Visita ao Asilo

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Nos dias que se seguiram Andy se esforçou para não pensar em Embry, mas a lembrança dele estava sempre ali, no cantinho de sua mente, aflorando a todo instante. Bastava abrir os olhos pela manhã para que o nome dele aparecesse em seu pensamento como um fantasma, afligindo-a de amores e fazendo-a lembrar de que aquilo não fora apenas um sonho.

Todos os dias, a cada vez que pensava "Embry", o coração batia de forma descontrolada e um sorriso brotava em seu rosto com as agradáveis lembranças que tinha dele. Todavia, não demorava muito para tudo ser sugado por algo que só poderia ser descrito como: dor.

Seu corpo parecia chorar junto a seus olhos e seu coração, ansiando estar novamente na presença do quileute nem que fosse por míseros segundos. Todas as tardes, Andy seguiu caminho à La Push, cantarolado seu mapa musical para não se perder no caminho e esperando por, pelo menos, uma hora, antes de se decepcionar com a ausência dele.

Ele não queria mais vê-la, talvez nunca mais, mas, ainda assim, ela o procurava.

E nestes mesmos dias Gregory esteve atrás dela, observando satisfeito o seu fim de relacionamento e sofrendo ao mesmo tempo, por ver sua escolhida tão abatida por causa de um "cão sarnento". O vampiro não ousara se aproximar, mesmo sabendo que ela ainda procurava pelo quileute fedorento. Ele a queria de uma forma obsessiva, desejando-a como nunca havia desejado qualquer humana ou vampira e querendo que ela o escolhesse no lugar de Embry.

Gregory preferia que ela viesse por livre e espontânea vontade e estava trabalhando para persuadi-la. No entanto, não era tolo em achar que a deixaria livre se não o escolhesse. No fim, se Andy não optasse por ele, o vampiro estava disposto a tomá-la da mesma forma.

Depois dos dolorosos e solitários dias da humana, finalmente chega o final de semana, o período de visita ao asilo e a sua avó, Dolores. Aquele era o único dia em que Andy deixava-se ser guiada por uma bengala, mesmo que não gostasse muito dela, pois, além da falta de prática, sentia sua deficiência exposta e sujeita a críticas. Mas ela sabia que não havia outra forma, pelo menos não naquelas ruas tão mal cuidadas e com calçadas cheias de irregularidades.

Ela lembrava-se muito bem do dia em que tropeçara numa das crateras na calçada, batendo a testa num telefone público em seguida... Andy suspira profundamente, tentando se concentrar na visita que faria a avó. Precisava aparentar estar bem melhor do que estivera nos últimos dias e, quando finalmente chegou aos portões do prédio, deu leves batidas no rosto antes de finalmente entrar.

― Bom dia, Andy – diz a recepcionista. – Precisa de ajuda para ir até o quarto? – pergunta solícita.

― Ela está no mesmo quarto ou foi transferida?

― Finalmente ela parece ter encontrado um quarto que goste e não pediu para trocar, continua sendo o mesmo, terceiro quarto à esquerda...

― Neste caso, posso ir sozinha, obrigada!

A recepcionista se despede educadamente e, durante todo o caminho até o quarto, enfermeiras e médicas lhe saudaram com extrema educação. Todos ali a conheciam, incluindo os próprios moradores do asilo e não demorou muito para que eles também a cumprimentassem.

Minutos depois, com duas batidas na porta, Andy finalmente estava no quarto destinado ao conforto de sua avó, abraçando-a com carinho e dando um beijo estalado em sua cabeça coberta de fios brancos.

― Minha Andy, quantas saudades, como está?

― Muito bem. – Dá um sorriso torto.

― E o menino da reserva? – pergunta sem rodeios, fazendo a neta enrijecer.

Andy se senta na cadeira ao lado da cama, como sempre fazia quando visitava a idosa. Seu corpo permanecia de lado, não tinha coragem de olhar a avó e expor todo o sofrimento que vinha sentindo.

Olhos de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora