Gilbert olhava a menina ao seu lado e mal acreditava no quanto estava extasiado e feliz. Como se tudo tivesse finalmente feito sentido, como se tivesse achado algo que valesse a pena, que desse razão. Anne lhe dava essa sensação; o fazia sentir-se vivo.
-Parece meio nervosa. – ele comenta vendo a menina inquieta, balançado as pernas e mexendo o cabelo.
-Bom, não é todo dia que eu pego carona com o cara mais bonito da escola.
-Então me acha o cara mais bonito da escola? – ele esboça um sorriso e Anne revira os olhos.
Gilbert passa a marcha e depois entrelaça sua mão na de Anne, de forma gentil para poder tocá-la enquanto dirigia até sua casa.
-Foi uma noite com bastante reviravolta. – comentou Anne olhando o céu estralado e a rua deserta a medida que Gilbert ia se aproximando de sua casa.
-Está se tornando bem normal noites intensas ao seu lado, senhorita Cuthbert. – o rapaz comenta esboçando um sorrisinho. – Estou disposto a muitas outras noites intensas com você. – ele levanta a mão enlaçada e beija a mão de Anne.
Anne engoliu em seco e sentiu-se ligeiramente tensa de repente, Gilbert reparou e então refletiu sobre suas próprias palavras e riu.
-Não me referi a exatamente isso, quis dizer que gosto de ficar ao seu lado. – o rapaz comentou sorrindo. Ele adorava ver Anne corar. – Acho extremamente fofo o quanto consegue se sentir desconfortável com a menção de sexo.
-Estou sendo praticamente criada pelos meus avós, sexo é a última coisa que costumava pensar.
-Costumava? – Gilbert implicou fazendo a garota revirar os olhos e ficar mais vermelha, ele sorriu satisfeito, ele simplesmente adorava deixa-la assim.
-Você é um idiota.
-Mas você parece gostar desse idiota. – ele continua implicando. – Só estou brincando, está bem? Gosto de você exatamente assim. É até um equilíbrio sabia? – ele comenta pensativo.
-Um equilíbrio bem desequilibrado. – Anne ri.
Gilbert finalmente estaciona em frente a casa dos Cuthbert e Anne vê o reflexo da TV pela janela da sala, seus avós a esperavam e ela sorriu, ela amava demais seus dois velhinhos.
-Princesa entregue. – respondeu o rapaz desligando o carro.
Quando o motor parou tudo ficou silencioso. A rua deserta na cálida noite, tudo parecia ter parado. Anne olhou o rapaz e parecia um pouco sem jeito, parecia que finalmente estava se dando conta daquela noite, de tudo o que aconteceu, de tudo o que iria acontecer.
-Por favor, não me diga estar reconsiderando. – pediu o rapaz com certo receio ao ver o rosto preocupado de Anne, a ideia de perde-la outra vez seria insuportável.
-Não, eu não conseguiria... não com você tão perto. -ela comentou fazendo o garoto sorrir e tirar o cinto, realmente se aproximando mais dela.
-Que bom, não quero abrir mão de você.
-Só tenho medo de como serão as coisas, amanhã...
-Não se preocupe com isso. Eu darei um jeito em tudo. – ele promete acariciando o rosto da ruiva.
Anne se perde nos olhos cor de mel do rapaz e seu olhar recai em sua boca, tão perto. Gilbert esboça um sorrisinho e se aproxima, roçando o nariz no de Anne antes de beijá-la de forma suave.
Estar ali, no meio da noite, em seu carro, sendo beijada por Gilbert Blythe parecia algo que nem sua fértil imaginação pudesse descrever, era como se flutuasse e transpassasse o espaço, para uma dimensão onde tudo é mais suave, mais certo.
Gilbert se afasta um pouco para respirarem, colando sua testa na dela e os dois sorriem, olhando-os com paixão e expectativa.
-Acho melhor você entrar, sua avó já veio na janela umas duas vezes. – o rapaz sussurrou sorrindo.
Anne se vira e consegue ver a sombra de Marilla saindo da janela. A menina fica desesperada, mas Gilbert sorri.
-Relaxa, o vidro é fumê. Ela não nos viu.
-Mas deve estar imaginando o porque eu ainda não desci, o que é bem pior. – comentou Anne nervosa pegando a bolsa.
Antes que Anne tocasse na maçaneta, Gilbert pega em sua mão novamente e lhe rouba um último beijo.
-Ainda tenho seu sim? – ele pergunta, um pouco recesso de perde-la. Anne apreciou seu rosto preocupado e sorriu.
-Ainda tem meu sim. Até amanhã, Blythe.
-Até amanhã, Cuthbert. – ele sorri aliviado, deixando-a partir.
***
Na manha seguinte, Anne acorda com uma mensagem de Diana:
"ME DIGA QUE AS MEMÓRIAS DA NOITE DE ONTEM FOI UM DELÍRIO MEU"
Anne riu e mandou uma foto de Diana dançando sozinha no meio da festam totalmente brisada e foi recompensada com várias carinhos raivosas e de desespero de Diana.
Anne desce para tomar seu habitual café, mas percebe que Matthew e Marilla a olhavam com certo interesse.
-O que foi? – a menina pergunta sentando e comento cereal.
-Você está cantarolando. – comentou Matthew tentando esconder um sorriso.
-Está cheia de tramoias, isso sim! – resmungou Marilla de forma desconfiada.
-Deixa disso, Marilla. – Matthew comentou e piscou para Anne.
O senhor ficou feliz de ver que Anne estava começando a seguir com sua vida após a morte de seus pais.
-É melhor se apressar antes que perca o ônibus da escola. – comenta Marilla.
Anne levanta e deixa a tigela na pia e pega a mochila, até ver um carro familiar estacionar pela janela.
-Ora, parece que tem carona hoje. – Matthew murmura e aprecia Anne abrir um sorriso enquanto os dois olhavam o carro familiar estacionar.
-Até mais! – Anne abraça os dois rapidamente e sai de encontro ao rapaz que a aguardava encostado no carro.
-Esse garoto trabalha no uber agora? Fica trazendo e levando nossa Anne... - resmunga Marilla um pouco nervosa e preocupada.
-Deixa de ser chata, Marilla! – Matthew comenta revirando os olhos.
-Eu só fico preocupada dele machucá-la, ela já se feriu muito... – Marilla suspira vendo sua neta entrar sorridente no carro.
Gilbert repara no casal de senhores a janela e acena, Matthew retribuiu o aceno de forma gentil.
-Nós só temos que torcer para que ele a faça feliz. – sussurrou Matthew e realmente tentava ficar positivo, mesmo que temesse pela sua garotinha.
Continua...
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𝘼𝙎𝙉 || 𝙎𝙝𝙞𝙧𝙗𝙚𝙧𝙩
Romance(livro pausado) •Aɴᴛᴇꜱ ᴅᴏ Sᴏʟ Nᴀꜱᴄᴇʀ• Para Anne Shirley, Gilbert era apenas um atleta destinado ao glamour da escola; para Gilbert, Anne era a menina de olhos azuis que jamais lhe daria uma nova chance. Uma vez por ano a menina sai da cidade, mas um...