John ficou no quarto até a hora do jantar, quando não teve opção, a não ser ir para a cozinha. Desceu as escadas tenso, ansioso em como seria seu encontro com Sherlock, mas ao chegar na cozinha, não encontrou o moreno.
-Quando ele fica daquele jeito, nunca aparece para comer. - avisou Wanda, como se soubesse que seu hóspede estava pensando em Sherlock.
Watson apenas assentiu e sentou-se junto com os Holmes. Tentou conversar normalmente, mas não conseguiu se concentrar no assunto. Ficava pensando em Sherlock, e até pensou em perguntar para seus anfitriões sobre a situação do mais jovem com o tabaco, quando se lembrou das frias palavras ditas mais cedo. Resolveu jantar em silêncio, e quando terminou de comer, agradeceu pela comida, se despediu e voltou para seu quarto.
Horas mais tarde, John acordou com batidas de leve na porta. O loiro olhou para o relógio, confuso. Estava bem tarde e logo ficou preocupado. Ouviu outra batida leve na porta.
-Watson? - chamou Sherlock, do outro lado.
John então se lembrou da briga com o moreno, e sentiu-se indisposto. Sua voz não estava com o mesmo tom irritado de antes, mas mesmo assim o loiro esperou alguns segundos antes de abrir a porta. Holmes sorriu quando viu Watson, mas como não recebeu nenhum sorriso de volta, ficou tenso.
-Podemos conversar? - perguntou o moreno, visualmente nervoso.
-Está tarde. Talvez amanhã. - respondeu.
Watson começou a fechar a porta, mas o mais novo a segurou e disse:
-John, por favor.
A tristeza em sua voz e o fato de ele ter dito "John" fizeram o hóspede parar. Desde que havia chegado na residência Holmes, o outro só o havia chamado de Watson.
-Tudo bem. - disse, abrindo a porta e o deixando entrar.
Sherlock entrou e ficou parado no meio do quarto. John sentou-se na beirada da cama e cruzou os braços.
-Então? - perguntou o loiro, incentivando o outro a começar a falar.
-Certo. Bom, acho que primeiro eu deveria me desculpar.
-Você acha? - perguntou, irritado.
-Não, eu tenho certeza. Eu preciso te pedir desculpas. Você só estava tentando ajudar. Eu estava chateado com meus pais e descontei em você. Você está certo, o tabaco não é saudável, eu não devo fumar mais. Sinto muito. - disse, rápido.
John assentiu com a cabeça, mas não disse nada. As desculpas do outro pareciam ensaiadas, de forma que não compensavam pelas palavras de mais cedo. Sherlock provavelmente percebeu que suas desculpas não tinham funcionado, pois disse:
-Bom, eu sabia que esse momento iria chegar. Só esperava que não chegasse tão cedo. Mas, sendo sincero, acho que eu até bati meu recorde.
-Do que você está falando? - perguntou Watson, confuso.
-Você não é o único com coisas ruins para contar. Você sabe que eu não tenho amigos e que todos me acham uma aberração, certo?
John assentiu, e Sherlock continuou:
-Bom, não é só pelas minhas deduções e por eu ter criado meu emprego. Nem é por eu não conhecer filmes como Matrix ou Jurassic Park. É porque... bem... eu não sei como me portar com outras pessoas. Eu não sei explicar. Mas interações sociais são difíceis para mim. As vezes eu sou insensível, indelicado e grosso. Eu machuco os sentimentos dos outros sem nem perceber. E eu nem faço de propósito, eu não tenho o objetivo de magoar ninguém, eu apenas...
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O Hóspede
Fiksi PenggemarSherlock Holmes, jovem de 21 anos, ainda mora com os pais. Não por vontade própria, mas ser o único detetive consultor do mundo não garante uma renda fixa para sair de casa. Por isso, Sherlock conta os dias (e as moedas) para conseguir sua independê...