CAPÍTULO 34 - ANA

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- Naturalidade, Aninha! – Nina resmunga, enquanto segura sua câmera profissional contra seu rosto, tirando fotos espontâneas minhas, enquanto caminhamos pelo parque arborizado perto de sua casa.

- Difícil ser natural quando te obrigam a ser natural! – Eu resmungo de volta, mas tento manter minha expressão leve e relaxada.

- Repete. – Ela pede, afastando a câmera de seu rosto bonito. – Vocês dormiram juntos?! – Ela pergunta chocada. Eu estava contando como a última semana de viagem com Danilo havia sido e ela estava me pedindo para repetir cada frase, como se a ideia fosse quase inconcebível.

- Sim, mas só na última noite! – Eu esclareço. E ela abre um sorriso misterioso, voltando a me fotografar.

- E como isso fez você se sentir? – Ela pergunta, conversando comigo através de sua câmera. Eu respiro fundo, tentando encontrar as palavras certas para explicar como aquela semana havia me afetado, mas era impossível. Era grandioso demais. Complexo demais.

- Me fez relembrar muitas coisas. – Eu digo, caminhando, olhando para as folhas acima de nossa cabeça, tentando encontrar um pouco de sentido a todas as emoções. Havíamos voltado a dois dias e eu ainda não havia encontrado Danilo. Tudo parecia bizarramente diferente agora.

- Que coisas? – Ela pergunta, curiosa. E para essa pergunta eu não preciso pensar nada para responder. Respiro fundo, tomando coragem para falar as próximas palavras. Os cliques de Nina soando cada vez mais furiosos.

- Do porquê amá-lo é tão fácil. – Eu digo, num sussurro e ouço Nina fungar. Eu paro de andar, a encarando confusa e ela afasta a câmera de seu rosto, revelando seus olhos cor de avelã, cheios de água.

- Me deixa. – Ela resmunga, secando os olhos. – São os hormônios da gravidez e isso tudo é tão romântico! – Ela exclama, me fazendo rir.

- Não é romântico, flor. – Eu digo, voltando a caminhar. – É perigoso.

- Olha isso. – Ela pede, mostrando a telinha de sua câmera. Uma imagem do meu rosto olhando para o céu me encara de volta. Eu pareço plena, serena. Pareço completamente apaixonada. Esse é o retrato perfeito de alguém pensando em seu amado.

- Essa é você, Aninha. – Nina sussurra. – Você ainda o ama.

- Amá-lo é mortal, Marina. – Eu sussurro de volta, minha voz trêmula, o medo escorrendo por cada palavra porque é assim que me sinto. Apavorada com a quão disposta a me entregar de novo a esse amor eu estou. O quão fácil foi voltar para os braços dele. Amá-lo é fácil como respirar.

- O amor é o veneno ou a cura, Aninha. Só depende de nós.

- Ele me traiu, Nina. – Eu digo, mas não soo raivosa. Estou apenas declarando um fato. Porque Danilo havia me traído. Com três mulheres. Na nossa cama. E isso havia me destruído completamente. A imagem ainda fazia meu estômago revirar. Era quase inacreditável que aquele Danilo e o Danilo que eu conhecia fossem a mesma pessoa. Era impossível. Só que não era. Não era nada impossível porque havia acontecido. Bem na frente dos meus olhos.

Nina respira fundo ao meu lado e desliga sua câmera, a guardando em sua case gigante pendurada em seu ombro. Nada me deixava mais feliz do que saber que Nina havia largado a agência e havia finalmente começado a fazer ensaios livres. Era o trabalho dos seus sonhos e vê-la realizada era incrível.

- Sabe, eu não deveria te contar isso, mas acho que você merece saber. – Ela diz e eu me arrepio dos pés a cabeça, com medo do que ela dirá em seguida.

QUEBRADOS - Irmãos Fiori: Livro II - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora