-Estou dizendo, Cole, você seria um rei do baile incrível. – comentou Jerry bebendo milk-shake.
-Boa tentativa. – resmungou Cole dando uma risadinha sarcástica.
-Bom, se você não for, não vamos. – disse Anne de forma veemente.
-óbvio que vão. Só não estou no clima de ficar de vela.
-Mas estamos de boa. – comentou Gilbert roubando uma batata.
-Exato. Gilbert, você com certeza está louco para estar sentado do lado da Anne para tentar subir essa mãozinha boba por debaixo da mesa e não aí na ponta. Ou o Jerry ia preferir sentar do lado da Diana para sussurrar alguma coisa sexy em francês.
Gilbert abriu a boca para contra argumentar, mas era exatamente o que gostaria de fazer com a mãozinha boba dele. Então olhou para Jerry procurando ajuda, mas o rapaz também não seria capaz de mentir.
-Cole, não vamos se você não for. – comentou Diana, ela e Anne concordaram com a cabeça veementes, como fieis que eram.
-Podemos falar disso outra hora? Eu não matei aula para comer besteira e ficar ouvindo vocês me persuadindo para ir ao baile. Vamos brindar!
Com um sorriso fingindo que sempre distraía as amigas, o grupo de cinco amigos brindaram com suas bebidas as notícias da faculdade.
Depois do almoço, o grupo voltou para as suas outras aulas ou clubes. Diana foi para o jornal da escola com Anne e Jerry, Gilbert foi para o treino e Cole foi se enclausurar no seu mundinho que era a sala de costura.
Ele ligou o interruptor da sala que chiou e piscou um pouco já que a luz é antiga. As várias grades de roupas, baús e porta chapéus se iluminaram a sua frente e o silencio lhe deu um pouco de paz.
O rapaz suspirou e pegou um casaco que precisava fazer uns ajustes para a peça do mês que vem. Não era exatamente um ajuste, era algo que ele via que seria diferencial para o personagem. Cole era extremamente detalhista e bom de memória.
As vezes isso era seu trunfo e outras, sua miséria.
Ele não tirava da cabeça aquela noite de festa. Dele no quarto de Billy e do surto do rapaz que por anos implicava com ele e tornava sua vida a pior que podia. E lá estava Billy, tão viado quanto se podia gritar.
No início Cole ficou apenas em estado de choque. Levou uma madrugada inteira tentando digerir aquilo. O jeito que Billy o olhava no quarto, Cole ficou com tanto medo que só depois parou para perceber que Billy olhava para Cole diferente, ele não sabia dizer o que era aquele olhar, mas era algo muito diferente do que costuma ver em Billy.
Na verdade, pelos corredores, Cole via um olhar vazio, como se levasse a vida forma maquinal e usasse as ofensas e a brutalidade para tentar disfarçar esse vazio. Naquela noite Cole teve certeza de que finalmente vira algo; ele via algo real dentro de Billy.
Depois de pensar isso só começou a piorar, Billy era gay. Ele beijou Cole por Cole ser gay também ou porque sentia algo pelo rapaz?
E porque ele queria pensar dos sentimentos de Billy?
-Eu sou um idiota masoquista. – resmungou Cole com certa brutalidade ao por o tecido sobre a máquina.
Cole pensou diversas vezes em falar disso para Anne, ou para Diana. Mesmo que soubesse que Anne era bem mais cabeça aberta para o assunto, Cole não quis falar. Ele não conseguia. No início tinha vergonha, mas depois Anne estava tão feliz com Gilbert... Cole não queria estressar Anne com essas coisas. Ele sabia que Anne jamais ia se sentir incomodada, mas ele se convencia disso para não ter que lidar com o problema.
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𝘼𝙎𝙉 || 𝙎𝙝𝙞𝙧𝙗𝙚𝙧𝙩
Romance(livro pausado) •Aɴᴛᴇꜱ ᴅᴏ Sᴏʟ Nᴀꜱᴄᴇʀ• Para Anne Shirley, Gilbert era apenas um atleta destinado ao glamour da escola; para Gilbert, Anne era a menina de olhos azuis que jamais lhe daria uma nova chance. Uma vez por ano a menina sai da cidade, mas um...