Capítulo 142: Sétimo Ano: Visita ao Hospital

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Ela adorava tulipas. Ela adorava margaridas. Ela adorava não-me-esqueças e gerberas e rosas e narcisos – ela amava cada flor que ele trazia. Ele sempre tentava trazer alguma coisa. As flores eram de graça, desde que mantivesse Madame Sprout de bom humor, e Hope não tinha muito apetite, então chocolate não era a melhor opção.

Eles se viram mais cinco vezes na primavera de 1978, e Remus marcaria cada um desses encontros com as flores que trouxera para ela, com as conversas que tiveram também, é claro - mas as flores pareciam fixar tudo; colorindo cada sessão com sua própria personalidade.

Tulipas presidiram o segundo encontro. Elas eram laranja, rosa e amarelo, com caules robustos e verde escuro e pétalas de veludo suntuosas. Uma flor muito generosa, Remus pensou.

Ela estava pronta para ele, desta vez; havia lavado e penteado o cabelo, que brilhava em um loiro platinado ensolarado contra os cobertores rosa do hospital. Havia colocado um pouco de maquiagem também, embora Remus se sentisse mal por perceber isso, porque sentia que não deveria se importar com a aparência dela.

"Pedi à minha irmã para desenterrar algumas fotos," disse Hope ansiosamente, batendo em um envelope de papel pardo ao lado da cama, enquanto Remus colocava o estranho vaso que havia transfigurado enquanto estava bêbado.

"Do que são as fotos?" Perguntou com cautela, puxando uma cadeira para o lado dela. Ele não queria ser pego de surpresa por nada muito doloroso.

"Algumas são suas, quando bebê", ela sorriu com lábios cor de coral brilhantes, "Algumas de mim e de seu pai."

"Lyall." Remus disse, rapidamente.

"Eu e Lyall", ela se corrigiu por educação.

Hope sempre fazia o possível e o impossível para impedir Remus de sentir, até mesmo, o menor desconforto; isso esteve claro desde o início. Ele achava isso perturbador; muito poucas pessoas haviam se importado com seus sentimentos tão intensamente antes.

Ele pegou o envelope e o segurou por um momento.

"Você não tem que olhar. Podemos fazer isso em outro momento." Disse Hope, com um tremor de medo na voz. Ele não queria assustá-la. Queria dizer a ela para não se preocupar; que ele não iria fugir ou desaparecer para sempre; que queria estar lá e queria conhecê-la. Mas isso era demais, então apenas abriu o pacote e sorriu.

"Não, eu quero ver."

Felizmente, não haviam muitas - mas ele ficou surpreso ao descobrir que mais da metade das fotos eram mágicas, e as imagens se moviam em suas mãos como rolos de filme.

"Tive de mantê-las escondidas", confidenciou Hope, "Lyall nunca gostou do tipo normal de fotografia; ele dizia que eram muito sem graça."

"Quantos anos ele tinha nesta aqui?" Remus ergueu uma foto de seus pais, no quintal de alguém. Lyall estava usando um terno trouxa e os dois estavam com os olhos semicerrados por causa da luz do sol, mas sorrindo. Ele estava com o braço em volta da cintura de Hope.

"Oh, acho que só nos conhecemos algumas semanas antes de a foto ser tirada", disse Hope, pegando-a para olhar mais de perto, "Ele teria... trinta anos, eu acho?"

Remus olhou novamente. Ele sabia que era parecido com Lyall, havia ouvido isso algumas vezes e, até certo ponto, concordava. Ambos eram desengonçados, altos, magros e com má postura. Porém, Lyall parecia mais à vontade do que Remus jamais se sentira em seu corpo comprido; seus movimentos na fotografia eram confiantes e seguros.

Ela o deixou levar as fotos de volta à escola, e ele as mostrou aos amigos. Durante seus sete anos em Hogwarts, ele viu muitas fotos de família. Peter e James mantinham as fotos em porta-retratos ao lado da cama, ou então pregadas nas paredes sobre os armários. Lily tinha um álbum que folheava quando estava com saudades de casa, e Mary possuía uma caixa de sapatos cheia de fotos tiradas durante férias, natais, cartões postais e fotos de seus primos na Jamaica. Então foi uma experiência surpreendentemente boa, Remus pensou, ser capaz de compartilhar sua própria coleção modesta.

All The Young Dudes [Livros 1 e 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora