O Beijo do Vampiro

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Pela última vez Andy visitou a praia de La Push, esperando poder se despedir de Embry antes de aceitar a proposta de esquecimento de Gregory, mesmo não entendendo "como" ele faria tal proeza.

― Um, dois, três, sigo reto outra vez – cantava num sussurro –, quatro, cinco, seis...

Houve o silêncio.

Não ter sua música completada simbolizava que não existiria encontro e, sem encontro, não haveria despedida. Andy não deixou de pensar que talvez fosse melhor assim, que talvez devesse desaparecer definitivamente, sem despedidas, sem condolências, sem brechas para a desistência. Se Embry seguiu em frente como aparentava ter feito, talvez ela devesse fazer o mesmo e nunca mais pisar em La Push novamente...

― Andy! – chama uma voz familiar.

Ela nada respondeu e, julgando não ter sido reconhecido, o quileute logo se identificou:

― Sou o Quill, lembra-se de mim? – Ela confirma com a cabeça. – Você continua vindo a La Push depois daquilo... Precisa de alguma coisa?

― Preciso ver o Embry, é importante – responde finalmente, encontrando no garoto a sua frente a esperança de finalmente encontrar-se com o Call depois de tantos dias.

Quill se aproxima de Andy ciente de sua deficiência, mas não tinha experiência nenhuma e não sabia o que fazer. Porém, compreendendo perfeitamente o seu lado, ela apenas segura com a mão direita o interior de seu braço esquerdo, pedindo que ele apenas caminhasse, pois o seguiria perfeitamente bem daquela forma.

Aquilo não parecia difícil afinal – e realmente não era. Andy era tão experiente no que fazia que parecia enxergar perfeitamente o trajeto que estava percorrendo e o lobo achava aquilo realmente incrível. E depois de vários minutos de uma caminhada silenciosa e constrangedora, Quill para diante da casa de Sam. A reunião já havia sido começada e somente ele não estava presente nela, mas o que poderia fazer se o seu senso de justiça e retidão lhe mandaram falar com a humana?

― Estamos em frente à casa de um amigo, Embry está lá dentro – explica num sussurro, tentando não ser ouvido pelos outros lobos.

― Pode me deixar de frente para a porta? Eu poderei entrar sozinha a partir daí – fala no mesmo tom.

Ele concorda, caminha mais alguns passos ajeitando-a como fora pedido e alertando-a sobre a quantidade de degraus que compunham a escada. Tudo o que Quill não queria naquele momento, era que algo desse errado.

O quileute entra na casa, sendo seguido lentamente pela humana que tremia da cabeça aos pés. Não se ouvia som algum dentro da casa porque, àquela altura, os lobos identificaram a presença de uma visitante e tornaram-se mudos quando perceberam de quem se tratava. Somente Embry parecia fora daquela realidade, não percebendo a presença de Andy se aproximando, não reconhecendo o seu cheiro ou o timbre de sua voz...

― Embry – chama Quill, atraindo a atenção daqueles olhos fundos como os da morte. – Tem visita pra você!

Embry continuava sentado à mesa, no mesmo lugar e da mesma forma que quando chegara a casa, antes da reunião começar. Em sua mão direita estava um solitário e vazio copo de vidro, que fora apertado com certa força quando seu olhos castanhos viram a imagem de Andy surgindo na porta.

Ela entra no cômodo com passos lentos, pé ante pé, não sabendo se existia mais alguém ali além dele e Quill. Seu cheiro logo se espalha pelo local fazendo a pele do lobo cinzento se eriçar e seus olhos se fecharem imediatamente... Ah, como ela cheirava bem, quantas saudades sentia daquela fragrância, ele definitivamente já se sentia melhor somente por ela estar ali, tão perto dele.

Olhos de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora