trinta e dois

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Meu corpo se joga por entre as portas duplas do hospital como se tivesse vida própria

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Meu corpo se joga por entre as portas duplas do hospital como se tivesse vida própria. Acho que tem. Desde que recebi a notícia de que Tom está no hospital, sinto-me agindo no automático. O suor que insiste em escorrer pelo meu rosto é completamente frio, e meu coração, meu pobre coração, está batendo em um ritmo alucinante que chega a ser preocupante. 

Paro na recepção e dou um giro de trezentos e sessenta graus, tentando encontrar um rosto familiar. Estou tão nervosa, com tanto medo, que não sei o que fazer. Os doces e biscoitos que comi horas antes começam a pesar no meu estômago, quase como se eu fosse vomitar a qualquer momento. 

— Bree, fica calma — escuto a voz do meu pai vir de algum lugar, mas não sei exatamente de onde. 

Então, por uma força divina, eu consigo forçar as minhas pernas a se movimentarem, e elas me levam até o balcão da recepção. 

— Posso ajudar, meu amor? — pergunta a mulher do outro lado, com uma voz suave e o que deveria ser tranquilizante. Mas estou muito eufórica para me sentir tranquila. 

— Eu estou procurando… eu… er… 

Sinto uma mão envolver o meu pulso e olho por cima do ombro, com a visão embaçada pelas lágrimas, e vejo o meu pai me olhando com uma expressão solidária. Basicamente ela diz "tudo vai ficar bem". 

— Queremos saber notícias sobre Thomas Riddle — diz o meu pai para a mulher, tomando as rédeas da situação. — Ele deu entrada neste hospital há pouco tempo. 

A recepcionista busca pelo nome no computador. 

— Ah, sim. Vocês são parente do paciente? — ergue o olhar, inquisitiva. 

— A minha filha é namorada do rapaz. Por favor. Estamos bastante preocupados, só queremos saber o que está acontecendo. 

— Certo. Entendo. Bom, o Sr. Riddle está passando por uma cirurgia no momento. — Cirurgia?! Essa palavra fica zumbindo na minha cabeça. — Vocês podem esperar por mais notícias na sala de espera. É só seguir por esse corredor. 

Saio correndo. Simples assim. Não me importo se o salto alto que estou usando pode me derrubar a qualquer momento e causar um acidente, eu só preciso chegar até aquela maldita sala e saber como ele está; entender o que aconteceu. Christine, madrasta do Tom, não foi muito detalhista durante o telefonema. 

Quando chego na sala de espera — só Deus sabe como eu consegui — vejo o Sr. e a Sra. Riddle sentados um ao lado do outro. O pai de Tom parece arrasado, enquanto sua esposa tenta consolá-lo de alguma forma. A cena que se forma bem diante dos meus olhos faz um peso enorme se instalar no meu peito. Angelina, a filha mais velha do casal, permanece quieta em uma cadeira de distância dos pais.

— O que aconteceu? — as palavras saem da minha boca sem freio algum, denunciando o meu desespero e chamando a atenção de todos. 

— Bree… — Christine se levanta, e parece profundamente triste, e isso só serve para me deixar ainda mais nervosa. 

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