John estava sentado no banco, dentro da cela. Ao seu lado, havia outros detidos por pequenos delitos naquela noite. Watson fechou os olhos e encostou a cabeça na parede. Sentia suas mãos tremendo e seu coração bater forte no peito. Em sua mente, a cena do homem caindo no chão com o rosto sangrando passava em um loop, e aos poucos, ia se misturando com as cenas que ele viu no Afeganistão. De repente, em seu loop não havia mais um homem caído, mas sim vários homens, todos feridos, todos sangrando...
Quando sentiu que estava prestes a perder o controle, a cela se abriu e um policial chamou seu nome. Levantou-se e colocou as mãos no bolso, em uma tentativa de fazer com que elas parassem de tremer. Seguiu o policial apor alguns corredores, até que chegaram em uma sala onde Watson pode pegar seus pertences.
-Estou liberado? - perguntou o loiro, confuso.
-Sim, pagaram sua fiança. Pode ir. - respondeu o policial, sem paciência.
Watson pegou suas coisas e foi conduzido para fora da delegacia. O loiro olhou ao redor, confuso, quando viu um carro estacionado em frente ao prédio. Do lado do carro, Wanda e Timothy o esperavam. John sentiu seu sangue gelar. Foi tomado por tanta vergonha que não conseguiu encarar os Holmes nos olhos, então fitou o chão enquanto se arrastava até o carro. Assim que se aproximou, viu Sherlock dormindo no banco de trás do carro, com a cabeça apoiada na janela.
-Ele está bem? - perguntou Watson, apontando para Sherlock.
-Sim, ele só precisa descansar um pouco. Amanhã estará melhor. -informou Wanda.
John suspirou, aliviado. Enquanto estava preso, perguntou diversas vezes sobre o jovem, mas ninguém lhe respondeu. Saber que Sherlock estava seguro o acalmava, mas não completamente, visto que o médico ainda sentia seu coração apertado no peito.
-Eu sinto muito, eu... - começou.
Timothy apenas ergueu a mão, seu gesto pedindo para que Watson parasse de falar.
-Está tudo bem. Só vamos para casa e amanhã conversamos, certo? - disse Timothy.
John apenas assentiu e entrou no carro. Assim que se sentou ao lado de Sherlock, o jovem abriu os olhos de leve.
-Jawn? - chamou baixo.
-Está tudo bem, estou aqui. Estamos indo para casa. - respondeu, em um tom doce.
Sherlock sorriu, ainda sobre o efeito do álcool, e mudou de posição, se ajeitando para deitar sobre o peito do mais velho. Em outras circunstâncias, o loiro teria adorado aquele contato. Mas, depois de todos os acontecimentos daquela noite, ter Sherlock tão perto assim era a última coisa que ele queria.
Timothy e Wanda entraram no carro e todos seguiram para casa. Os Holmes estavam tendo dificuldade em carregar o filho para seu quarto, já que o jovem mal conseguia se manter me pé, até que o hóspede perguntou:
-Vocês querem que eu o leve?
Wanda assentiu, e Watson se aproximou. Sherlock não estava mais tão falante como no bar, mas quando ele viu o outro se aproximando, sorriu e ergueu os braços.
-Jaaawn. - chamou.
O hóspede torceu para seu rosto não ter corado, e pegou o outro no colo com grande facilidade. John sentiu o olhar dos Holmes em si enquanto subia as escadas para levar o moreno para seu quarto. Assim que chegou, colocou Sherlock gentilmente na cama.
-Você vai ficar aqui comigo essa noite? - perguntou o jovem, dengoso.
-Não, querido. Apenas, descanse, ok? - disse, carinhoso, ajeitando o outro na cama.
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O Hóspede
Fiksi PenggemarSherlock Holmes, jovem de 21 anos, ainda mora com os pais. Não por vontade própria, mas ser o único detetive consultor do mundo não garante uma renda fixa para sair de casa. Por isso, Sherlock conta os dias (e as moedas) para conseguir sua independê...