O sol da manhã batia levemente na pele de Sherlock, e ele apenas fechou os olhos e respirou fundo. O parque não estava cheio, de forma que ele podia ouvir o canto dos pássaros sem se esforçar. Ele sempre amou ir naquele parte naquela hora do dia, pois podia ficar sozinho em paz. Mas agora estava ainda mais feliz por ter John ao seu lado.
O médico estava concentrado em comer o sanduíche que eles trouxeram para o picnic. Naquele dia, a clínica estava fechada, então os dois aproveitaram para ter um encontro no parque preferido do moreno.
Mas eles não ficavam juntos apenas nos dias de folga. Semanas se passaram, e aquela havia se tornado a nova rotina na vida de Watson: trabalho pela manhã, resolver casos com Sherlock pela tarde e, a noite, ou passava tempo com toda a família Holmes ou aproveitava apenas a companhia do mais novo. Independentemente se estavam correndo pelas ruas de Londres, comendo em restaurantes ou assistindo filmes em casa, os dois passavam a maior parte do tempo juntos. Agora que não havia mais segredo, podiam aproveitar cada segundo sem temer que os Holmes chegassem em casa a qualquer momento.
Óbvio que não era tudo sempre perfeito. As vezes Sherlock ficava irritado por não conseguir resolver um caso, e acabava sendo um pouco insensível. Mas eles haviam prometido sempre fazer as pazes após qualquer discussão, então após um rápido pedido de desculpa e um beijo eles já voltavam para a estabilidade de sempre.
Mas, apesar de eles sempre se resolverem no final, Sherlock estava preocupado naquele dia. John parecia levemente distante, e um pouco exitante até. O mais jovem repetia para si mesmo que era coisa da sua cabeça, mas ele conhecia seu hóspede bem demais. Era evidente que Watson estava escondendo algo, bastava saber o que era.
-Quer mais um sanduíche? - perguntou o loiro, despertando o outro de seus pensamentos.
Holmes apenas negou a cabeça e voltou a observar as pessoas no parque. Deduzir as pessoas era tão natural quando respirar para ele. Mas, quando se tratava do homem ao seu lado, por seus sentimentos estarem envolvidos, ele não conseguia chegar na resposta correta.
Percebendo que não havia outra alternativa, o jovem se voltou para John e perguntou, sério:
-Certo, o que aconteceu?
Watson se engasgou com o sanduíche, assustado com a pergunta. Depois de beber um pouco de água, deixou o lanche de lado e disse:
-Não sei do que você está falando...
-Sabe sim. Você me convidou para esse picnic hoje, mas desde que chegamos, você tem agido todo estranho.
-Estranho como?
-Tenso, como se a qualquer momento você fosse me falar algo que não soubesse qual seria minha reação. Você tem algo a me dizer, por isso me chamou para esse picnic. Mas eu não consigo deduzir o que é, então você vai ter que me contar.
John mordeu os lábios, mas depois deixou escapar um suspiro.
-Eu não consigo esconder nada de você, não é mesmo?
Sherlock sentiu o coração acelerar, mas se preparou para ouvir o que o outro tinha a lhe dizer.
-Você tem razão, eu não te trouxe aqui só para ter um encontro. Eu preciso te dizer que...
-Se você falar que vai sair de casa de novo, juro que jogo os sanduíches na sua cara. -interrompeu.
Watson riu, o que amenizou um pouco o clima. Apenas com aquela risada, o moreno percebeu que seu hóspede não iria dar uma má notícia.
-Eu não vou embora. E é exatamente sobre isso que eu quero falar. Essas últimas semanas foram ótimas, de forma que eu nunca me senti mais feliz. O que é loucura, porque quando nos beijamos pela primeira vez, eu pensei que não teria como melhorar. Mas sempre melhora, a cada dia que eu fico ao seu lado, eu fico sempre mais feliz.
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O Hóspede
FanfictionSherlock Holmes, jovem de 21 anos, ainda mora com os pais. Não por vontade própria, mas ser o único detetive consultor do mundo não garante uma renda fixa para sair de casa. Por isso, Sherlock conta os dias (e as moedas) para conseguir sua independê...