Imaginar É Crime?!

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° P.O.V Arthur Cervero °

Atrás da pilastra, eu conseguia ouvir a conversa dos dois.

— Cesar-kun, não é tão difícil, sério. – a voz do Joui ecoa em meio ao vento forte.

— É-É que... – o tom trêmulo e hesitante do Cesar me faz engolir seco.

"Isso não pode estar acontecendo", eu penso comigo mesmo, suando frio.

— Eu nunca fiz isso... – Cesar confessa com certa vergonha e timidez.

— Bom... – dá para sentir na sua voz que Joui está sorrindo. Eu quero tampar as orelhas, mas as mãos estão ocupadas. — Tem uma primeira vez pra tudo, né? É só pegar e encaixar.

"Meu Deus", fechei os olhos com força.

— V-Vai doer? – Cesar pergunta.

— Não, é só tomar cuidado.

— Tá... v-vou... co-colocar...

Eu não consigo acreditar...

Eles vão fazer isso ao ar livre?!

Como eu saio daqui agora?! É tarde demais pra ir embora!

Eu... eu... eu não posso deixar isso acontecer!

Eu saio de trás da pilastra, erguendo a vara de pesca que estava na minha mão e gritando alto, ainda de olhos fechados:

— VISTAM SUAS ROUPAS! VOCÊS NÃO PODEM FAZER ESSE TIPO DE COISA AO AR LIVRE! SE DEIXAR LEVAR PELO TESÃO É-

— PUTA QUE PARIU, ARTHUR!

— EU SÓ ESTOU DIZENDO QUE COISAS ASSIM DEVEM SER FEITAS NO QUARTO! TIPO, NINGUÉM QUER VER VOCÊS FODEN-

— CALA A BOCA, ARTHUR!

— VOCÊ TEM QUE ESCUTAR OS CONSELHOS DO SEU AMIGO-

— EU VOU TE JOGAR NO MAR! CALA A BOCA! FICA QUIETO! DO QUE VOCÊ TÁ FALANDO?!

Eu abro apenas um dos olhos, ainda tremendo, e então pisco rapidamente.

"Oh, eles não estão pelados..."

Ambos estão sentados perto das pedras, o pote de minhocas em cima do colo do Joui enquanto ele olha para mim, extremamente confuso.

Enquanto isso, Cesar está vermelho como se estivesse prestes a explodir, e eu não sei se é de raiva ou de vergonha. A minhoca que ele estava prestes a colocar no anzol está esmagada entre seus dedos.

— QUE MERDA VOCÊ TÁ FALANDO?!

— É-É que vocês estavam falando estranho... parecia que iam fazer sex-

— CALA A BOCA, IDIOTA! IDIOTA! ELE TAVA ME AJUDANDO A COLOCAR A MINHOCA NO ANZOL!

— Hum...

Eu estreito os olhos, tentando avaliar a veracidade das suas palavras. Não tinha como eles se vestirem tão rápido, né?

— Huff... Huff... – Cesar está bufando, eu quase consigo enxergar fumaça saindo pelas suas orelhas. — S-Seu doido... maluco... – ele abaixa o boné, escondendo seu rosto enquanto se enrola como uma bola.

Os problemas do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora