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- Ei! Eu tenho direito à uma lição, não tenho? - Com o rosto encostado na grade da prisão temporária na delegacia, Bucky chama atenção de algum guarda.

Sam está sentado na cela ao lado de Bucky, encostado na parede. São mais ou menos duas horas que os dois estão lá em completo silêncio. Até que Bucky se levanta e começa a gritar..

- EU QUERO FAZER UMA LIGAÇÃO!

- Não encosta o rosto nessa grade, Bucky você não sabe quem pegou aí. - Sam briga com o outro.

Bucky não diz nada e grita mais uma vez.

- ESSE SISTEMA PRISIONAL É UMA DROGA!

- Pra quem você vai ligar? - Sam pergunta diretamente ainda irritado.

- isso não importa pra você.

- Quer parar de gritar? - Um guarda finalmente  aparece.

- Eu quero ligar pra uma pessoa. - Bucky responde.

- Isso eu já ouvi. - O guarda então abre a cela de Bucky e o direciona até o telefone. Sam acompanha com os olhos até Bucky desaparecer.

Alguns minutos se passam e Bucky retorna sem dizer nada. Apenas se senta encostado na parede, assim como Sam.

- Não vai me dizer pra quem ligou?

- Com certeza não foi pra marcar uma hora pra você no sanatório.

- Você ficou tão ofendido assim ?

- Não quero falar sobre isso.

- Claro, novidade. Como sempre você não quer falar sobre nada.

Silêncio.

- Bucky. Por que você me bateu?

- Eu não sei.

- Então você me bateu de graça? Por absolutamente nada?

- Parece que sim.

- Há quanto tempo você queria fazer aquilo?

- Eu nunca quis te bater.

- Não estou perguntando sobre isso. - Sam fala fazendo Bucky pensar.

- Você pode conversar comigo, cara... - O moreno tenta deixar Bucky o mais confortável possível para o assunto, mas isso será difícil.

- Só que eu não quero. - Ele é curto e grosso.

- Então eu não mereço uma explicação sequer? - Sam perde a paciência.

- O que você quer que eu diga?

- Não sei. Que tal alguma coisa real?

- Você quer ouvir? Okay, Samuel. Você é a única coisa que eu conheço. O único que fica ao meu lado o tempo inteiro, eu não sei o que é ficar confortável com mais ninguém. E quando eu olho pra você não sei pensar em outra coisa. Já estava insuportável conviver com isso. Mas não me diga nada, eu não preciso nem que você diga que me ama de volta. Eu posso viver com isso.

Bucky termina seu discurso e Sam não sabe realmente o que fazer. Os dois estão de pé se encarando.

- Bucky? Sam?

Wanda aparece na área da cela.

- Foi pra ela que você ligou? - Sam pergunta sem entender a atitude do amigo. Ele odeia Wanda.

- Ela é advogada, não é? - Bucky responde sério.

- Vocês foram liberados. Por que vocês estavam brigando no meio da rua?

Wnada pergunta mas não consegue resposta de nenhum dos dois. O guarda já está abrindo as celas, Bucky sai primiero deixando os dois para trás.

- Sam? Tá tudo bem? - Wanda pergunta ainda na delegacia.

- Eu fiz besteira. Me meti onde não era chamado, ele não podia ter reagido de outra maneira. Não sei porque fiquei surpreso. Acho que nunca mais será como antes...

****

- Não consegue dormir ?

Sam aparece na cozinha e vê Bucky de cabeça baixa no balcão de mármore. São duas da madrugada.

- Eu queria ter morrido. - Bucky responde sem levantar sua cabeça.

- Uma pena eu ter aparecido não, é?

- Não quero parecer ingrato, Sammy.

- Tudo bem. Você passou por muita coisa, cara. - Sam fica ao lado de Bucky e passa sua mão em sua costa, sobe até sua cabeça e pega em seus cabelos.

- Eu não queria ser assim.

- Eu gosto de quem você é. Forte.

****

- Sam foi buscar o carro que ficou na avenida. - A ruiva se aproxima de Bucky que está parado na calçada da delegacia.

- E o meu está na casa dele.

- Na casa de vocês.

- Eu não posso voltar.

- Você quer me contar o que aconteceu?

Ele não responde.

- Vem comigo então. Pra minha casa, já que não quer voltar.

Bucky a olha não entendendo.

- Por que você quer me ajudar? Por que todo mundo sempre me ajuda? Eu fui um cretino com você.

-  Eu já entendi como você funciona, Bucky. Você faz de tudo pra afastar todo mundo só pra não decepciona-la alguma hora, porque é isso que você acha que vai acontecer. Então pra não se sentir culpado, você simplesmente assusta todos a sua volta... Todo mundo menos o Sam. Mas parece que a hora de todo mundo chega.

- Você não sabe de nada. - Bucky desvia o olhar e age com indiferença. - Mas sim, eu posso ir pra sua casa.

Wanda sorri gentilmente e os dois se direcionam ao carro da ruiva.

***

- Torres, eu não sei porque ele me beijou e logo depois me bateu! Não tem explicação, você sabe como o Bucky é, nada fácil de entender.

Sam está na casa de seu amigo Torres, contando sobre o que aconteceu e se é complicado para Sam entender, imagine Torres.

- Ele beijou você?

- Eu digo que passei o dia na cadeia e é nisso que você presta atenção?

- Ele beijou você na cadeia também?

- Não, Torres! Lá a gente só discutiu, ele falou umas coisas e a Wanda apareceu.

- Wanda é sua advogada no caso do Barco?

- Isso.

- Ela tentou beijar você também?

- Torres, vai se ferrar. - Sam perde a paciência.

- Okay, okay, tudo bem, desculpa. O que o Bucky te disse na delegacia?

- Acho que ele tava tentando dizer que gostava de mim, do jeito dele. Perguntei há quando tempo ele pensava em fazer isso, mas ele não me respondeu.

- E você correspondeu?

- Ele não me deixou. Disse que não precisava ouvir nada de mim.

- O beijo...

- Ah... Sim. Mas, eu nem pensei direito na hora, Torres. Só deixei.

- E aí ele te bateu?

- Foi.

- Que loucura. Nunca pensei que o Bucky gostava mesmo de você. Quer dizer, ele é possessivo, ciumento, odeia todo o seu ciclo de amigos, mas sério pensei que era porque ele não tinha mais ninguém.

- Sim... Ele não tem mais ninguém. Só eu. - Sam suspira.

- Cara, você tá ferrado.

- Não sei o que sinto por ele, Torres. Eu tô mais do que ferrado.

Say it all - sambuckyOnde histórias criam vida. Descubra agora