Acerto

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Embry estava mesmo lá, isso queria dizer que era dele aquela silhueta. Andy nunca teria certeza se aquela visão turva realmente era uma pessoa, afinal, não sabia o que era "ver", mas preferia acreditar que sim e preferia acreditar que era o quileute. Por alguns minutos ela o enxergou, não sabia como ou porquê, mas enxergou, e, mesmo que tudo tenha escurecido no final, ela estava feliz.

Muitas coisas ainda voavam por sua mente sem uma confirmação definitiva, como o porquê dele tê-la salvado, dele se importar ou segurar a mão dela naquele momento. Pensando melhor naquele assunto, Andy lembrou-se de outros acontecimentos, e, sem querer ser rude, mas, ainda assim, deixando claro sua intenção, retirou sua mão do aperto de Embry, deixando-o triste: ela não queria a sua aproximação naquele instante.

― Onde está Gregory?

― Longe... Muito longe e não irá mais perturbá-la.

― Ele me mordeu – conta num sussurro, como se o que estivesse dizendo fosse loucura.

Andy toca o ombro instintivamente e, ao notar que havia um curativo ali, percebe que não estava tão maluca quanto imaginava. Um fragmento de memória lhe vem à mente, sobre o segredo que Embry lhe contara a respeito de lobos e de lendas quileutes, tudo parecia fazer sentido agora, depois do que Gregory fizera e provara que existia. E ainda tinha aquela coisa grande a qual ele montara e que sacolejava brutalmente, ela poderia não estar em seu juízo perfeito naquela hora, no entanto, sabia que não se tratava de um cavalo.

― Ele era pirado, mas está longe agora – diz o quileute, completando um raciocínio que ela não ouvira.

― Lembra-se daquelas histórias de lobo, daquele segredo que me mostrou e que... – Engole em seco. – Obviamente eu não vi?

― Lembro...

― São reais? Digo... Reais de verdade?

― Sim, cada palavra era real, eu lhe mostrei... Você o sentiu.

― Senti? – pergunta retoricamente, se lembrado do animal que tocou e que pensara ser uma piada. – O que eu senti? – Suas mãos começam a tremer.

― Eu.

Andy fica em silêncio, esperando por mais explicações.

― Aquele lobo era eu... Sou um metamorfo, um humano capaz de assumir a forma de um lobo.

― E Gregory?

― Gregory não era um lobo, mas também não era humano... Era outro tipo de coisa – cospe a última palavra, sentindo uma pontada de raiva ao lembrar-se dele.

― Um vampiro.

Agora foi Embry a preferir o silêncio, buscando entender como ela chegara àquela conclusão tão depressa.

― Ele me fez sentir sua boca e seus dentes, eles cresceram – continua num cochicho. – Parece uma loucura falando isso em voz alta, porém, eu acredito agora... Foi muito assustador.

Um tremor atravessa o corpo de Andy. Ela vestia apenas uma camisola hospitalar e Embry não sabia se aquilo era medo ou frio, já que as cobertas não protegiam mais o seu tronco. Por via das dúvidas ele sentou-se na cama e a abraçou, espantando o que quer que fosse com seu calor.

Andy apenas deixou-se envolver, tentando não se apegar ao gesto que já fazia um reboliço em seu interior. E depois de alguns segundos ela tenta empurrá-lo, tenta se desfazer seu abraço aconchegante, mas Embry não estava disposto a deixá-la ir, pelo menos, não de novo.

― Solte-me, Embry – pede com voz firme.

― Que bom que... Está melhor! – sussurra ele em seu ouvido, pausadamente, fazendo-a arrepiar.

Olhos de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora