Coincidência

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° P.O.V Arthur Cervero °

[Aviso de tristeza eminente]

A palavra "coincidência".

Sinceramente, algumas pessoas podem achá-la perturbadora. "Oh, que coincidência te encontrar aqui [pessoa que mais odeio no mundo]!".

Que pena para vocês, porque para mim a coincidência me faz bem, assim como agora fez.

— Que coincidência te encontrar aqui, Arthur... – Dante sorri, acenando com a mão para me cumprimentar.

Ele está com os cabelos perfeitamente presos em um rabo de cavalo, vestindo um avental bege com detalhes em rosa bebê, com algumas borboletas, abelhas e flores entalhadas. Seu rosto e mãos estão um pouco sujos de terra, mas não perturbam sua aparência impecável.

Ou, talvez, o amor apenas seja cego.

Na, na, na, não, o Dante é realmente perfeito.

— O-Oi, por que você tá aqui? – gaguejei, um pouquinho nervoso ao ser pego de surpresa.

Bem, para falar a verdade, o dia hoje é um dia especial. Mas, não da maneira boa. Hoje é o aniversário de morte da minha mãe. Estou com o meu pai para comprar algumas flores e levarmos ao seu túmulo e ao do... mesmo que ambos estejam vazios.

Quando eu estava prestes a afundar em pensamentos obscuros mais uma vez, a imagem do rosto do Dante empolgado salta na minha frente.

— Eu ajudo minha irmã de vez em quando aqui. Ela gosta de cuidar das flores...

— A família de vocês é dona desse lugar? – olhei ao redor, percebendo como era realmente linda a estrutura desse lugar e todas as flores muito bem cuidadas e conservadas.

— Mhm.  – acenou com a cabeça em concordância. — Olá. – virou-se para o meu pai, que olhava ao redor distraído.

— Ahn?... Ah, oi... – sorriu sem mostrar os dentes, seu olhar desfocado. — Vocês dois se conhecem?

— Esse é o Dante, ou melhor, Gaspar. Ele tá na mesma turma que eu, nós somos amigos. – apresentei ao meu pai.

— Oh, sério? – dessa vez, sorrindo abertamente, meu pai deu alguns tapinhas no ombro do Dante. — Cuide bem do meu filho, viu? Ele é meio atrapalhado.

— Posso cuidar dele, mas ele parece muito bem pra mim. – sorriu.

— Sério? Fico feliz. – meu pai acenou com a cabeça em satisfação, bagunçando meu cabelo. — Dante, pode me mostrar algumas margaridas e alguns cravos? Ele também gostavam de dente-de-leão, certo, filho? – eu apenas concordei com a cabeça. — Então nos mostre esses três, Dante.

— Pode deixar, venham comigo, por favor.

Dante nos guiou habilmente dentre as várias flores e suas cores, cheias de aromas exóticos e exorbitantes, que vez ou outra me faziam parar e admirar por alguns segundos, me perguntando que tipo de espécie seria. E, sempre que isso acontecia, com uma paciência eterna e sem limites, Dante sorria para mim e me dizia:

— Essa é uma Amarílis. Essa se chama Amor-Perfeito. O nome dessa é Azaléia. Essa é a Calêndula. A Camélia. – sempre que eu parava e admirava uma flor, ele me dizia seu nome.

Botão-de-ouro, Begônia, Boca-de-leão, Antúrio, Cravina, Cinerária, Crisântemo, Ciclame, Flor-de-maio, Cravo, Gérbera, Gerânio, Hortênsia, Higanbana, Violeta. Havia tantas variedades de flores, parecendo um mundo completamente novo e complexo com o qual você poderia se aventurar por anos e anos. Acima de tudo isso, cada uma tinha seu significado no mundo das flores.

Os problemas do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora