Capítulo 2

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Sentada na janela do meu quarto enrolada em um cobertor observando de longe do movimento das águas eu podia ouvir e observar vez ou outra os movimentos que Rafe fazia provavelmente tentando achar um jeito mesmo dolorido de dormir.

O meu sono já era improvável de aparecer naquela noite, a sensação de que a qualquer momento esse garoto vai agir como o Rafe e vai me esculachar ou pior que o Barry vai aparecer na minha porta

Ou ainda pior, que o Topper vai vir com aquele jeito mimadinho desaforado buscar o amigo e eu vou ter pesadelos por toda uma década.

Pensei em mandar uma mensagem para Sarah, mas não somos próximas e eu não faço ideia de sua proximidade com o irmão então essa ideia foi descartada.

Agora só me resta esperar que ele acorde e que meus pais saiam antes que ele de o fora dessa casa.

Eu fiquei ali sentada sem me mover muito durante a noite e aproveitei para ler um livro sobre fadas, é uma boa fantasia vai por mim.

Apenas me distanciei das folhas amarelas quando o garoto se sentou assim que a claridade do céu invadiu o quarto, coloquei o objeto com cuidado em um canto antes de ir até ele jogando o cobertor sobre a cama

— e então, como se sente?— eu perguntei e ele me olhou como se visse um fantasma, em seguida faz careta

— não me diga que a gente — o interrompo antes que ele podesse completar

— de jeito nenhum, eu apenas salvei a sua vida — dei de ombros — não se lembra?

— de absolutamente nada — mentiroso

— bom, eu vou tomar café da manhã e volto aqui em uns 20/30 minutos pra dizer que você já pode sair — avisei — pode tomar um banho se quiser, pra parecer uma pessoa descente

Sai do quarto e alguns passos bastaram para ser recebida com um sorriso pela minha família

— bom dia, desceu cedo — meu pai disse estranhando meu comportamento — o que há de errado?

Tem um kook no meu quarto

— só senti fome — dei um sorriso vendo minha mãe passar por mim indo até a janela, JJ passou pela porta logo em seguida deixando claro que mais uma vez a mulher tem insistido em alimentar o garoto

Minha mãe é do tipo mãezona, do tipo que não pode ver ninguém triste que acha que as coisas se resolvem com comida e cafuné. Acho estranho ela ainda não ter montado um quarto e adotado o loiro.

— mama, pode dizer que não — eu disse tentando parecer convincente — pode dizer que eu não posso ir a essa festa

— é uma ótima idéia você ir a essa festa — meu pai se envolveu na conversa

— por favor?— tentei insistir em não ir

— vai ser divertido — JJ disse e eu lhe respondi com um soco no braço, eu não iria nem pedir para ir a essa festa se o garoto não tivesse aberto a boca

— qual o problema de vocês? Sejam pais normais e digam que eu não posso ir a essa festa — eu disse inconformada

— você pode ir a essa festa, mas vai dormir em casa — minha mãe disse e eu levantei às sobrancelhas

— na verdade estávamos todos pensando em dormir no castelo, sabe, o John tem se sentido tão sozinho — esse garoto não para

— oh, sendo assim — apenas neguei tomando mais um gole de café

— então eu não tenho escolha — me conformei — posso ao menos ganhar o dia de folga?

— quer mesmo uma resposta?— a voz do meu pai carregava sarcasmo, mesmo que eu já tivesse consciência do que significa

— não — respondi antes de outro assunto ser iniciado

— eu te espero — meu amigo disse quando avisei que iria tomar um banho antes do trabalho

— não precisa, eu vejo você mais tarde — dei um sorriso — a não ser que você queira adiantar a louça, vou ter que fazer isso de todo jeito

— acho que eu ouvi a Kiara me chamando — ele disse por fim e foram precisos alguns segundos antes de eu ser deixada só, mais ou menos.

— você já pode descer — Rafe estava de cabelos molhados e com a camisa manchada de sangue sobre o ombro, tentei manter os meus olhos altos para não observar o seu abdômen perfeitamente desenhado ainda com gotículas de água. Mas percebi que olhar para o seu rosto não era menos tentador — não parecem precisar de um novo curativo — eu disse sobre os ferimentos

— é, não está tão ruim — Rafe parecia um pouco perdido, recluso — aquilo ainda está de pé, certo?

— sim, isso vai ficar apenas entre nós

Opostos - Rafe CameronOnde histórias criam vida. Descubra agora