Apaixonado Por Um Garoto

3.7K 393 477
                                    

• P.O.V Arthur Cervero •

“Ser é ser percebido.” disse George Berkley certa vez. Ou, por outras palavras, se uma árvore cai quando ninguém está por perto para ouvir, será que faz barulho? Segundo Berkley, somente podemos ter a certeza que algo existe enquanto está sendo observado. Por isso, a existência de algo (ser) só é confirmada quando é observado (percebido).

Mas eu discordo. Prefiro acreditar nas palavras de René Descartes. "Penso, logo existo". Outras pessoas ditarem a sua realidade também engobla como você é, ou como você deve ser. Aguardar a aprovação dos outros e basear sua felicidade por meio das suas opiniões é a pior coisa que você pode fazer.

Bem, você deve estar se perguntando quando Arthur Cervero se tornou um filósofo pensador, certo?

Isso foi há três minutos atrás.

"Eu tô muito gostoso", ergui uma sobrancelha, fazendo um biquinho em frente ao espelho.

— E aí, Gaspar? – fiz uma voz "galanteadora", jogando a cabeça pra trás e mordendo o lábio, levando uma mão ao quadril. — Vem sempre aqui? – sorri. — Você pode me chamar de Thur, já que o Ar você já tomou de mim. – pisquei.

...

"Eu sou incrível", cheguei à conclusão. Deixei o espelho e borrifei um pouco mais de perfume, finalmente saindo do quarto.

(Eu vou deixar o look dele à mercê das suas imaginações)

— Pai, vê se eu não vou arrasar.. – cheguei de forma pomposa, o peito estufado, o queixo erguido, caminhando como se estivesse em uma passarela.

— Uou... – desviando o olhar da televisão, meu pai soltou um assovio. — Tá lindo demais, deveria ser um crime uma beleza dessas andar solta por aí. – seu jeito brincalhão, talvez por estar meio bêbado, não combinava com sua voz grossa, o que me fez rir.

— Eu provavelmente vou voltar tarde, você deveria ir dormir agora. – abri um grande sorriso, agarrando seu braço e o ajudando a se levantar.

— Eeehh, por quê? – fez um biquinho, me deixando levá-lo. — Você me trata como um idoso indefeso... só pra você ficar sabendo, eu já bebi o triplo disso uma vez! – se gabou.

— Você não deveria se gabar pro seu filho por ser um alcoólatra, sabia? – o ajudei a se deitar na cama.

— Eu não sou um alcoólatra, eu paro quando eu quiser!

— Então pare.

— A questão é que eu não quero parar.

— Todos os alcoólatras dizem isso! – ri.

— ... – o cobri com a coberta, ele soltou um longo suspiro antes de olhar pra mim de forma cansada. — Vá com cuidado, não volte muito tarde..

— Sim, pode deixar. – saí do quarto, pegando meu telefone, as chaves e um casaco.

"Acho que já peguei tudo..."

— Te amo filho... – sua voz rouca soou de forma abafada e baixa do quarto.

— ... te amo pai! – gritei, saindo de casa e trancando a porta.

[...]

Eu nunca fui nesse restaurante, mas pelo que vi nas fotos e vídeos que o pessoal mandou pra deixar claro onde é, é bem chique, com uma decoração rústica, a coloração amarela das lâmpadas dava um clima relaxado ao local. As risadas e músicas podiam ser escutadas do lado de fora, uma parede de vidro bem grande deixando possível a visualização de todos lá dentro.

Os problemas do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora