58. Cadeia

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MELANIE RIVER

Olho fixamente para o teto cinza acima de mim. Meu corpo todo dói e eu estou deitada nessa posição a noite toda, sem pregar os olhos. Não consigo mais chorar, ou gritar, ou implorar. Não tenho mais forças. A apatia toma conta de mim, mas meu peito dói como se um buraco tivesse se instalado dentro dele.

Estou no fundo do poço. Uma lágrima solitária desce a lateral do meu rosto. Eu pergunto mentalmente a Deus porque estou tendo que passar por isso.

Sei que tem alguém armando pra mim. Alguém implantou a arma do crime na minha casa. Querem me incriminar desde o início. E estão conseguindo.

Me trouxeram pra delegacia e me deixaram nessa cela a tarde inteira e a noite toda. Pequenos raios de sol invadem o espaço, indicando que já é outro dia.

Escuto as grades se arrastando e um policial entra. Ele para ao meu lado e me encara.

— Vamos, levanta - Ele diz

Faço esforço pra sair do meu estado de inércia e o acompanho pra fora da cela.

— Franz está te esperando na sala de interrogatório - Ele diz - Mas antes, você tem direito a uma ligação, se quiser.

Ele estende uma moeda pra mim e aponta para o orelhão instalado na parede do corredor. Pego a moeda e vou até lá.

Alô - Escuto a voz familiar do outro lado da linha e fecho os olhos.

É claro que liguei pra Tyler, que é meu advogado. Ligar pra James, apesar de eu querer muito ouvir sua voz, seria perigoso demais.

Tyler, s-sou eu - Digo com um nó na garganta

Melanie?? - Ele exclama - Você está bem?

Preciso de você - Digo caindo no choro, não conseguindo dizer mais nada, apenas soluçar.

Eu sei disso, já estou na delegacia. Por favor fique calma, vamos sair dessa

Eu só consigo chorar mais e mais.

Você me ouviu? - Ele pergunta

S-sim

Escuta Mel, eles vão te pressionar pra confessar. Não confesse nada que não fez, entendeu?

Certo - Respondo, respirando fundo

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— Apenas confesse garota, e pode ser que tenham alguma misericórdia por você no julgamento - Franz diz, bufando

— Pela milésima vez... não vou confessar algo que eu não fiz. - Digo

Já devo estar a mais de uma hora discutindo com Franz.

— A arma do crime foi achada Melanie, não tem mais saída. O laboratório confirmou que ela corresponde à que foi usada para matar Gustav.

— Estão armando pra mim, eu não matei ele. Eu nunca vi aquela faca antes na minha vida - Digo, firme

Franz me encara, sério, provavelmente com ódio. Então a porta da pequena sala se abre e meu coração dispara ao ver James, logo atrás dele está Tyler.

— Chega Franz - James diz. Posso ver em seus olhos que está se segurando para não gritar com alguém. - Ela precisa de um minuto com o advogado.

Franz bufa e se levanta, se retirando da sala, não antes de me encarar mais uma vez. Tyler fecha a porta e James avança rapidamente até mim, agarrando meu corpo em volta do seu.

Começo a chorar novamente, perdendo as forças nas pernas e caindo no chão. James se abaixa junto comigo, me apertando forte em seus braços.

— Shhh... está tudo bem - Ele diz me consolando

— N-não está - Digo, soluçando contra seu peito - Vou passar o resto da vida na cadeia

— Olhe pra mim - Ele diz, segurando meu rosto em suas mãos - Não vou deixar que isso aconteça, entendeu? Não vou deixar

Aceno com a cabeça, mesmo não tendo mais esperanças.

— Estão tentando te incriminar - Tyler se pronuncia. Olhamos pra ele. - Nós vamos achar quem está fazendo isso, Melanie.

— Tyler - Digo, abrindo os braços para abraçá-lo.

Ele sorri e vem até mim, puxando meus braços pra que eu me levante e me abraçando.

— Vai dar tudo certo - Ele diz

— Não sei como não desistiu de mim até agora - Digo, arrancando uma risada dele

— Nunca - Ele responde, beijando o topo da minha cabeça.

Sorrio e tento enxugar minhas lágrimas. Meu coração já está mais leve só por poder vê-los e abraçá-los.

— Vou deixar vocês a sós - Tyler diz - Liza mandou dizer que te ama muito

Sorrio, enquanto ele beija meu rosto e sai, fechando a porta novamente.

James se aproxima de mim, me abraçando novamente, seu corpo me prensa contra a parede, me apertando de forma reconfortante. Respiro seu cheiro inesquecível o máximo que posso. Ficamos abraçados por vários minutos, provavelmente.

Então ele segura meu rosto nas mãos e me encara.

— Vou tirar você daqui, ok? Você não passa mais nenhuma noite aqui, eu prometo - Ele diz

Concordo com a cabeça. James toma meus lábios nos seus e me beija com urgência. Sei que esse beijo significa muita coisa, mas não consigo pensar em mais nada agora além de correspondê-lo com a mesma necessidade.

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Paixão Suspeita (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora