trinta

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O dia seguinte passou como um borrão

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O dia seguinte passou como um borrão. Minha mãe veio me acordar bem cedinho — minutos depois de Tom ter desaparecido pela varanda — e anunciou que tinha arranjado uma advogada para defender a minha causa. Susannah Blake já estava me esperando no andar de baixo para conversarmos. 

Eu achei que a situação não poderia ser ainda mais constrangedora até ter que contar toda a história novamente para a mulher desconhecida, na presença dos meus pais. Sequer consegui tomar café da manhã — o enjoo permaneceu instalado no meu estômago pelas horas que se seguiram. Ainda assim, reuni forças para acompanhá-los — a advogada e a minha família — até a delegacia. 

Mais perguntas foram feitas. A sensação que prevalecia era que eu tinha sido jogada em um aquário cheio de tubarões que estavam prestes a me devorar viva. Além das perguntas humilhantes — precisei refazer todos os meus passos daquela noite horrível —, tive que lidar com a pressão psicológica, pois o acusado permanece inocente até que se prove ao contrário. Precisei segurar as lágrimas por bastante tempo, e quando não aguentei mais, me tranquei em uma das cabines do banheiro e chorei por um tempo que se pareceu horas. 

É a minha palavra contra a de Ryder agora. 

— A presença do Sr. Smith será solicitada ainda hoje — informa Susannah, a advogada. — O boletim de ocorrência está aberto, e agora é só esperar os próximos passos das autoridades. Eu exigi uma medida protetiva que está em análise, mas creio que será concedida a qualquer momento. 

Permaneço quieta, arrasada demais pra falar alguma coisa. 

— Esse desgraçado precisa ser preso! — meu pai rosna, e eu consigo sentir a raiva dele em vibrações, e isso só me deixa ainda pior; eu não queria deixá-lo dessa forma. 

— Eu entendo a sua frustração — Susannah continua em um tom suave. — E por mais que essa situação seja difícil, todos precisamos manter a calma agora. Vai ser um processo difícil, mas estou confiante que a justiça será feita. 

— Podemos ir embora? — pergunto baixinho. 

Sinto os braços da minha mãe ao meu redor, me consolando. 

— Não quero estar aqui quando ele chegar — acrescento, sentindo uma bola ficar entalada no meio da minha garganta. 

Susannah faz que sim com a cabeça. 

— Você já deu o seu depoimento, Briana — diz ela. — Acho que você tem bastante coisa para digerir sobre o dia de hoje, e quero que você tente dormir um pouco, tente descansar, e eu entrarei em contato quando receber mais informações sobre o caso. 

Olho para ela. 

— Você acha que ele vai ser preso? 

Ela reprime os lábios em uma linha fina. 

— Eu vou lutar até o fim pela sua causa, Briana. Eu não entro em uma briga pra perder.  

Sua promessa acende uma faísca de esperança em mim. Eu sei que provar que tudo aconteceu vai ser muito difícil depois de tanto tempo, ainda mais com a ausência do exame de corpo de delito, mas eu não vou desistir agora. 

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