Capítulo 106: Sexto Ano: A Longa Noite

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Ela não era o que ele esperava. Bem, Remus não sabia o que esperar - mas certamente não era isso. Ela era pequena, mas tinha o porte de alguém muito mais alto. Suas feições angulares e agudas se tornavam mais severas por sua cabeça raspada e seus enormes olhos cinzentos que se focavam nele com o brilho de um predador. A mulher tinha uma boca larga e seu lábio havia sido cortado em algum momento e estava mal cicatrizado. Ela também tinha cicatrizes; tantas quanto ele, mas quase invisíveis sob um complexo rendado de pequenas tatuagens circulares, espiralando em sua pele castigada pelo tempo em sequências indetectáveis.

"Remus Lupin," ela disse, em uma voz baixa e rouca. Havia um sorriso horrível e ameaçador que mostrava todos os dentes – dentes em mau estado, descoloridos e desiguais. "Eu estive esperando por você, meu querido."

Ele puxou sua varinha imediatamente, adotando uma postura de duelo.

"Largue isso!" Ela rosnou, levantando a mão - suas unhas eram longas, amarelas e com garras, imundas de sujeira.

Sua varinha caiu no chão e ele engasgou. Remus estava congelado no lugar. A mulher estava a apenas alguns metros de distância e sua varinha poderia ser alcançada, mas ele não conseguia mover um músculo. Ela riu, sua respiração pura e branca no ar do inverno, "Eu vi você aqui na véspera de Natal," ela disse, apontando para o beco escuro, "Eu vi você lá, com o humano. Eu segui vocês dois.''

"O que você quer?" Lupin perguntou, firmemente, olhando para ela. A mulher era repulsiva, suja - sua capa era grossa e emaranhada de pele de animal, cheia de piolhos e outros vermes. Ela fedia a floresta, podridão e sangue. Apesar disso, algo o atraia - algo familiar, seguro e acolhedor. Bando, o lobo disse a ele, um rosnado baixo de algum lugar lá dentro. Alcateia.

"Nós queremos você, irmão." Ela disse, dando um passo à frente.

A loba abaixou a mão, e ele sentiu uma espécie de estalo nos músculos e deu um passo para trás, automaticamente.

"Nós?" Ele perguntou, encontrando coragem agora que podia se mover novamente. Remus agarrou sua varinha e ela permitiu.

"Nós. Eles." Ela disse, avançando novamente. A mulher caminhava com um pé na frente do outro, como um animal. Seus pés estavam descalços nas pedras, pretos de sujeira.

"Quem são 'eles'?" Lupin perguntou, olhando para trás rapidamente. Ele estava quase na porta. Se recuasse o suficiente, estaria visível por dentro das janelas do pub.

"Sua família, Remus Lupin."

"Ah, ok?" Ele perguntou, ainda distraído com seu progresso em direção ao pub. Precisava se aproximar de pessoas. "Bem", tentou sorrir, "se somos uma família, é melhor eu pagar uma bebida para você..."

"Você cheira a terror humano, Remus Lupin." Ela disse, inclinando a cabeça para o lado.

"Desculpe", respondeu com um encolher de ombros. "Você quer uma bebida ou não?"

"Se isso te agrada."

"Ótimo ..." ele abriu a porta com algum alívio e entrou no pub encardido. Nunca havia se sentido realmente "seguro" no Cabeça de Javali, mas nunca tinha ficado tão feliz por estar cercado por outros bruxos; das trevas ou não. Haviam talvez cinco ou seis deles, incluindo o velho barman de barba branca. Alguns fregueses ergueram os olhos por debaixo dos capuzes quando os dois lobisomens entraram - mas se eles possuíam alguma pista sobre a situação, não deram sinal disso.

A loba se sentou a uma mesa, sem tirar os olhos de Remus por um momento sequer. Ele não pediu bebidas, apenas se sentou em frente a ela e colocou as duas mãos sobre a mesa, sentindo que essa era a opção mais segura; esperando que ela visse que não estava planejando atacar.

All The Young Dudes [Livros 1 e 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora