𝟎𝟎𝟑| 𝑻𝑯𝑹𝑬𝑬

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*Storytelle point of view*

A escola estava movimentada.

Os alunos corriam de um lado para o outro, desciam e subiam as escadas, entravam e saíam do banheiro, comiam, conversavam, falavam no telefone, estudavam, pregavam peças um nos outros e até praticavam bullying com algumas pessoas.

— Você está me ouvindo?— Michelle perguntou.

— Estou...— [Nome] falou.

— Que?! Realmente me ouviu?! Está tudo bem?— Michelle se desesperou.

— Tem como parar de drama?— fechou o armário com força, o enorme barulho foi ouvido por todo o corredor.

— [Nome]....— Michelle sussurra.

[Nome] ignorou os olhares, e logo as pessoas voltaram a fazer que faziam antes.

Michelle correu alcançando a [cor do cabelo], as duas andavam lado a lado pelos corredores movimentando por alunos e professores.

— Isso é sono ou fome?— Michelle perguntou.

— Eu passei a noite em claro.— ela falou, isso era normal para ela que jogava muito.

— Idai? Você sempre faz isso.— Michelle gesticula com as mãos.

— É, mas... eu fiquei pensando naquilo.— [Nome] desviou o olhar.

— Naquilo o que? Ajuda a mãe aqui. Eu sou lerda e não adivinha!— Michelle falou se apoiando em uma parede e fazendo [Nome] parar de andar.

— Sobre o meu lar ser alguém e não um lugar!— sem paciência, a [cor do cabelo] respondeu.

— Oh!— Michelle, sua boca abriu.— Meu Deus! Eu nasci pra ouvir isso!!

— Do que está falando sua maluca?— [Nome] perguntou.

— Você admitindo que estou certa!— Michelle exclamou animada.

— Eu não disse que você estava certa...— a de olhos [cor dos olhos] bufou.

— Mas pensou muito no que eu disse!— a amiga falou convencida e alegre.

— Aí aí, tá bom Michelle!— [Nome] falou, não admitirá... mas, Michelle tem razão.

Ela passou tanto tempo procurando um lugar, que nem reparou nas pessoas.

»☆«

Música.

Isso a acalmava muito, era como uma presença pra ela. Ela não se sentia sozinha ou deslocada com música e livros ao seu redor, ela se sentia feliz e confortável.

Mas...

Ainda não se sentia completa.

[Telefone tocando]

Ela retirou a música do celular, colocou seu fone pendurado em seu pescoço junto de seu cabelos, logo ela aceitou a ligação e aproximou o celular do ouvido.

— Quem é?— perguntou, não recebendo resposta, apenas múrmuros ofegantes e tenebrosos.— Ok...

Ela desligou e sentiu um arrepio ruim.

— Melhor eu ir pra casa...— ela sussurrou.

Conforme ela ia passando pela ruas um forte odor de flores perfumadas se instalava no local, as pessoas iam esvaziando as ruas aos poucos até deixar [Nome] completamente sozinha, em uma rua deserta e iluminada pelo pôr do sol. Maldito seja a professora que fez ela sair em plena tarde por uma simples tarefa.

O relógio marcava 18:10 da tarde.

"Vamos lá, só mais alguns quarteirões"—ela pensou, aflita e cansada.

O odor de flores aumentou e isso a causou arrepios, não por não gostar de flores, mas sim por parecer muito mais além de um simples cheiro de flores perfumadas.

— Droga.— ela resmungou bagunçando as coisas dentro de sua mochila, a procura do molho de chaves.

Ela se sentia observada e aflita com todo aquele cheio e aquele ambiente vazio e assustador, ainda mais depois daquela ligação estranha. Sua mão direita vagava desesperada por dentro da mochila escolar, a procura da chave de casa.

Não tinha ninguém em casa.

Os empregados tiraram folga.

— Justo hoje!! Até parece que sabiam disso!!— ela falava irritada, se referindo a pessoa ou pessoas por trás daquela ligação ou desse odor de flores perfumadas que chegava a dar dor de cabeça.— Achei!!

Levantou o molho de chaves e destrancou a porta depois de encaixar a chave certa na fechadura, abriu a porta e logo depois de entrar em casa... a fechou e trancou.

Ela suspirou aliviada.

Logo esse alívio sumiu ao ouvir um alto barulho no andar de cima.

— Acho melhor eu ligar pro Satoru...— ela falou, temendo ser uma maldição.

Ela discava os números com uma tremedeira em sua mão, suava frio e murmurava coisas inaudíveis até para quem estivesse o mais perto possível dela.

— Caixa postal...— ela mordeu o lábio, estava tensa.

A garota já foi do time de Megumi e Satoru, tanto que depois que saiu veio Yuji e depois Nobara que a substituiu. Depois de um acidente em uma missão, [Nome] ficou claramente traumatizada e pediu um tempo no time. Ela queria viver uma vida onde poderia tentar se encaixar, queria encontrar seu lugar, seu lar onde se sentiria acolhida — sem ser Megumi — até hoje ela não sabe se foi ou não uma boa escolha, mas de algo que ela tem certeza é que se for alguma maldição ela poderá lutar, claro, se ela não for de um alto nível, a [Nome] de antes lutaria sem problema, mas essa [Nome] aqui está enferrujada.

Faz meses que não luta.
Ainda mais contra maldições.

— Yuji!— ela falou, se lembrando de ter o número do rapaz.

Seus dedos tocavam na tela com nervosismo, discava o número rapidamente podendo ouvir o barulho da sua unha bater na tela do celular e o toque dos números sendo digitados.

— [Nome]-Chan?— ele atendeu, falando só outro lado da linha.

— Y-Yuji! Graças a Deus!— ela falou aliviada.— Eu preciso de... ajuda!

Logo depois ouviu um enorme estrondo no andar de cima, e pelo visto Yuji ouviu, afinal, ele gritou:

— [NOME]-CHAN?! Você está bem?!— ele gritou preocupado, o barulho havia sido realmente alto.

— Vem pra casa rápido! Mandei meu endereço por mensagem.— ela exclamou e logo foi ouvido outro barulho, era seu corpo caindo no chão.

𝐌𝐄𝐔 𝐃𝐎𝐂𝐄 𝐋𝐀𝐑 - 𝗬𝘂𝗷𝗶 𝗜𝘁𝗮𝗱𝗼𝗿𝗶Onde histórias criam vida. Descubra agora