vinte e nove

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Minhas mãos estão suando

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Minhas mãos estão suando. Muito. Tipo, muito mesmo. Um enjoo quase insuportável se instala no meu estômago, e sinto que vou vomitar a qualquer momento. Eu também me sinto sem nenhum apetite, então não vejo sentido de ter me servido com o jantar preparado pelo meu pai, apesar de estar sendo uma boa distração agora — fico jogando as ervilhas para lá e pra cá com o garfo. 

Vamos lá, Bree, você consegue. É só… colocar pra fora? 

— Tá tudo bem? 

Ergo a cabeça e vejo a minha mãe me encarando. É claro que ela notaria muito facilmente que há alguma coisa de errado comigo. Olho para toda a mesa e percebo que meu pai e minha irmã também estão olhando pra mim agora, o que só piora o meu nervosismo. 

Meus olhos se enchem de lágrimas e uma aflição toma conta do meu peito. O rosto da minha mãe se enche de preocupação no momento em que ela percebe que estou prestes a desabar. 

— Bree? — Ela insiste com um tom de voz cuidadoso. 

— Não — digo com a voz esganiçada. — Não tá tudo bem. 

— O que aconteceu? — meu pai pergunta, igualmente preocupado. 

— Eu… Eu… — Minha garganta começa a se fechar. — Preciso contar uma coisa. 

Meus pais trocam um olhar. Viro a cabeça quando sinto um toque no meu braço, e encontro a minha irmã me olhando com uma expressão apreensiva, mas solidária. Então eu percebo que ela sabe o que estou tentando falar, e fico completamente agradecida com o seu encorajamento, apesar de ela não ter dito nada. 

— Então fala, meu amor — mamãe usa aquele tom doce que indica que ela vai escutar o que tenho a dizer com toda a atenção do mundo. 

Eu planejei começar com todo um contexto para chegar no x da questão, mas eu não aguento mais; não aguento esperar. Ou eu coloco tudo pra fora agora, sem rodeios, ou esse segredo vai pro túmulo comigo. 

— Eu fui estuprada — solto de uma vez, com minha voz falhando em alguns pontos. 

Meu pai derruba o garfo sobre o prato e mamãe recua sobre a cadeira como se tivesse levado um tapa. Serena apenas olha para o seu prato e fica cutucando a comida. 

Um silêncio devastador preenche o cômodo, e de repente me sinto sufocada, com dificuldade pra respirar. Fica difícil segurar as lágrimas por muito tempo, então apenas cubro o rosto com as mãos e começo a chorar. Estou tão envergonhada que chega a ser humilhante, mas essa é a minha família e eu sei que, apesar de tudo o que estou sentindo agora, eles vão achar uma maneira de me ajudar. Eu só… Não quero me sentir mais perdida e desamparada, com medo de tudo. 

Sinto um par de braços magrelos me envolverem, e logo eu percebo que Serena acaba de me abraçar. Um segundo depois, estou no meio de um abração coletivo com todos os membros da minha família, sentindo-me a carne no meio do hambúrguer. 

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