cassia javanica

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E depois de pousar sua mão sobre a minha

Com alegria, trazendo-me conforto,

Ele me guiou por entre caminhos secretos.

DANTE ALIGHIERI, Inferno, Canto III.


Após ter utilizado a banheira que ficava atrás do biombo de seu quarto, Jimin percorreu com a ponta dos dedos os diversos tecidos que avolumavam-se dentro do guarda-roupa.

Fora um banho quente pois o mecanismo que percorria o interior das paredes do palácio fazia com que água aquecida enchesse a banheira e então a deixasse quando findado o uso, escorrendo por uma pequena abertura no fundo. A ideia de demorar-se ali sendo tentadora, mas o tom de Jungkook evidenciara que aquele jantar se tratava de um ato solene por envolver o casal de noivos que viria visitá-los. Certa tensão coagindo o deus das Flores a dedicar um pouco mais de cuidado aos trajes que escolheria vestir.

De todo modo, optou por usar uma calça clara de linho e em seguida colocou uma espécie de calçado de tiras que amarravam atrás de seu calcanhar, tom assemelhado ao do tecido da roupa.

Olhou-se no espelho, mechas loiras enrolando-se na nuca, caídas por cima de suas orelhas. Quando vivia na superfície, seu pai tinha o costume de cortá-las. Agora, com o passar do tempo no Submundo, elas tinham crescido e se tornado mais espessas.

Passou os dedos pelos fios, afastando para trás aqueles que caiam sobre sua têmpora, cobrindo seus olhos. Provavelmente teria de pedir uma tesoura ao tio mais tarde.

Avaliando por um instante a bata que escolhera, decidiu não vesti-la. A jóia que ganhara de Jungkook não lhe parecia precisar de qualquer ornamento para além de sua pele nua.

Correntes de bronze derramando-se a partir de seu colo, rubis incrustados colorindo-lhe o peito e o abdômen com filigranas de luz refratada com o padrão de agrupamento das pedras lembrando pétalas de cravo.

Fascinado, seguiu com a ponta dos dedos o reflexo da jóia no espelho. Sorrindo para o modo como ele próprio parecia em flor.

Ouviu batidas na porta que lhe dispersaram de seu estado de autocontemplação. Adiantou-se para a porta e ao abri-la se sentiu emudecer.

O hanfu negro que o rei dos Mortos trajava era uma peça sóbria, seu único ornamento estando na gargantilha de bronze que em escarlate tecia cravos em seu pescoço, seda arrastando pelo chão com o passo que ele dava para adentrar o quarto.

Jungkook lhe mediu com cuidado, sua mão hesitando por um instante antes de tocar em uma das correntes que vestiam a divindade floral.

O tio então lhe fitou de modo incisivo, seu pedido impronunciado.

Mas Jimin respondeu ainda assim:

— O senhor pode.

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