Quando a Magia Acontece

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Sua fala parecia estar travada em sua garganta e seus olhos se arregalam diante de tão bela criatura. As vozes dos banhistas ao seu redor desapareceram, o som das ondas se quebrando havia sumido, a paisagem a sua volta também parecia ter se apagado e até mesmo o cheiro salgado se dissipou.

O quileute sentia como se sua alma estivesse sendo tragada daquele mundo por aqueles olhos de um azul profundo e penetrante, fazendo com que tudo de importante em sua vida desaparecesse. As correntes de sua existência se desprendem do mundo, do oxigênio, das pessoas, prendendo-se novamente aquela garota ainda desconhecida. Embry pode sentir como se sua vida se resumisse a ela, como se seu nascimento fosse milimetricamente calculado para ela, para protegê-la, amá-la e fazê-la feliz.

O lobo podia sentir a alegria explodindo em seu peito, pois finalmente havia chegado a sua vez, finalmente era ele a ter um imprinting. Ele a tinha procurado por tantos anos que, agora que a tinha ali, mal sabia como reagir, tinha medo de assustá-la...

Os olhos negros de Embry observam o rosto da menina com admiração, àquela era uma joia rara, preparada única e especialmente para completá-lo. Ele não queria deixá-la ir nunca, queria decorar cada detalhe de seu rosto e arquivar seu cheiro na memória, para encontrá-la onde quer que fosse.

Seus dedos morenos faziam um lindo contraste com a pele branca da menina, os cabelos ruivos caiam lindos e livres por suas costas, e seus olhos eram de um azul-celeste que pareciam penetrar em sua alma e despi-lo de toda e qualquer máscara.

― Seus olhos são lindos! – Deixa escapar.

Ela sente as bochechas queimarem e, se Embry não estivesse tão perdido em sua íris azulada, teria notado o quanto seu rosto estava vermelho.

― Qual é o seu problema? Você é sempre assim?

― Como? – pergunta ele confuso.

― Fico muito grata por ter me ajudado, mas isso não lhe dá o direito de atrapalhar minha leitura e ficar tentando me seduzir.

― Não estou tentando te seduzir, eu...

― Você o quê? Perdeu-se em minha beleza? – ironiza.

― Foi justamente isso! – confessa, finalmente reparando a pele alva tornar-se avermelhada.

Embry tenta conter o sorriso, sua confissão a balançara de certa forma e isso era um ponto a mais para ele em sua jornada de conquista. Ele retira sua mão do queixo feminino e fica a admirá-la enquanto retornava a sua leitura. Em apenas alguns segundos, ela já parecia totalmente absorta, esquecendo-se de sua presença ali, e, sorrateiramente, o quileute senta-se ao seu lado.

Quando pequeno, Embry costumava desenhar anjos durante suas aulas de artes, na escola, mas agora que estava crescido, pensava que se os anjos realmente existiam, deviam ser muito parecidos com ela. Até mesmo a maneira com que seus lábios se moviam de forma muda, acompanhando as palavras imprimidas naquelas páginas, podia ser considerada angelical.

― O que está lendo? – pergunta ele depois de alguns minutos de silêncio.

― Ainda está aqui? Pensei que já tinha ido embora.

― Você é sempre assim? – pergunta rindo.

A menina suspira impaciente e fecha seu livro com certa força, o estranho garoto não parecia disposto a se calar e, com certeza, não a deixaria ler em paz. Ela tomba a cabeça em sua direção e questiona:

― Assim como?

― Arisca.

― Somente com quem não conheço.

Olhos de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora