CAPÍTULO 9 - DANILO

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Mantendo segredos guardados,

Cada movimento que fazemos

Parece que ninguém quer dar o braço a torcer.

Pretending – Glee Cast


Avisto Ana sentada na mesa do restaurante em que vamos jantar assim que passo pelas portas de madeira da entrada. Por mais que eu tente, não consigo impedir meu coração de bater enlouquecidamente dentro do meu peito. Ela estava linda, como sempre, os cabelos mais curtos do que ela normalmente usava, o rosto lindo com um sorriso que agora era raro de se ver. 

Nosso ultimo encontro não havia sido dos melhores. Invadi seu espaço e é claro que ela me chutou como se eu fosse uma pedra irritante em seu caminho. O que eu provavelmente era. Mas não conseguia evitar de me aproximar às vezes. Sentir seu cheiro, ouvir sua voz, observar suas mãos firmes fazendo qualquer coisa. Eu só precisava de um pouco dela. Um pouco de qualquer coisa.

Nina está sentada ao seu lado, rindo com Alex e Salvatore de algo que colocou o sorriso no rosto de Ana também. Eu sabia que Nina estava tentando reaproximar todos nós de novo. Éramos próximos, mas com a minha situação e de Ana, nem sempre estávamos todos juntos. Ana conseguia desviar de qualquer encontro não-essencial e eu também.

Apesar de evitar pensar na noite da traição, eu sabia que me ver a machucava. E essa era a última coisa que eu queria. Aquela mulher ainda era o meu mundo, e aceitar que eu estava fora de sua vida era ambos um dever de resignação e uma dor insuportável que eu teria que conviver pelo resto da minha vida. Eu já havia errado demais pelo caminho.

Caminho até a mesa, e, como sempre acontece, os olhos de Ana acham os meus no meio do ambiente lotado. Seus olhos azuis escuros são perfeitos. Mas a cada passo que me aproximo, vejo o sorriso morrendo em seus lábios. Quando Nina percebe minha presença, Ana quebra nosso contato visual.

- Que demora, Dan! – Nina diz – Já íamos pedir sem você. – reclama, mas sorri pra mim com os olhos caramelo quentes, que me fazem sorrir também. Era impossível se sentir desconfortável perto dela. Dou um beijo em seus cabelos, e bato das costas de Alex, aperto a mão de Salvatore e me sento no único lugar disponível: a cadeira de frente a Ana.

- Boa noite. – Eu digo, tentando ser educado. Ana me olha e me dá apenas um aceno de cabeça, voltando sua atenção para Salvatore, que volta a contar uma história sobre uma luta em sua academia com um cara que achou que ele estivesse saindo com sua mulher. O garçom chega e anota nossos pedidos, voltando apenas com nossas bebidas e aproveito para falar com Nina e Alex.

- Onde estão as princesas? – Pergunto, tomando um gole da minha cerveja.

- Com sua mãe e seu pai. – Nina diz, franzindo o nariz bonitinho.

- Por que essa careta? – Eu pergunto, rindo e pela minha visão periférica vejo que Ana desviou o olhar de Salvatore para mim assim que me ouviu rir. Engulo a seco e ignoro seus olhos de gavião em mim.

- O pai vai transformar aquelas meninas em pequenos monstrinhos mimados e manipuladores. – Alex diz, com humor e sorrio. Ele parece um outro homem agora que toda a dor do luto por Suzana não parece mais engoli-lo vivo.

- Eu disse a mesma coisa, mas ele disse que esse é o dever dos avós. – conto, com um sorriso. E Nina bufa.

- A cada vez que elas passam um final de semana com eles, voltam com um brinquedo maior que as duas juntas. Nós não temos mais espaço! – Nina diz, erguendo as mãos como boa italiana que é.

QUEBRADOS - Irmãos Fiori: Livro II - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora