Seus passos eram lentos e um pouco desorientados, em sua garganta sentia um sabor amargo, mas em sua face predominava uma expressão de bravura. Os lobos quileutes queriam arrancar-lhe as informações que guardava com tanto amor e carinho, mas Embry não estava disposto a entregar nada.
No meio do caminho ele é interceptado por alguns garotos do bando, que bloquearam sua passagem formando uma meia-lua, e, atrás, Embry pôde logo sentir a aproximação dos dois alfas, de Paul e Quill.
― Posso saber o porquê desta cena toda? – pergunta ainda de cabeça erguida.
― Você sabe o motivo, Embry – começa Jacob, dando brecha para que o lobo negro continuasse.
― Você tem falhado conosco. Não comparece mais às suas rondas, nem às reuniões, foge de seus irmãos e, como se isso não fosse o suficiente, descobrimos que a Sra. Call nunca esteve doente! – Pausa. – Nesse momento surge a dúvida: se você não estava em sua casa cuidando dela, onde e o que esteve fazendo todos esses dias?
― Isso é coisa minha, Sam. – Vira-se para o alfa. – Gostaria muito que respeitassem o meu silêncio. Quando estiver preparado, prometo que contarei tudo – pede, ainda com esperanças de resolver aquela situação.
― Conte-nos logo – ordena Jacob.
― Escutem, não é nada que venha a colocar o bando em risco...
― Pare de enrolar, Embry, diga logo o que anda escondendo de nós? – diz Jacob novamente, mas, desta vez, já um pouco irritado.
― Cale a boca, Jake, você não é o meu alfa e não manda em mim.
― Mas eu mando! – diz Sam o interrompendo, já fazendo com que seu poder alfa pesasse sobre os ombros de Embry, num claro sinal de que não respeitaria o seu silêncio. – O que anda escondendo?
O quileute pressiona os lábios um no outro, tentando conter a ordem que o mandava falar. Contudo, os lobos já esperavam uma reação daquele tipo e logo recorrem ao plano B.
― Paul – chama o Uley –, faça como Jacob lhe explicou.
Embry franzi a testa com desconfiança. O que eles pretendiam? Por que colocavam mais um de seus amigos contra ele? O susto foi imenso quando o corpo de Paul tremeu violentamente, explodindo em sua forma de lobo e mandando suas roupas pelos ares.
― Paul, que palhaçada é essa?
Desculpe-me amigo, mas as ordens são para fazê-lo virar um lobo... Nem que seja a força! – explica em pensamento, mesmo sabendo que ele não podia escutar.
Paul solta um rosnado ameaçador, como se o estivesse alertando, e avança contra o Embry, empurrando-o com o focinho em direção à floresta. É claro que sua aterrissagem não fora das melhores, visto que rolara na terra fria por alguns metros, entretanto, a pior parte ainda estava por vir.
Embry estava sendo disfarçadamente guiado para o fundo da floresta, onde ninguém poderia ajudá-lo e, devido aos constantes empurrões, já sentia seu braço direito doer. O lobo à sua frente também estava cansado daquele jogo, sentindo-se mal por fazer aquilo a um amigo. Por que ele não poderia ficar a sós com seu segredo? Afinal, Embry deixou bem claro que não era um risco à matilha.
Vamos logo, Embry, transforme-se de uma vez e acabe com isso...
O quileute resistia firmemente a uma transformação e, em sua última investida, Paul sabia que teria que ser ainda mais agressivo. Ele avança contra Embry mais uma vez, agarrando seu braço dolorido com os dentes e o lançando contra a árvore mais próxima.
Assim que sente o chão abaixo de seu corpo, o Call trata logo de amparar o braço tingido de vermelho. Todos sabiam que era apenas uma questão de tempo para que os furos em seu braço se curassem, mas para Embry aquelas feridas pareciam diferentes, muito mais dolorosas, talvez por estarem sendo feitas por um amigo.
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Olhos de Vidro
FanficTodos tinham alguém, menos ele. Todos eram felizes, menos ele. A vida parecia tê-lo esquecido e a felicidade o abandonado, por muito tempo ele esperou, por muito tempo ele a procurou e quando estava quase desistindo, chegou o grande dia! Embry Call...