Dia de caça

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Senku estava planejando o próximo passo do Reino da Ciência, então resolvi que iria caçar, já que Kinrou estava ferido e os outros estavam ajudando Senku.

Fui andando lentamente para a floresta com uma lança em mãos, eu sei que havia Hyoga e seus capangas na floresta, mas eu estava em outro lado, e não me afastaria tanto assim, entro na floresta e caminho um pouco, encontro uma pequena campina, com ótimo pasto.

Alguns animais devem pastar por aqui, parte do mato está cortado pela metade.

Subo em uma árvore, com um pouco de dificuldade por causa da perna, ela já havia curado, mas ainda sentia um pouco de dor quando forçava meu peso nela, me ajeito em um galho e espero.

E pensar que uma amante da natureza como eu ainda teria a chance de viver em um mundo tão natural assim.

Eu estava feliz, não dá para negar, enquanto esperava resolvi dar mais atenção ao meu redor, a brisa fresca da manhã...o calor suave do sol, o perfume das flores, os sons reconfortantes das folhas das árvores balançando, dos insetos zumbindo, asas batendo, patas caminhando...

Patas caminhando?

Olho rapidamente para baixo e vejo um cervo pastando, era isso o que eu estava esperando, pego minha lança e lentamente me coloco em uma boa posição para conseguir lançar o animal, respiro fundo, sentindo o ar encher e esvaziar meus pulmões, esvazio minha mente mantendo apenas uma coisa em foco: mirar no cervo.

O animal pastava tranquilo, mastigando a grama e até comendo uma florzinha, quando eu ia lançar resolvo analizar mais o animal, até porque eu não queria matar um cervo jovem, começo a analizar o corpo do cervo, todo o meu conhecimento sobre cervos me volta em mente nesse momento, um cervo adulto, indo para velho.

Perfeito.

Foi uma sensação estranha, em um estante eu segurava a lança, em outro ela estava em pleno ar, e em outro perfurava uma das patas do animal, atingindo parte de seu peito.

Desço da árvore enquanto ouço os sons desesperados dele.

-- sinto muito amigo -- eu iria passar minha mão na cabeça dele para fazer um carinho, mas lembrei que ele só iria ficar mais assustado, pego minha faca e a coloco no pescoço dele -- da natureza você veio, e a natureza você voltará, sua alma segue, e seu corpo outras vidas irá nutrir...

É esquisito ter um "mantra" para esse tipo de momento, e mesmo que o cervo não me entenda, eu gosto de falar isso, me deixa mais calma nesses momentos. Perfuro o pescoço dele com a faca e em pouco tempo os batimentos dele cessam, retiro a lança, ele era grande demais para carregar (desvantagem em pegar um cervo velho, mas ao menos os jovens tem muita vida pela frente) então vou o arrastando até o Reino da Ciência.

Quando eu chego ao Reino da Ciência eu conseguia sentir alguns de meus músculos clamando por um descanso, até por que eu tive que arrastar algo com o que deve ser o dobro do meu peso, e por muitos metros, talvez uns 80 ou mais. Algum morador da aldeia, não sei quem, vem até mim e dá umas batidinhas no meu ombro, depois pega o cervo e o leva para dentro da vila, ele simplesmente o jogou por cima do ombro, como se não pesasse nada.

Ou como se já  estivesse acostumado.

Preciso me esforçar mais, fazer coisas assim mais vezes, escuto um "muito bem" e quando me viro era Kinrou, ele sorria meio...orgulhoso? Acho que ele estava feliz por eu já conseguir me virar, passo meus olhos rapidamente pelo lugar a procura de Senku, mas vejo Magma, que me olhava... impressionado? Temeroso?

Olha, eu posso ser pequena e fraca, mas diferente do Senku, eu ainda tenho capacidade física para fazer algumas coisas, além disso, eu tenho certeza que diferente de mim, você é barulhento e impaciente, isso só dificulta uma caçada.

Não consigo evitar de me sentir um pouco superior a ele, vou andando, agora muito confiante, até Chrome.

-- onde o Senku está?

-- ah, ele foi para a floresta, a natureza o chama, se é que me entende -- Chrome fala se afastando.

-- beleza, acho que essa última parte eu não precisava saber -- comento andando até Suika que estava em um canto brincando com seu cachorrinho cinza.

Se bem que eu teria ficado curiosa perguntando o que ele foi fazer na floresta, isso sim seria constrangedor.



No final das contas não nos preocupamos tanto com um possível ataque do pessoal do Tsukasa, já que eles realmente acreditam que temos uma arma, eles vão esperar até dias chuvosos, que seria o tipo de tempo que iria atrapalhar muito o Senku para acender a arma como ele fez da última vez, eu estava um pouco preocupada com Gen, mas sabia que ele conseguiria se virar, ele é um mentalista afinal, durante todo o tempo que esperamos, Senku providenciou um óculos para Kinrou e colocou lentes em uma nova melância para Suika, no final das contas acabamos tendo a ajuda de quase todo o vilarejo para produzir algumas espadas.

Três dias depois o céu foi engolido por nuvens negras, e sabiamos que o momento do confronto havia chegado, eu planejava ir junto para observar e até ajudar caso fosse preciso, mas Senku conseguiu me convencer a cuidar das crianças que estavam reunidas em uma das cabanas.

-- um vento vindo das montanhas -- falo ao ouvir o vento assobiar do lado de fora, o ar estava realmente mais úmido do que o normal, e estava escuro demais, nem parecia que era de dia.

Vai dar tudo certo, não se preocupe.

-- tia, o que tá acontecendo? -- uma garotinha me pergunta segurando a barra do meu vestido.

-- nada de mais -- falo docemente -- os guardas apenas estão fazendo um "treinamento para situações complicadas" nada de mais...

-- tem pessoas malvadas tentando invadir a vila tia! Mamãe me disse isso antes de me mandar ficar aqui para poder preparar ervas medicinais  -- diz um garotinho que me fez lembrar de meu irmão.

-- hum...certo, não adianta mentir, vocês são crianças espertas -- uso um tom brincalhão e consigo tirar um riso delas -- nós vamos ficar bem, temos ótimos guerreiros defendendo a vila.

3.700 Anos de amor (Senku X Leitora)Onde histórias criam vida. Descubra agora