Vozes

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Guilherme mal acordou em sua cama quando ouviu o grito de dor da sua mãe. Não perdeu tempo, saiu de cueca do quarto para ver o que estava acontecendo.

- Mas o que é isso?-  Era a voz de assustada e brava de sua mãe.

Guilherme olhou em volta e descobriu que estava tudo em ordem, sua mãe não tinha ferimento nenhum, nem fora atacada ou algo do tipo, ela estava fazendo o café da manhã.

- Guilherme Jesuíno! Volte já para o seu quarto e coloque suas roupas, aproveita que acordou vem logo que o café já está quase pronto. - Falou a mãe de Guilherme com a voz autoritária de sempre.

- Mãe... - Guilherme tentou ser cauteloso com as palavras, não queria causar outro motivo para levar bronca.- Eu pensei ter ouvido você gritar agorinha.

Sua mãe olhou desconfiado para ele, depois deu de ombros, ficou mole ao descobrir que o filho só estava preocupado com ela.

- Eu não gritei filho. - Falou ela com voz calma. - Eu estou bem.

Guilherme não entendeu nada mas voltou para o quarto mesmo assim, não queria ter que passar outra vergonha. Ao abrir a porta de seu quarto, Guilherme jurou ter ouvido  sua mãe utilizado a palavra idiota, mas achou que talvez fosse coisa da cabeça dele e resolveu ignorar.

Guilherme tomou café com a sua mãe, foi a pé para a escola e ficou tendo as mesmas aulas chatas, especialmente a aula de história, que para Guilherme era uma desculpa para dormir,  coisa que realmente estava fazendo.

ACORDA SEU IMBECIL! 

 Guilherme acorda com tudo na aula, assustado, percebe que todos os alunos e o professor de história estavam observando ele. Esperou um tempo para ver se o cara que gritou com ele se manifestava de novo. Mas ninguém falou nada, todos apenas o ficaram encarando.

- Você está bem Guilherme? - Pergunta o professor de história.

Guilherme nada responde, apenas pega as suas coisas e sai da sala apressado, não aguentava mais aqueles olhares sobre ele, enquanto caminhava sobre o corredor havia um grupo de meninas indo ao banheiro juntas, quando Guilherme passou por elas a ponto de ficarem de costas um para o outro, ouviu a frase.

Aquele menino é estranho né?

Guilherme olha para trás assustado, as meninas continuaram a andar como se não tivessem feito nenhum comentário sobre ele. Guilherme começa a se perguntar se não estava louco.

Guilherme sentou em um banco no pátio para organizar melhor as suas ideias, dessas coisas que ele estava ouvindo pareciam reais demais para que ninguém tenha dito nada, mas ao mesmo tempo, parecia que todos conspiravam contra ele.

Muleque imbecil!

Eu odeio ele!

Guilherme olhou em volta assustado, havia apenas um grupo de professores que conversavam tranquilamente enquanto tiravam sua hora de descanso.

Guilherme não conseguiu parar de encarar os professores, precisava realmente saber se eram eles que estavam falando mal dele. Encarou especialmente uma professora que tinha quase certeza que não gostava dele, ficou encarando com cara de assustado até que os olhares dela cruzaram com o dele, Guilherme abaixou a cabeça rapidamente e fechou os olhos, tinha quase certeza de que estava ficando louco.

Mas é um covarde mesmo!

Guilherme abriu os olhos com tudo, não aguentava mais, sentiu o suor escorrer em seu rosto e suas bochechas queimarem, a única coisa que queria no momento era sair correndo dali. E realmente tentou sair correndo dali, porém logo quando levantou rapidamente acabou esbarrando em Caio, um cara grande e gordo que vivia pegando no pé de Guilherme.

Contos de medo e horrorOnde histórias criam vida. Descubra agora