Menina dos Meus Olhos - Parte I

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― É claro que não! – exaspera-se Andy, afastando-se de Embry. – Bem, eu... Não é como se não quisesse... Eu quero, mas... Faço isso apenas para conhecer as pessoas melhores... Digo, sem ter que me basear apenas em sua aparência física... Ah!

Andy afunda o rosto nas mãos, sentindo a vergonha queimar toda a extensão de sua face. Fora pega de surpresa com aquela pergunta e não conseguira fazer nada além de se desesperar e gaguejar. Foi pensando melhor naquele assunto que ela se deu conta do quanto suas palavras se pareceram com uma cantada e do quanto suas ações a fizeram parecer uma garota frívola, se jogando para cima dele.

― Me desculpe, Embry! – pede ainda com as mãos no rosto. – Não quero que pense que eu sou...

― Nunca! – interrompe ele. – Você não é o "seja lá de ruim" que esteja pensando. Eu é que devo pedir desculpas, perguntei apenas por impulso, não queria constrangê-la ou insinuar nada.

O quileute sentia-se um pouco culpado por causar tal constrangimento à dona dos cabelos alaranjados. Fizera a pergunta na esperança de saber se ela estava comprometida ou se ainda estava livre para se apaixonar, mas acabou sendo um fiasco.

Levou certo tempo para que Andy baixasse as mãos de seu rosto. Em silêncio e mirando o movimento das ondas, ambos ficam parados, desfrutando da proximidade um do outro enquanto seus ouvidos captavam o murmurar do oceano. Durante um longo tempo nenhum deles se moveu, porque sabiam que qualquer gesto ou palavra poderia quebrar o instante mágico, trazendo de volta aquela situação constrangedora.

Embry era o único a desejar que aquela cena durasse para sempre. Andy ali, ao seu lado, era tudo o que ele precisava, mas sabia que não seria possível – pelo menos, não ainda.

― Preciso ir – sussurra Andy, afundando as mãos nos bolsos de seu casaco.

― Sim, eu imaginei que precisasse – comenta no mesmo tom.

― Posso pedir-lhe um favor?

― Qualquer um, a quem devo matar? – brinca, tentando espantar o clima ruim.

― Ninguém. – Ri, sentindo-se mais à vontade. – Irei visitar minha avó neste fim de semana, gostaria de tirar algumas fotos da reserva e da praia de La Push para que ela conhecesse o lugar. – Retira a mão direita do bolso, trazendo uma máquina digital à tona. – Não tenho muito talento com fotografias, nem muito tempo para tirá-las. Sei que acabamos de nos conhecer, mas, poderia tirar algumas fotos para mim? – pergunta receosa.

― Seria um prazer!

― Legal! – Sorri, estendendo a máquina na direção do quileute. – Amanhã eu volto para buscá-la...

Ele apanha o objeto, cobrindo os dedos de Andy com os seus próprios e levando mais tempo do que o necessário para retirá-los. A ruiva sente suas bochechas inflamarem e, por possuir uma pele muito alva, era visível a vermelhidão que se concentrava ali.

― Essa máquina é a garantia de que nos veremos de novo amanhã?

― Sim, é sim – responde desconcertada.

Embry sorri, despedindo-se em seguida e prometendo tirar boas fotos, enquanto a via se afastar com passos lentos. Doía-lhe levemente o peito vê-la partir, mas sabia que era consequência de seu imprinting e que ela voltaria no dia seguinte.

Assim que seus olhos não a enxergavam mais, Embry ligou a câmera e fuçou o cartão de memória em busca de fotos de sua Andy, mas estava completamente vazio. Ele se levanta do tronco velho e de aspecto feio, e, durante todo o caminho de volta, cobriu o ar com flashs e clics da máquina digital, registrando tudo o que achava bonito ou interessante para que pudesse se surpreender.

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