catorze

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O som do violino preenche o quarto por completo

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O som do violino preenche o quarto por completo. "Nocturnes, Op. 9: No. 2", de Chopin, me envolve de uma forma avassaladora, correndo pelas minhas veias como se fosse moléculas sanguíneas necessárias para me manterem viva; a música faz parte de mim. De olhos fechados, conduzo o arco sobre as cordas, tão suavemente como uma respiração espontânea, criando uma melodia clássica e emocionante.  

Tudo desaparece ao meu redor. Não existe quarto, não existe planeta Terra, e eu me sinto apenas flutuando diante do vasto universo, tendo as estrelas como espectadores. Meu peito se enche de emoção, um sentimento tão grandioso que eu o sinto transbordar como uma represa que acabara de se romper. 

Assim é a música para mim, como se fosse um sentimento. Eu comecei a tocar ainda muito jovem, com apenas oito anos de idade. Eu testei o violão, guitarra, bateria, piano e até mesmo flauta, mas nenhum desses instrumentos musicais me causou tamanha emoção quanto o som de um violino. Senti uma conexão imediata apenas por tocar os dedos na madeira moldada suavemente que compõe toda a base do instrumento até o arco. 

Eu, sem sombra de dúvidas, nasci para fazer isso. 

— Eu amo essa música. 

Abro os olhos lentamente, como se estivesse acordando de um coma duradouro e demorasse um instante para reconhecer tudo ao meu redor, e então percebo a figura da minha mãe encostada no batente da porta. Por quanto tempo ela esteve ali? 

— Eu também — abro o mais tímido dos sorrisos. Tocar violino é algo muito pessoal para mim, até mesmo para mostrar à minha família. 

Mamãe adentra o quarto devagar. 

— Eu raramente ouço você tocar. 

Eu mordisco o lábio inferior. 

— Eu pratico todas as noites — confesso. 

— Gostaria que tocasse um pouco para nós depois do jantar qualquer dia desses — senta-se na ponta da cama. 

— Claro. 

Ela sorri. 

— Trouxe algo para você. 

Observo, com expectativa, enquanto ela vasculha o bolso do cardigã em busca de alguma coisa. Quando sua mão surge novamente, um adesivo aparece por entre os seus dedos, exatamente como eu imaginei. 

— Mais um para a sua coleção. 

Abro um sorriso.  

— Qual é essa? — pergunto, deixando o violino de lado. 

— Éris. É um dos planetas anões. Ele está situado nos confins do sistema solar, muito distante do sol. Uns quinhentos e cinquenta e oito anos daqui. 

Pego o adesivo de suas mãos e percebo o seu brilho discreto diante da baixa luminosidade do quarto. 

— Qual é a sua localização? 

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