Inverno

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Naquele dia tão problemático, Embry demorou a voltar para casa. Leah e Seth foram vê-lo depois de tudo o que aconteceu, levando também algumas peças de roupa, mas somente com o cair da noite é que o quileute retornou para o seu lar.

A Sra. Call não se alegrara com o acontecido, havia escutado a história da boca dos próprios alfas e ficara possessa com o que haviam feito ao seu filho. Ela poderia não ser uma verdadeira descendente de lobos, mas se transformava numa fera quando precisava proteger seu menino e foi justamente dessa forma que a mulher reagiu, repreendendo Sam e Jacob como eles nunca foram repreendidos em suas vidas e enxotando-os de sua casa com o rabo entre as pernas.

Já passava da meia-noite e Embry ainda não havia conseguido dormir, a mágoa acumulada em seu coração parecia se unir a raiva da traição, arrancando sua paz, sua razão e seu sono. Algumas vezes ele até pegou-se a pensar em Andy, a única naquela história toda que o fazia sorrir, contudo, parecia que nem mesmo ela seria capaz de acalmá-lo e ajudá-lo a dormir.

Sentado à janela de seu quarto, o quileute fita o céu parcialmente nublado, tentando observar as estrelas por entre os espaços vagos que as nuvens deixavam no manto noturno. As pequeninas esferas brilhavam em seus tons amarelados e vermelhos, e, por mais um momento, ele lembrou-se do brilho azulado dos olhos de seu imprinting.

Conforme as horas passavam, o vento frio da madrugada começou a soprar, fazendo-o se arrepiar.

― Devo estar realmente mal. – Pensa ele. – Estou até sentindo frio!

Embry salta da janela para o lado de dentro e, quando se volta para fechá-la, fica admirado com a minúscula e gélida esfera branca que flutuava lentamente em direção ao chão. Ele força um pouco mais a vista em direção à escuridão da noite e identifica, com certo esforço, as centenas de flocos brancos que caíam do céu.

― Então teremos neve – sussurra para si mesmo. – Finalmente o inverno chegou!

Ele não estava surtando no fim das contas, o arrepio que sentira era apenas o sintoma raro de que o inverno daquele ano seria bastante intenso, mas nada que uma camisa fina de manga comprida não resolvesse, afinal, os lobos quileutes não precisavam de muita coisa para ficarem quentes.

A chegada do inverno apenas realçava o que ele sentia naquele momento, uma estação sem cor, sem vida, onde tudo é branco, frio, duro... Triste!

Ele fecha sua janela e se joga na cama tentando dormir, mas sua mente agitada não o permitia cair no sono. Mais algumas horas se passam e o Sol logo desponta no horizonte, anunciando o novo dia, e, juntamente ao astro rei, veio a esperança, pois para Embry: "Sol" queria dizer "Dia" e "Dia" queria dizer que "Andy viria a La Push". Somente lembrar dela não o acalmava, talvez ele precisasse realmente estar com ela para finalmente ter um pouco de paz.

O despertador toca em seu criado-mudo, anunciando que era hora de se arrumar para a aula. O quileute realmente decide enfrentar o período escolar, mesmo sabendo que encontraria alguns membros da matilha por lá, por lá, pois aquele era seu último ano e não queria estragar tudo por causa deles.

As aulas em si não lhe eram um grande problema, a dificuldade maior acabou surgindo durante o intervalo, onde todo o bando sentava-se na mesma mesa para lanchar... Praticamente toda a escola da reserva notou o momento em que Embry apanhou seu almoço e se sentou numa mesa diferente, bem distante de seu costumeiro grupo. O refeitório tornou-se silencioso, pois todos os olhares surpresos pareciam passear da matilha para Embry e depois de volta para a matilha, tornando o momento bastante constrangedor.

Quando as aulas chegaram ao fim, ele rapidamente se colocou a caminho de casa, não dando nenhuma chance para alguém lhe falar, pois, quanto antes se encontrasse com Andy, melhor seria para sua saúde mental.

Olhos de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora