•Primeiro eu•

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-Com as suas médias, todos os projetos extra-curriculares e atividades sociais é praticamente certo que está dentro da Universidade de Queens. – garantiu de forma sorridente a senhorita Stacey que era também orientadora dos formandos.

-Obrigada, senhorita Stacey. – sorriu Anne.

-Estarei mandando sua carta até o final do mês e antes do final do semestre teremos o retorno deles com a data da sua entrevista.

Anne pôde sorrir pela primeira vez naquele dia, um sorriso curto. Faculdade, naquele pequeno momento da sua vida aquilo era o que mais a machucava, mas também seria o que a faria feliz no futuro; e a ele também.

-Ah, professora, sabe me dizer como funciona as bolsas de medicina? – Anne perguntou.

-Achei que queria cursar inglês. Estou montando toda a sua grade para isso. – se desesperou a mulher.

-Não, seria para um amigo.

-Entendi. Bom, se seu amigo possui notas tão excepcionais quanto você e for muito bom na entrevista, pode ser uma possibilidade; É difícil, mas é possível.

-A entrevista seria fácil, principalmente se for mulher. – Anne murmurou mais para si. Senhorita Stacey ficou olhando Anne e começou a juntar as peças.

-Anne, esse seu amigo teria um nome?

-Teria, se puder guardar segredo. – pediu Anne, talvez pudesse ajudar a cicatrizar um pouco a ferida que deixou no rapaz.



***


Josie estava terminando seu turno naquela noite. Ela terminava de contar o caixa quando um entregador de delivery entrou na loja.

-Senhorita Pye? – ele pergunta lendo o recebido.

-Sim, sou eu. – Josie tirou o avental e saiu de trás do caixa para atender o homem.

-Isso é para você.

-Eu não pedi nada, eu não tenho dinheiro. – comentou a menina.

-Já está pago. Boa noite. – o homem sorriu entregando o saco de papel.

Quando o homem saiu, Josie abriu o saco em cima do balcão. Havia três caixas grande da melhor camisa chinesa do bairro, sobremesas e um refrigerante. Ela se perguntou de quem seria quando viu um pequeno bilhete dentro do saco.


"𝒪𝒷𝓇𝒾𝑔𝒶𝒹𝒶 𝓅𝑜𝓇 𝓂𝑒 𝑜𝓊𝓋𝒾𝓇 𝑜𝓃𝓉𝑒𝓂 𝒶 𝓃𝑜𝒾𝓉𝑒. 𝐸𝓈𝓅𝑒𝓇𝑜 𝓆𝓊𝑒 𝑒𝓈𝓉𝑒𝒿𝒶 𝓆𝓊𝑒𝓃𝓉𝒾𝓃𝒽𝑜 𝑒 𝑔𝑜𝓈𝓉𝑜𝓈𝑜 𝒶𝓈𝓈𝒾𝓂 𝒸𝑜𝓂𝑜 𝒹𝑒𝒾𝓍𝑜𝓊 𝓂𝑒𝓊 𝒸𝑜𝓇𝒶çã𝑜 𝓆𝓊𝒶𝓃𝒹𝑜 𝑒𝓊 𝓅𝓇𝑒𝒸𝒾𝓈𝑒𝒾.
𝐸𝓈𝓉𝑜𝓊 𝒶𝓆𝓊𝒾 𝓈𝑒 𝓅𝓇𝑒𝒸𝒾𝓈𝒶𝓇.

-𝒜𝓃𝓃𝑒"


Josie sorriu e mal percebeu a lágrima descendo seu rosto. Em seu aniversário, Ruby havia lhe dado uma bolsa de grife que teve que usar quando seria mais útil vender a bolsa, ou quando Jane lhe deu um perfume importado. Nada se comparava com aquele gesto que parecia tão mais real e sincero do que qualquer afeto que já chegou a receber.

-Alô, oi mãe! Já estou indo para casa. – comentou Josie sorrindo enquanto fungava e secava as lágrimas. – Estou levando janta para você e a Minnie May. – a menina comenta feliz e grata.





