Os problemas do amor

Meh

° P.O.V Cesar Cohen °

Tem algumas coisas que eu acho meio “meh”, sabe? Que eu olho e inevitavelmente formo uma careta. Uma dessas, antigamente, era ver casais de melação, ou alguém apaixonado tagarelando sobre a pessoa que ama. É cansativo.

É cansativo não apenas ouvir, mas conviver com casais também, principalmente quando você não tem um par. Algumas pessoas podem dizer que sou amargurado ou mal-humorado, mas estou apenas expondo fatos.

Ainda assim, por mais surpreendente que possa ser... aqui estou eu, em um encontro duplo de casais... eu acho?

— Se o meu eu do futuro vem ao passado e me mata, é assassinato ou suicídio? – Arthur indaga com uma sobrancelha arqueada.

— Por que você tá me perguntando isso? – Dante questiona confuso.

— Acho que tem que pensar também o porquê você iria vir do futuro pra matar você mesmo... isso é triste... – comenta Joui.

— Gente por favor... o garçom tá esperando vocês falarem o que vão pedir... – suspirei. — Desculpa, eles são meio... – fiz sinal com as mãos, indicando que eram lunáticos.

— Percebi. – respondeu indiferente, segurando o bloquinho de notas.

Após todos falarem seus pedidos, o garçom chamado Damir se retirou. Nós viemos a essa lanchonete após Arthur dar a ideia de termos um encontro de "casais" duplo, claro, sem eles saberem que já somos casais.

Ele ficou tagarelando por horas sobre como ele e o Dante haviam se tornado próximos, e eu estou realmente surpreso com quão rápido isso foi. Já faz uma semana desde que Dante posou em sua casa e eu tomei picolé com o Joui, e sinceramente estar apaixonado é um rolê muito cansativo.

Ah, toda hora penso nele, toda hora quero falar com ele, toda hora quero estar com ele... que trampo...

Então nós viemos nessa lanchonete, aquelas típicas dos filmes americanos, sabe? E como todo mundo gosta de se sentir internacional, é bastante frequentada. Bem, também seria uma surpresa se não fosse, afinal os funcionários se vestem de gatinhos.

— Aqui está o pedido de vocês, meow ~ – Damir voltou, colocando na mesa, seu tom de voz irritado não combinando com as palavras doces.

— É suicídio. – respondi a pergunta do Arthur. — Mesmo que você não queira morrer, quando seu eu do futuro vier te matar ele também irá morrer, se você faz algo que você sabe que resultará na sua morte, não é esse o significado de suicídio?

— Mas se você não quer morrer, não é assassinato? – retrucou.

— Como será assassinato se quem te mata é você mesmo?

— Mas aí a gente entra na questão de "o que é ser nós mesmos", não? São nossas memórias? O seu eu do futuro tem mais memórias, diferentes experiências que você ainda não viveu, logo, talvez não seja mais você. – argumentou Dante.

— Você parece meu professor de filosofia... – franzi a sobrancelha, quase conseguindo visualizar Dante dando aulas sobre o que é a vida.

— Gente... mas por que ele iria querer matar ele mesmo? – Joui perguntou em um tom triste. — Eu não gostei disso...