QUEBRADOS - Irmãos Fiori: Livro II - COMPLETO

CAPÍTULO 19 - DANILO FLASHBACK

"Oh, Pai me diga

Nós recebemos o que merecemos?

Oh, nós recebemos o que merecemos?

E vamos ladeira abaixo

Vamos de ladeira abaixo..."

Way Down We Go – KALEO

Meu irmão seria pai de mais duas meninas.

A notícia ainda está se assentando dentro de mim, conforme vejo uma Ana chorando anunciar que as bebês crescendo dentro de Marina são meninas. O rosto de Alex explode em felicidade, e quando Nina se afunda em um abraço com sua melhor amiga, meu irmão se vira em minha direção, me esmagando num abraço apertado, enquanto a sala ao nosso redor explode em gritos animados.

Abraço meu irmão de volta porque sei o quanto ser pai novamente está sendo importante para ele. Poder participar de uma gestação com todo o amor e carinho que ele tinha para dar, poder gritar para o mundo que seria pai de duas garotinhas. Eu sabia o quanto manter Suzana, sua filha de cinco anos, em segredo estava lhe custando. Qualquer idiota perceberia que ele estava se apaixonando por Marina, mas todos nós prometemos a Mylena e sua família que nunca iríamos expor Suzana - que era filha da modelo e fruto de um caso de uma noite com um político casado - para o mundo. Os únicos que sabiam de sua existência éramos meus pais, eu e Alex, assim como Mylena e seus avós maternos. Alex era nasceu para ser pai, e eu sabia o quanto lhe custava não fazer tudo que sempre sonhou com Suzana, que era sua filha em todos os sentidos da palavra.

Mylena havia ameaçado abortar o bebê mais vezes do que poderíamos contar, mas Alex a convenceu de passar a gravidez na Europa e assumir a paternidade da criança. Foi o que bastou para que ela se convencesse. Suzana nasceu e era a garotinha mais especial do mundo. Não poder contar para Ana sobre ela acabava comigo todos os dias.

Sei que para qualquer outra pessoa o segredo seria insignificante e simplesmente burro, mas com a mãe famosa e desequilibrada, e a doença de Suzana que avançava cada vez mais, a exposição só seria desnecessária.

Minha sobrinha sofria de câncer à dois anos, e era impossível conseguirmos lidar com isso de forma tranquila. Perdê-la era aterrorizante para todos nós, mas Alex era a rocha que nos fazia acreditar que sua cura seria possível.

Eu vinha tentando convencer Alex a contar para Marina sobre Suzana há semanas, mas o idiota tinha sério problemas de confiança. Ele amava Marina, e eu sabia, mas não podia quebrar a promessa que fez a família de Mylena há tantos anos. O que era compreensível nos primeiros meses conhecendo Marina, mas não mais. Não quando ele via o quão incrível ela e sua família era. Não quando ele amava a mãe de seus bebês ainda mais a cada dia.

Meus pensamentos voltam para os braços de meu irmão ao meu redor, me apertando firme, e nem penso antes de sussurrar para que apenas ele escute.

- Parabéns, irmão. - Eu digo, batendo nas suas costas.

- Obrigado, cara. - Ele diz de volta.

- Está na hora, Alex. - declaro. - Ela precisa saber. - falo, e sinto seu corpo inteiro tensionar. Ele se afasta do meu abraço e vejo novamente o quanto ele parece com nosso pai. As mesmas expressões preocupadas de sempre.

- Ainda não. - Ele diz simplesmente, e pelo tom de irmão mais velho que está usando, sei que não adianta discutir. Concordo com a cabeça e indico Marina que está olhando para nós, com meu queixo.