Ela estava vestida com um vestido simples, porém justo o suficiente para se notar as curvas de seu corpo, seu cabelo era volumoso mas bem cuidado e havia os olhos dela, olhos verdes felinos. Ela sorriu com o canto da boca ao ver que fiquei abobado com a presença dela.

- Liga não fofo, eu causo esse efeito nos homens, você não tem ideia de como é difícil ser eu. - Falou ela, uma voz sedutora.

- Ah...err.... Me desculpe.... - Eu estava voltando a raciocinar aos poucos, só agora que percebi que fui pego invadindo a casa de alguém. - Eu pensei que a casa estivesse vazia, não queria entrar na casa de alguém assim se não fosse por essa TV....

Antes que eu pudesse dizer mais qualquer coisa ela botou seu dedo indicador nos meus lábios, me silenciando.

- Primeiro, essa casa nunca está sem alguém.  - Falou ela, sua expressão indicava que ela estava se divertindo comigo. - Segundo, você chegou em boa hora.

Contos de medo e horrorOnde histórias criam vida. Descubra agora