-Josie, você está muito quieta. – comentou Ruby. – Nem falou qual roupa vai usar na festa de hoje.

-Talvez aquele body azul marinho. – Josie comentou meio distante.

-De novo? Você já o usou no aniversário do Billy.

-É que ele tem valor sentimental. – Josie sorri, na verdade o body era sua melhor peça para a ocasião.

-Eu comprei um vestido novo, bem justo e sexy. Será essa noite, meninas. – declarou Ruby sonhadora vendo Gilbert conversando com Billy. – Eu preciso daquele homem.

Jane ri e Josie apenas abre um sorriso forçado.

Qualquer um que tivesse olhos via que Gilbert não sentia nada por Ruby.

-Ruby, porque gosta tanto do Gilbert? – Josie pergunta.

-Como assim? Ele é um gato, tem um corpo maravilhoso, um sorriso de tirar o fôlego... fora que a voz dele me deixa toda arrepiada.

-Tá, mas... e depois? Você quer tanto um relacionamento com ele, mas sabe que o Gilbert é pipa avoada.

-Por enquanto. – Ruby garante determinada.

-Não estou entendendo você, Josie. Porque perguntando isso? – questionou Jane olhando desconfiada. – Se você estiver gostando do Blythe e trair meu irmão...

-Meu Deus, Jane. Cruzes. Só estou tentando ser uma boa amiga, é que relacionamento é mais que um cara com pegada.

-Ele com certeza tem mais que pegada. – pontuou Ruby, então Josie desistiu, seria impossível elas enxergarem.

Josie passou o resto da manhã distante, ela não se sentia mais tão confortável ali agora. Parecia tão errado para ela. Numa tentativa de ficar um pouco longe das meninas sem ninguém ficar lhe questionando, preferiu levar um lanche para depois do treino do namorado.

Os meninos já havia acabado, mas ela não viu Billy sair, então decidiu entrar. Ela viu Billy conversar com o treinador enquanto se aproximava devagar.

-Com o Gilbert machucado talvez seja uma boa hora de repensar naquela minha proposta, senhor. – Billy comentou.

-Gilbert é o nosso melhor jogador, sei que você é bom, Billy, mas nem com a perna machucada penso em retirar a liderança do time dele.

-Vai negar o auxílio que meu pai vai fornecer como patrocionador do time?

-Do que vai adiantar patrocionadores se eu não tiver um bom capitão? – resmungou o técnico sem paciência. – Pare de ficar insistindo nisso, o Gilbert é o meu capitão e pronto.

O homem saiu da sala e finalmente Billy se virou e me viu. Por um segundo achei que ele ficaria irritado comigo, mas ele só sorriu e me abraçou.

Calma, Josie, ele nem sabe o que está acontecendo.

-Está tentando pegar o lugar do Gilbert no time? – ela comenta de forma distraída, sem muito interesse.

-Aquele cargo pertence a mim. – resmungou o garoto. – Os coordenadores da faculdade da Alberta gostaram mais do Gilbert, e sinceramente acho que quem vai ficar de escanteio sou eu no número de vagas. Minhas notas não são boas, então eu preciso disso para entrar, meu pai me mata.

-Espera... então vai tentar pegar a vaga do Gilbert se não entrar? – Josie pergunta parando o garoto.

Billy sorri a apareceu confuso com o olhar chocado e acusatório da garota.

-Algum problema com isso? É minha namorada ou não é? – ameaçou o rapaz.

-Isso não é muito certo, Billy.

-Primeiro eu, segundo eu. – declarou Billy andando meio irritado.

Josie queria correr, avisar o Gilbert, mas Billy pareceu ficar realmente irritado com tudo aquilo e decidiu ir embora.

-Vamos lá para casa terminar as coisas da festa. – Ele declarou.



Continua...

𝘼𝙎𝙉 || 𝙎𝙝𝙞𝙧𝙗𝙚𝙧𝙩Onde histórias criam vida. Descubra agora