Capítulo 50

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Quando todos voltaram para casa, os Holmes se despediram e foram direto para seu quarto. Sherlock estava prestes a fazer o mesmo, quando John disse:

-Até que eu estou triste por seu irmão não ter dormido aqui essa noite.

O moreno o olhou, confuso, e o outro continuou:

-Ele dormindo aqui, eu teria que ir para seu quarto, e então poderíamos repetir nossa festa do pijama...

John deu um sorriso malicioso, mas o detetive não correspondeu, muito menos corou. Ele estava com um olhar distante, e até mesmo um pouco triste. O médico percebeu e mudou sua fala, tentando animá-lo de outra maneira:

-Aí nós poderíamos assistir a algum documentário de serial killer, como você pediu hoje.

Mas Sherlock continuou sem reação, deixando o outro ainda mais preocupado.

-Querido, está tudo bem?

-Sim. - respondeu, talvez rápido de mais.

-Você sabe que nunca precisa fazer nada que não quiser, então quando eu comentei de dormir no seu quarto, nós não precisamos necessariamente...

-Eu sei. Está tudo bem. - interrompeu.

Watson continuou encarando, até que o outro deu uma risadinha debochada.

-O que foi? - perguntou o médico.

-É chato não é? Quando a outra pessoa diz que está tudo bem, quando claramente não está. - respondeu.

-O que você quer dizer?

-Nada, esquece. - disse baixo, quase em um sussurro.

-Sherlock, o que aconteceu? - insistiu.

-Já disse que nada. Só não estou no clima.

O mais novo revirou os olhos e começou a se afastar, mas John segurou seu braço.

-Seu irmão disse alguma coisa que te irritou, foi isso? Se ele te magoou de alguma maneira, eu juro que eu vou...

-Céus, John! Não foi nada! Pare de tentar me proteger como se você fosse a pessoa mais forte do mundo, quando claramente você não é! - rebateu.

O médico soltou o braço do namorado e deu um passo para trás. Lembrou da conversa que teve com Mycroft mais cedo e perguntou, preocupado:

-Sobre o que exatamente você conversou com seu irmão?

-Não sei, o que você conversou com meu irmão? - retrucou, com raiva.

John ficou tenso, engolindo em seco. O detetive observou cada mudança na sua expressão, ficando ainda mais irritado.

-Nada, nós apenas conversamos de coisas aleatórias. - mentiu.

Sherlock deu um sorriso um tanto cínico e disse:

-Também não conversei sobre nada em específico. Boa noite, Watson.

Dessa vez, o loiro não tentou impedir o namorado ir embora, de forma que ele apenas subiu as escadas com passos pesados e se trancou no quarto. Ele sabia que tinha algo de errado já que o outro o havia chamado de "Watson" ao invés de "John". 

O médico ficou sozinho no silêncio, esperando que o namorado voltasse para pedir desculpas. Mas isso não aconteceu, então ele seguiu desanimado para seu quarto e se jogou na cama. Ficou encarando o teto, tentado a se levantar e ir até o quarto do moreno. Mas sabia que, quanto mais insistisse em conversar, mais eles brigaram.

O hóspede, então, tentou ao máximo dormir, mas não conseguia parar de pensar nos acontecimentos de hoje. Em sua mente, suas conversas com os dois Holmes se repetiam, como um filme. Por mais que tivesse se feito de desentendido, era óbvio que ele sabia do que os dois estavam falando. O loiro pensava em mil argumentos que poderia ter usado para mostrar que estava bem, mas não sabia se acreditava em nenhum deles.

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