Um olhar

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• P.O.V Arthur Cervero •

Antes que eu percebesse mais uma manhã tediosa na escola se passou rapidamente, isso porque eu estava concentrado (ou melhor, distraído) em algo mais interessante e realmente bonito.

— Dante! Você vai continuar no clube de teatro esse ano, né?! – as pessoas se amontoavam ao seu redor, mas ele não as recebia com um sorriso. Ainda assim, isso não parecia as incomodar.

— Sim. – respondeu simplesmente, uma expressão desconfortável no rosto enquanto tentava continuar a escrever em seu caderno.

“Malditos parasitas! Não estão vendo que ele está desconfortável?! Vou trazer um inseticida e afugentar todos vocês na próxima!”, pensei com a mente em colapso, olhando rabugento para todas as moscas que cercavam meu doce favorito.

— Se continuar olhando mais ele vai ficar mais seco do que já é. – a voz familiar e arrastada soou na minha frente, quando olhei, Cesar com seus cabelos longos e bagunçados tomou a minha visão.

— Fica quieto! – bufei, guardando o lápis na minha mão que tentava quebrar a um tempo mas não tinha força suficiente. — Você madrugou noite passada?

— Uhum. Por quê? – ele pegou seu celular e começou a mexer em uma postura nem um pouco saudável.

— Por que não respondeu minhas mensageeeeeennsss..?? – me debrucei sobre a mesa com um biquinho e lágrimas nos olhos. — Eu estava realmente mal ontem, stalkeei o Dante e percebi que há mais 3% de chance que ele seja hétero, e mais 27% de chance de que mesmo que possa se interessar por mim, não vai! – balbuciei com a voz embargada.

— Desculpa amigo, eu estava ensinando o Joui a jogar Lol. – respondeu me olhando meio preocupado.

— É sempre isso! – apontei pra cara dele. — Joui pra lá! Joui pra cá! Você passa mais horas falando do Joui do que dorme! Você fala mais o nome dele do que o meu! – ele suspirou revirando os olhos, voltando a olhar pro telefone e jogar algum jogo. — Espera... se você estava ensinando ele... – levei a mão a boca em choque.

— ...? – ele viu que não terminei de falar e olhou pra mim confuso. — O quê?

— Ele... ele estava na sua casa ontem de madrugada-

— Arthur! Claro que não! Você é louco?! – virou-se rapidamente pra frente, mas deu pra ver a vermelhidão de suas bochechas.

— Qual ééé, seja sincero com o seu amigão aquiiii! – me levantei e fui até a sua mesa. — Aquele japonês fez você-

— Não! Hoje não estou afim de ouvir as suas bobagens! – levantou a mão me interrompendo, virando o rosto pro lado com a expressão envergonhada. — Continue olhando para o seu crush o quanto quiser, ele não vai vir falar com você. Pelo menos com o meu eu converso... – ele sussurrou a última parte.

— Uuh... – fiz uma expressão chorona de novo. — Crueeeeeelll... – corri pra minha mesa de volta.

“Mas ele tem razão”, pensei, o rosto caído na mesa quando virei a cabeça e voltei a olhar para Gaspar. "Não importa o quanto eu olhe pra ele, nunca virá falar comigo...”, suspirei derrotado.

Gaspar, ou melhor, Dante (o apelido que ganhou aqui na escola) é extremamente popular. Ele se transferiu após se mudar da sua antiga cidade, mas desde o início do ano passado se tornou o melhor da classe e o terceiro melhor da escola nas notas. Ele passa os intervalos lendo livros e não pratica esportes, mas as meninas que o cercam onde quer que ele vá não se importam com isso. Nos intervalos, quando passei perto delas, o tópico do assunto era:

Os problemas do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora