Na manhã seguinte Anne desceu animada até a cozinha para tomar café e dar a notícia aos avós.
-Bom dia, criança. – comentou Marilla comendo bolinhos enquanto lia um livro.
-Bom dia, vó. Tenho boas notícias! – disse Anne se sentando agitada na mesa e entregando o panfleto nas mãos de Matthew.
O homem colocou os óculos e Marilla se aproximou para ver do que se tratava.
-Encontro de universidade? – leu Matthew.
-É, em Toronto. Vai ter representantes da Queens Academy lá, além das faculdades secundárias que me inscrevi. Vai ser ótimo ter contato direto com eles para a minha admissão.
-Isso é ótimo, Anne. Quando será? – disse Marilla sorrindo pegando o panfleto.
-Semana que vem! Será sábado e domingo então não interferirá nas aulas. – comentou Anne satisfeita.
Marilla olhou nervosa para Matthew e os dois emudeceram.
-Algum problema? – perguntou Anne percebendo o clima.
-Problema algum. – disse Matthew sério. – Vamos ligar esta manhã para a escola inscrevendo você.
-Ah... a Diana vai, querida? – perguntou Marilla.
-Vai sim, o Cole também!
-Bacana! – comentou Marilla, mesmo que ainda estivesse tensa. – Um fim de semana inteiro, puxa! Vai poder aproveitar bastante!
-Pois é, as universidades locais fazem coquetéis para conhecermos as dependências, vai dar pra aproveitar sim!
De repente alguém tocou bateu na porta dos fundos da cozinha e Matthew abriu para o jovem moreno na entrada.
-Bom dia, senhor e senhora Cuthbert. – comentou Gilbert da porta mesmo, sorrindo.
-Oi, Gilbert.
-Já vou. Tchau! – disse Anne beijando o topo dos cabelos de Marilla e abraçando Matthew.
-Ah, Gilbert, você vai? – comentou Marilla mostrando o panfleto.
-Vou sim! Me inscrevi ontem mesmo! – respondeu o rapaz orgulhoso.
-É claro que vai. – murmurou Marilla tentando sorrir.
-Bom, até mais tarde! – disse Anne dando tchauzinho e indo até o carro com o namorado.
O casal de idosos ficou olhando os dois jovens irem sorridentes para a escola.
-Você acha que devemos falar alguma coisa? – perguntou Marilla preocupada.
-Anne é só uma menina. – resmungou Matthew, extremamente desconfortável ao assunto.
-Ela tem dezessete anos e um namorado... que não parece ser muito bobinho.
-Marilla! Pelo amor de Deus!
-Ela vai dormir fora, com esse garoto, provavelmente. A gente não conversa muito disso com ela.
-Me recuso a falar disso. Eu vou ligar para a escola! – disse Matthew extremamente mal humorado.
***
-Seus avós estão bem? – perguntou Gilbert enquanto dirigia.
-Pois é, né? Eles ficaram assim depois que eu falei da viagem.
-Eles têm medo de você viajar sozinha?
-Não, eu sempre viajo com a Diana nas férias... Foi bem estranho mesmo, mas não deve ser nada.
-Hm... – murmurou o garoto, meio concentrado na estrada.
-O que?
-Nada. Quer ligar o rádio?
-Gilbert, não muda de assunto.
-Não tô mudando de assunto. Olha, aquilo é um esquilo?
-Gil!
-Tá, tá. – desistiu o garoto rindo. – Acho que eles estão preocupados da gente fazer sexo.
Anne começou a se engasgar com a própria saliva. Gilbert parou o carro no estacionamento de qualquer jeito para ajudar a menina, levantando os braços dela.
-O que?! – disse Anne ainda tossindo.
-Anne, relaxa. – disse Gilbert.
-A palavra sexo não existe no vocabulário dos meus avós! – disse Anne me exasperada e vermelha.
-Existe sim, eles fizeram seu pai... tá, parei!
-Meu Deus, como eu vou olhar pra eles agora só de imaginar que eles falaram de sexo me envolvendo?! – disse Anne de forma dramática. Gilbert só sorriu.
-Relaxa, amor... Hey, o que é aquilo?
Anne levantou os olhos para o estacionamento da escola e viu um grupo de adolescente em torno de um ponto em específico.
O casal saiu do carro apressado para ver; não era todo dia que tinha algo fora do comum numa cidadezinha pacata como Avonlea.
Quando se aproximou Gilbert pareceu meio confuso, mas ele viu que Anne olhava em choque, oscilando entre maravilhada e horrorizada.
-O que houve? – ele murmurou no meio dos outros garotos.
-Chegamos e estava assim. – comentou Charlie rindo.
-Tá espalhado pelo estacionamento inteiro.
Haviam pichado no muro inteiro com a imagem do padre Black, que era o diretor da escola. Ele sorria entregando para um monte de crianças placas de pare e sob suas costas sacos de dinheiro. No fundo do dinheiro tinha livros, máscaras de teatros, obras de artes e vários símbolos artísticos.
Anne olhou a volta, ainda em choque, e viu que todas as placas de pare havia sido pichada com carinhas raivosas. Enquanto olhava tudo, ela viu Billy descer de seu carro do outro lado do estacionamento. Ele olhou momentaneamente para a aglomeração e para o muro, depois cruzou seu olhar com Anne começou a andar como se estivesse tudo normal, mas Anne ainda pôde ver um sorrisinho no rosto do garoto.
-Isso vai dar tanta coisa pra falar no jornal! Estamos salvos! – gritou Diana feliz.
-Pois é. – disse Anne rindo.
Continua...
Nota da autora: Que que vcs estão achando do Billy?
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𝘼𝙎𝙉 || 𝙎𝙝𝙞𝙧𝙗𝙚𝙧𝙩
Romance(livro pausado) •Aɴᴛᴇꜱ ᴅᴏ Sᴏʟ Nᴀꜱᴄᴇʀ• Para Anne Shirley, Gilbert era apenas um atleta destinado ao glamour da escola; para Gilbert, Anne era a menina de olhos azuis que jamais lhe daria uma nova chance. Uma vez por ano a menina sai da cidade, mas um...