Capítulo 9

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Pelo resto do dia, Sherlock não teve que se preocupar na confusão em sua mente toda vez que ficava perto do hóspede, pois Watson informou que tinha algumas entrevistas de emprego marcadas em alguns hospitais e clínicas na cidade. O jovem então pode focar em finalmente terminar seu experimento sobre lama e pegada e postar um artigo detalhado em seu site, torcendo que isso mostrasse para as pessoas sua capacidade intelectual e, com isso, conseguisse mais clientes com casos mais interessantes. Estava cansado de receber pedidos de ajudas de esposas que queriam que o detetive comprovasse que seus maridos a estavam traindo. Ele não era aquele tipo de detetive, mas ninguém parecia entender isso.

Quando já era noite, o jovem ouviu passos no corredor, e ele deduziu que provavelmente Watson tinha voltado para casa. Curioso, abriu a porta e o encontrou indo para seu quarto.

-Ei. - chamou.

John se virou e sorriu, mas pela sua expressão, o moreno nem precisava perguntar como tinham sido as entrevistas. Seus ombros estavam curvados e ele parecia sufocado com a gravata que inutilmente tinha usado para tentar impressionar os chefes.

-Sinto muito. - disse Sherlock.

-Tudo bem, eu imaginei que seria difícil. Eu não tenho muita experiência mesmo, trabalhei pouco tempo depois que me formei.

-Eles deveriam levar em consideração o tempo que você trabalhou no Afeganistão. Você tem muito mais experiência que todos os outros médicos, tenho certeza.

-Obrigado, Sherlock. Você é sempre muito educado.

O moreno sorriu, tímido. Não estava acostumado a ser educado, mas sentia uma necessidade pulsante em animar o outro.

-Eu vou tentar dormir um pouco. Boa noite, Sherlock. - disse, entrando em seu quarto, antes que o outro pudesse responder.

Sherlock voltou para seu quarto, mas a tristeza do outro estava influenciando seu humor. Ficou rolando na cama por um tempo, imaginando que, se ele não estava conseguindo dormir, seu hóspede estava em um estado bem pior. De repente, uma ideia surgiu em sua mente. Lembrou-se da conversa que eles tinham tido no dia anterior, antes da janta. Levantou-se e começou a tocar seu violino. Não seguiu nenhuma partitura, apenas tocou uma melodia suave, quase uma canção de ninar. Tocou até se sentir mais calmo, e quando a música acabou, sussurrou para si mesmo:

-Boa noite, John.

***

Dia seguinte, Sherlock acordou cedo e resolveu conferir seu site. Viu que haviam novos pedidos solicitando seus serviços de detetive. Desde a chegada de seu hóspede, ele havia se distraído um pouco de sua profissão e do seu plano de sair de casa. Para isso, ele precisava trabalhar e receber dinheiro, mesmo que significasse pegar casos que fossem inferiores a sua capacidade intelectual. Não tinha nenhum caso extraordinário, mas um caso chamou sua atenção, de forma que ele o aceitou na hora e saiu correndo do quarto.

-Onde você vai? - perguntou Timothy, que estava tomando café da manhã na cozinha.

-Trabalhar. Tenho um novo caso.

-Não vai tomar café da manhã?

-Não estou com fome, e estou com pressa.

-Você só toma café da manhã com o Watson, é isso? - disse seu pai, rindo.

Sherlock sentiu seu rosto queimar, e antes que seu pai visse o que sua piada havia causado no filho, saiu correndo de casa. Como o caso não era tão complexo, chegou em casa um pouco depois da hora do almoço. Quando entrou na sala, encontrou seus pais e Watson em frente a TV, assistindo algum filme que o jovem não reconheceu.

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