vinte e três

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Eu nunca saí de casa escondido dos meus pais

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Eu nunca saí de casa escondido dos meus pais. A sensação de sequer pensar em fazer isso é estranha demais. Contudo, uma onda de adrenalina me invade, misturando-se com a ansiedade e nervosismo. 

Muitas vezes me pego pensando em voltar atrás da minha decisão. Não porque não quero ter esse momento com o Tom, longe disso, mas pelo simples fato de que o que estou prestes a fazer me apavora. Eu ainda tenho feridas abertas que são maiores do que eu pensava, e tenho medo de mostrar esse lado sombrio pra ele e ele acabar se assustando. Eu mesma estou assustada com tudo isso. 

Mas eu tenho que dar o primeiro passo em algum momento. Não posso viver a minha vida reprimida dentro desse quarto porque tenho medo do passado e das minhas cicatrizes. Se existe uma pessoa para atravessar essa barreira comigo, essa pessoa é o Tom e eu não tenho dúvidas. 

Espero até ter certeza que a casa está silenciosa o suficiente para indicar que todos estão na cama. Diante da minha confirmação, coloco a mochila sobre as costas e escalo a escada ao lado da varanda tentando ser o máximo cuidadosa possível. A rua está silenciosa e fria, e vou me esgueirando pela escuridão enquanto vou me encontrar com Tom no local marcado, a uma quadra de distância daqui. 

Eu o avisto ao longe. Está usando um casaco com capuz enquanto está apoiado no carro, mas sua silhueta é bastante familiar pra mim. Então eu sei que se eu decidir continuar não há mais volta. E eu continuo. Meus pés simplesmente flutuam em direção à ele. 

Tom parece distraído, olhando para alguns pontos da rua, mas tudo ao meu redor parece desaparecer no exato momento em que ele olha pra mim e nossos olhares se cruzam. E se ainda restavam dúvidas, todas elas desaparecem quando um sorriso se abre em seu rosto. 

— Oi — ele sussurra quando paro na frente dele. 

— Oi — respondo no mesmo tom, me sentindo extremamente tímida. — Demorei muito? 

— Você chegou bem na hora — garante. — Está pronta? 

Pronta para ir com ele? Sim. Pronta para o que está por vir? Não mesmo. 

— Estou — digo. 

Tom se afasta um pouco do carro e abre a porta. 

— Vem, entra. 

Apenas obedeço; se eu ficar em pé por mais um instante, sinto que minhas pernas vão acabar fraquejando. O nervosismo me atinge com força novamente enquanto ele dá a volta no carro e se acomoda ao meu lado. Fico esperando, mas Tom não liga o carro; ele vira o rosto pra mim e fica me encarando. 

— Que foi? — pergunto baixinho, tentando esboçar um sorriso, mas falho miseravelmente. 

— Precisamos conversar — diz ele. — Me dê aqui a sua mão. 

Olho para a mão dele estendida e coloco a minha sobre a dele. Tom entrelaça nossos dedos, apoiando nossas mãos unidas em cima da sua coxa. 

— Antes de irmos — prossegue —, eu preciso saber se você tem mesmo certeza disso, Bree. Isso é um passo muito importante para você, e quero que se sinta totalmente à vontade com essa situação. 

Se você fosse minha • COMPLETO Onde histórias criam vida. Descubra agora