A primeira coisa que Sherlock resolveu fazer foi sair de casa e comprar um cigarro. Enquanto caminhava pelas ruas, pensava em tantas coisas ao mesmo tempo, que parecia que não passava nada em sua mente.
John Watson não o amava.
John Watson foi embora.
Quando o jovem tragou o cigarro, esperou que a nicotina imediatamente afastasse esses pensamentos, mas nada aconteceu. A dor continuava lá.
Ele se arrastou até a praça mais próxima, o mesmo lugar que ele já sentou algumas vezes antes para refletir. Holmes queria gritar, mas continuou fumando, enchendo os pulmões.
Ele se sentia um idiota. Toda a sua vida ele havia sido racional, e foi só ver um homem bonito que ele jogou tudo isso para o alto. Como podia ter sido tão burro? Era óbvio que não daria certo.
John não o amava e nunca o amou. Eles haviam brigado tantas vezes. Watson era apenas um idiota, como todos as outras pessoas. Sherlock sempre defendeu que ficaria melhor sozinho, e ele deveria ter continuado assim. Pessoas e sentimentos só trazem problema.
Quando percebeu, metade do maço já havia sido consumido. Estava lá há mais tempo do que pensava. Sentiu o odor do cigarro inalando de si e ficou levemente enjoado. Guardou o maço no bolso e se levantou.
Saindo do parque, passou por um casal passeando, de mãos dadas. O jovem ficou enjoado, sentindo um gosto ruim invadir sua boca. Antes de conseguir pensar, marchou até o casal, com raiva e disse:
-Isso não vai durar.
-O que? - perguntou o cara, confuso.
-O romance. O amor. Essa vida patética de casal. Vocês vão brigar, até que vão perceber que não se amam, e vão embora.
-Como é que é? - perguntou o homem, irritado e dando um passo para frente.
Antes que pudesse responder, a mulher puxou seu namorado para trás.
-Deixa ele amor, ele está triste. - disse, com empatia.
-Eu não estou triste. Estou com uma puta raiva. - respondeu Sherlock, ríspido.
O casal o encarou por um tempo, até que o cara sussurrou "maluco" e puxou sua namorada para longe.
-Depois não digam que eu não avisei! - berrou para o casal que se afastava.
Algumas pessoas do parque começaram a o encarar e Holmes voltou a caminhar para casa, com passos largos. Ele realmente se sentia maluco.
A nicotina começou a fazer efeito em seu corpo, e seus pensamentos se tornaram embolados. Entrou em casa e, enquanto subia as escadas, passou por sua mãe.
-Espera aí. - ela disse.
Sherlock parou, mas não olhou para trás.
-Você fumou? - perguntou a mãe.
-Não. - resmungou.
-Você está fedendo a cigarro. - retrucou.
Sherlock apenas deu de ombros, e voltou a subir a escada.
-Sherlock Holmes, pare agora e olhe para sua mãe! - ameaçou.
Mas o jovem continuou subindo, a ignorando.
-Você está de castigo! - berrou, mas o moreno já estava em seu quarto trancando a porta.
Não se importava em estar de castigo. Não tinha planos para sair do quarto mesmo.
Deitou na cama, sentindo a cabeça latejar. Ficou encarando o teto, até que sua visão começou a ficar borrada.
Ele estava chorando.
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O Hóspede
FanfictionSherlock Holmes, jovem de 21 anos, ainda mora com os pais. Não por vontade própria, mas ser o único detetive consultor do mundo não garante uma renda fixa para sair de casa. Por isso, Sherlock conta os dias (e as moedas) para conseguir sua independê...