Ela queria me matar.
Eu tinha certeza que sim. Dormir no sofá havia me destruído, mas assim que levantei e observei seu corpo no pequeno biquini rodeando a piscina e submergindo num mergulho perfeito, sei que o resto do dia será uma tortura muito pior. Ana era a mulher mais linda que eu já havia visto. Perfeita da cabeça aos pés. E pelo desconforto dentro dos meus shorts, sei que meu corpo ainda a quer na mesma intensidade de antes. Não. Provavelmente muito mais.
Ver o medo em seus olhos no dia anterior havia sido demais para mim. Sei que estarmos aqui era o voto de confiança pelo qual eu havia implorado aos céus durante muito tempo e eu queria que esse pudesse ser um recomeço para nós dois. Queria que ela pudesse se sentir confortável ao meu redor novamente.
Deixo que ela nade tranquila e sozinha e vou até a cozinha para preparar um café rápido. A casa estava mesmo bem equipada para nos receber então não tenho dificuldade em fazer os ovos com torradas e suco de laranja para nós dois. Equilibro tudo numa bandeja e caminho para o jardim, e vejo Ana esparramada na grama, absorvendo o sol que esquenta sua pele pálida. Penso em chamá-la para se sentar a mesa, mas a grama parece tão renovadora que vou até ela e deposito a comida entre nós dois. Ela se sobressalta com o susto, mas relaxa quando percebe que sou eu.
- Bom dia. – Eu digo, encarando seu rosto bonito que está todo vermelho. Não sei se ela está corando ou se é apenas o sol. De qualquer forma, ela está linda. O cabelo molhado grudando em seus ombros, o biquini azul e a pele limpa. Ela era bonita demais para seu próprio bem.
- Bom dia. – Ela diz, a voz suave ainda tímida. – Não precisava. – fala, indicando a bandeja entre nós.
- Não foi nada demais. E sabemos que você e a cozinha não são amigos muito próximos. – Eu brinco, abrindo um sorriso travesso. Ana me olha com uma careta brava que me faz sorrir ainda mais. Estendo um prato com ovos e torradas para ela e pego o meu e comemos tudo num silêncio confortável. Quando termino nem penso muito antes de me jogar na grama, esticando minha coluna dolorida na terra. Ouço Ana fazer o mesmo e respiro fundo, absorvendo o quão surreal é ter sua presença tão perto de mim.
- Como seu pai está? – Eu pergunto, virando minha cabeça em sua direção. Ela faz o mesmo, abrindo os olhos azuis e me encarando.
- Se recuperando. Não tenho conseguido visitá-lo, o trabalho tem sido intenso e prefiro ir quando minha mãe não está.
- O que é compreensível. – Eu digo, azedo.
- E como está o seu trabalho? – Ela pergunta, a voz meio vacilante. – Nina comentou que a maior parte das responsabilidades estão recaindo sobre você agora que Alex diminui o ritmo para se dedicar as meninas.
- Tem sido intenso. – digo, sincero. – Mas não posso reclamar. Com meu pai fora e Alex tendo turnos flexíveis acabo tomando a frente. Mas é um bom emprego, é uma boa carreira.
- E a música? – Ana sussurra. Ela sabia o quanto tocar era importante para mim.
- Você sabe. – Eu digo, desviando meus olhos dos seus. A música era uma parte fundamental da minha vida. A mais importante de todas. Mas eu tinha responsabilidades. Obrigações que assumi. E Ana entendia isso mais do que ninguém. Ela apenas acena com a cabeça em concordância e me olha, descontente por ver meu embate mental.
- Vamos brincar de Marco Polo. – Ela diz, se levantando subitamente. Me forço a não olhar para sua bunda suja de terra, toda perfeita, mas está bem ali na minha cara e não consigo desviar.
- Quantos anos você tem? Nove? – Eu pergunto, irritante, mas me levanto e a sigo até a beira da piscina.
- Cinco quando estou com Nina e Daniel, quatro anos e meio quando estou com você. – Ela diz, dando de ombros, me fazendo abrir um sorriso grande ao vê-la se jogar na piscina numa bomba perfeita. Tiro minha camiseta e minha bermuda, e fico apenas de sunga preta. Ana ressurge na superfície e tenta não olhar para o meu corpo, mas adoro ver como ela enrubesce e se vira de costas para mim, toda tímida. Pelo menos eu ainda a influenciava de alguma maneira. Mergulho na piscina e me sinto imediatamente melhor na água fresca.
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QUEBRADOS - Irmãos Fiori: Livro II - COMPLETO
RomansaSérie Irmãos Fiori: Livro 2 * Para entender essa história é necessário ler o primeiro livro da Série: O Acaso * Ana e Danilo acharam, um no outro, seus maiores sonhos e desejos personificados. Tudo sobre o casal grita intensidade, paixão e devoçã...