Perfume

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• P.O.V Cesar Cohen •

Eu caminhei de cabeça baixa em direção da sala do Joui, jogando uma rápida partida de LoL contra um usuário chamado Daylight Demon, meu maior arqui-inimigo!

"Maldição! Esse cara é um profissional ou o quê?!", pensei apertando com força na tela para soltar os ataques, em seguida conseguindo retornar à base e suspirando aliviado. Quando estava prestes a sair para batalhar com ele novamente, meus companheiros de time destruíram o cristal inimigo e nós vencemos a partida.

— Heh. – soltei uma pequena risada presunçosa, guardando o telefone.

"Vou chamar o Joui para voltarmos pra casa juntos... talvez eu deva me oferecer de novo pra ensiná-lo a jogar LoL?", questionava as possibilidades enquanto me aproximava da sua sala, então vendo como estava movimentada.

— Tchau Joui! – algumas pessoas saíam acenando, Joui ainda estava ajeitando sua mochila com algumas pessoas ao seu redor, conversando alegremente com seu jeito sorridente.

— Você vai participar da competição no mês que vem?

— Sim! Meu pai já me inscreveu no próximo! Tô treinando bastante! Estejam lá pra torcer por mim! – pediu com um sotaque fofo, ainda aprendendo a falar português.

"Como devo chamar ele? Oi Joui? Ei Joui, aqui! Tudo beleza? Eai cara?", pensei em maneiras de chamar ele, começando a suar frio e o rosto ficando vermelho. "Não, isso é muito estranho... talvez eu deva só ir embora e mandar mensagem pelo whatsapp depois..."

— Hmm.. – eu peguei meu telefone, recuando um pouco e abrindo a câmera. Me assustei ao ver meu rosto, ajeitando um pouco o cabelo e a roupa. — Se borracha também servisse pra apagar isso.. – comentei olhando inseguro para as minhas olheiras.

Após me arrumar um pouco voltei a esperar do lado da porta.

Quando o Joui estava prestes a sair um rapaz loiro o interrompeu, pelo que sei o nome dele é Nathaniel. Ele se apoiou na porta e sorriu pro Joui, sussurrando algo que começava com:

— O que você acha da gente...

"O que eu faço? O que eu faço? Eu deveria interromper?", apertei as alças da mochila, olhando pro chão e esfregando o tênis no piso. "Eu deveria só esperar? Provavelmente o Joui já tem o que fazer.. ou com esse cara ou com alguma outra pessoa... ele também tem que treinar pra competição, por que ele iria querer jogar LoL com um nerd antissocial qualquer? Eu estou sonhando muito alto, ele é bonito, popular, rico, por que iria querer ser meu amigo?", mordi o lábio em frustração, meus olhos ardendo enquanto meu coração doía vendo como ele parecia ter opções muito melhores do que eu.

"Se a vida dele é assim... talvez ele só tenha jogado comigo ontem por pena? E eu falando com ele todo animado... que desastre...", em poucos minutos após chegar na sala do Joui eu já me arrependi de tudo que fiz nas últimas 48 horas.

Eu olhei pro Nathaniel e pro Joui, vendo como o Joui sorria pra ele meio sem graça, andando um pouco pro lado, então Nathaniel botou a mão no seu ombro, se aproximando mais.

...

— Por que eu tinha esperança, de qualquer forma? – murmurei, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas quando abaixei a cabeça e caminhei rápido pra sair dali.

— Ah, Cesar-kun! – ouvi sua voz me chamando, eu congelei, meu coração acelerando em um turbilhão. — Desculpa Nathaniel-san, eu já tenho compromissos com o Cesar-kun! Te vejo outro dia! Sayonara! – eu apenas senti um vento forte quando ele chegou ao meu lado, cheirando a um perfume muito bom. — Olá, Cesar-kun! Você ia embora sem mim?

...

— N-Não... e-eu ia te esperar no portão... – limpei as lágrimas rapidamente, sorrindo um pouquinho pra ele, mas sem olha-lo diretamente.

— Que bom, mas da próxima vez pode me chamar na sala, eu sou um pouco desastrado então acabo me atrasando! Ah, olha, olha o que eu descobri! – ele começou a mexer em seu celular. — Você sabia que cada personagem do Lou tem uma história diferente? Tipo... um passado?! Eu não sabia disso! Você viu a história desse cara aqui?! É tão triste, eu quase chorei! Eu vou jogar com ele hoje várias partidas, então quando ganharmos ele terá motivos pra ficar feliz, certo? Ah, é verdade, você sabia que... – ele começou a tagarelar sem parar sobre coisas diferentes a cada minuto.

Em um instante, meu coração que estava estilhaçado por causa dos meus próprios pensamentos, se reergueu em um calor confortável, batendo acelerado a cada palavra que o japonês dizia. No pôr do Sol, enquanto voltávamos para casa, parecia que nunca iria me cansar de ouvi-lo falando.

— ... e é por isso que queria te perguntar se posso jogar na sua casa hoje! – eu pisquei algumas vezes, atordoado.

...

— .... QUE?!

Os problemas do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora