QUEBRADOS - Irmãos Fiori: Livro II - COMPLETO

CAPÍTULO 16 - DANILO

"Nosso amor estava no corredor, 

Todo guardado dentro de caixas 

E eu vi o que fiz com você

Eu estava errado..."

I was Wrong - Sleeperstar

Como alguém poderia amar tanto outra pessoa quanto eu a amava?

Ouvir Ana dizer que precisava de mim depois de dois anos sem sequer tocá-la tinha feito loucuras com a minha cabeça. Não sei como alguma parte de mim havia cogitado que viver sem ela era aceitável quando sua fragilidade me colocava de joelhos.

Toda a situação com seus pais tinha sido emocionalmente debilitante para todos nós, mas eu sabia que iria pesar o triplo nos ombros de Ana. Ela se culparia para sempre pelo acidente do pai e sua mãe, como a boa desgraçada que era, iria fazer questão de reafirmar a culpa pelo resto da sua vida. Ter sentindo seu cheiro, seu toque, tudo o que ela era perto de mim novamente foi como tomar um choque elétrico na cabeça. Ela era a mulher dos meus sonhos. Tudo o que eu sempre quis. E apesar de minhas esperanças estarem minimamente renovadas depois de todas as emoções que enfrentamos, o medo dela se afastar ainda mais, era ainda maior.

Sentado de frente para o piano da sala da casa dos meus pais, ouço Rosa, minha mãe e Théo rirem juntos na cozinha. Théo nunca falava sobre os pais ou ia visitá-los, então minha mãe tinha puxado-o para debaixo de suas asas também. Toco algumas notas, sentindo o marfim frio contra meus dedos, e sussurro a música que mais escutei nos últimos dois anos: I was wrong do Sleeperstar.

I saw you fell asleep while you were reading

(Eu vi você cair no sono enquanto você lia)

The pages on your face, you had been weeping

(As páginas em seu rosto, você estava chorando)

And I saw what it was that I had done

(E foi então que eu vi o que eu havia feito)

Last night we fell apart and broke to pieces

(Ontem a noite nos separamos e quebramos em pedaços)

Our love was in a hall, all packed in boxes

(Nosso amor estava no corredor, todo guardado dentro de caixas)

And I saw what it was that I had done to you

(E eu vi o que eu fiz com você)

I was wrong

(Eu estava errado)

I was wrong

(Eu estava errado)

Eu termino, sussurrando. Ouço um fungar atrás de mim e levo um susto. Minha mãe está parada me olhando com os olhos cheios de água.

- Isso foi lindo, querido. - Ela diz, colocando as mãos delicadas sobre meus ombros. - Eu sinto muito. - Ela continua, sabendo de toda a frustração que estou sentindo.

- Eu também, mãe. - Digo, respirando fundo. - Eu também.

- Vamos lanchar antes que Théo cause um infarto em Rosa, de tanto fazê-la rir. - Ela diz e eu consigo sorrir um pouco. Amava muito minha família. Meu celular vibra em meu bolso antes que eu possa responder Dona Victória. Olho para o visor e meu coração perde uma batida com a mensagem que brilha na tela.

Salvatore Fiori

Tenho novidades. Me encontre no Bar da Praça em meia hora.

- Está tudo bem, querido? - Minha mãe pergunta, preocupada.

- Sim, mãe. - falo, tentando soar normal, apesar de estar nervoso como o diabo. - Vou ter que encontrar um amigo no centro, volto em uma hora, tudo bem? - falo, beijando seu rosto bonito.

- Tome cuidado. - Ela pede.

- Sempre tomo. - Garanto, já saindo pela porta.

Quarenta minutos depois, entro pela porta do bar e avisto Salvatore sentando de frente a um outro homem que não conheço. Me apresso até a mesa e Salvatore se levanta assim que me vê. Nos cumprimentamos rapidamente e ele vira para o homem com cara de bravo que me encara com seriedade. Ele tem cabelo curto, está vestido de preto dos pés a cabeça e não parece ser o tipo de cara com quem você gostaria de arrumar confusão.

- Danilo, - Salvatore diz - Esse é Diego, um amigo e seu novo detetive particular. - declara. Diego estica a mão em minha direção e aperto a dele de volta com a mesma força. Nos sentamos, e Diego me encara.

- Como você pode me ajudar? - Pergunto, tentando me situar. O garçom chega com duas águas e recuso sua oferta de cardápio. Duvido que até um grão de arroz passaria pela minha garganta agora.

- Agora é mais uma questão de como você pode me ajudar. - Diego diz, me encarando, e só consigo pensar no quanto ele seria um ótimo Bruce Wayne com essa energia escura que exala do seu corpo. - Eu não faço mágica, Danilo. Trabalho com as informações que você me oferece. - Ele diz, à queima-roupa. - Agora, preciso que você me explique toda a noite em que você foi atacado. Nós trabalharemos daí. -Ele pede e eu concordo.

Então me obrigo a falar, a repetir cada detalhe que me lembrava, Diego anotava muitas coisas furiosamente em seu celular, e me fazia perguntas sobre semanas antes do acontecido, depois, e da própria noite. Me fez reviver cada segundo do pior ano da minha vida, de trás pra frente e de frente para trás. Uma hora depois, meu estômago está embrulhado e Diego parece quase satisfeito - quase, porque não sei se sua personalidade taciturna demonstra algum tipo de satisfação ou alegria. É Salvatore que se pronuncia depois de uma hora em silêncio.

- Você acha que vale a pena? - Ele pergunta, se dirigindo a Diego e sei o que ele quer dizer. Ainda conseguiremos alguma coisa? Vale a pena nos colocar sob tanto estresse, reabrir tantas feridas depois de dois anos? Diego se delimita a me encarar, como se aquela pergunta tivesse que ser respondida por mim. 

Valia a pena? A resposta era fácil como respirar.

- Acho que pela Ana, vale a pena lutar nem que seja cem anos depois. - Eu digo, arrastando meu cabelo para longe do meu rosto. Diego me encara, dessa vez com quase familiaridade, como se algo em minha fala fizesse sentido para ele também.

- Não só pela Ana, Danilo. - Ele diz, sério. - Por você também. Lutar por nós mesmos é a coisa que mais vale a pena nessa porra de mundo fodido.

Nós três nos encaramos em silêncio, e me permito acreditar que sim, tudo isso valerá a pena. 

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oi meus amores, fiquem tranquilas porque já tem mais capítulo pra sair! 

Leiam escutando a música da mídia. É a que o Dan toca no capítulo! 

Quero opiniões! Já estão com pena do Danilo ou tem vontade de matar ele de vez em quando que nem euzinha aqui?? 

hahahaha amo vcs!