•Sorte de Principiante•

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Gilbert e Anne rumaram para a quadra de basquete. Eles foram por dentro, passando pelo vestiário.

-Então é aqui que um monte de homem vê outros homens pelados. Legal. – comentou Anne olhando os chuveiros, os bancos, as pias, os armários.

Gilbert riu de seu comentário.

-Tipo isso.

Anne andou pelo corredor e viu a sala do treinador, havia alguns troféus ali, medalhas, fotos dos garotos. Anne viu que havia uma a frente do time, segurando uma medalha, ao lado parecia a mesma medalha e Anne pôde ler que foi a medalha de melhor jogador da temporada.

-Não consigo imaginar a pressão que deve ser. – Anne murmurou. – Toda vez entrar em campo e saber que há milhares de pessoas esperando o seu melhor. De repente se virou para o rapaz pensativa. – Sempre quis ser jogador?

-Ah, sim. Eu gostava, eu comecei por prazer, como hobby. Mas então foi começando a se tornar sério, eu entrei no time principal, o treinador conversou com o meu pai, e de repente eu percebi que meu futuro dependia disso.

-O que faria se não estivesse jogando?

Gilbert pareceu pensar um pouco enquanto olhava as fotos dos últimos jogos.

-Quando eu fazia acampamento, um menino se machucou feio, ele escorregou de um rochedo e rolou ladeira abaixo e fraturou uma perna. Só tinha eu e mais alguns garotos e todos ficaram desesperados e eu só agi... eu costurei a perna dele no meio da ladeira. Ele havia rompido uma artéria e quando o socorro chegou o médico disse que se eu não tivesse agido, provavelmente ele teria morrido por excesso de perda sanguínea.. eu me senti tão... fiquei dias estudando por curiosidade e sei lá, aquilo mexeu muito comigo.

-Você seria um ótimo médico. – disse Anne.

Médico. Gilbert nunca tinha dito em voz alta, mas sim, medicina. Um sorriso surgiu em seu rosto, mas logo se apagou ao olhar os troféus.

-Não tenho dinheiro e nem recursos para isso. – ele deu de ombros. – Vem, deixa eu te ensinar a fazer algumas cestas.

Anne percebeu que ele queria fugir do assunto e ficou triste por ele, Gilbert seria realmente um ótimo médico se pudesse. Então só sorriu e aceitou o convite dele.



-Você inclina a mão nessa altura, a bola deixa suspensa na ponta dos dedos, não precisa segurar ela. Só mexa o pulso, não o braço.

Gilbert segurava a mão da menina atrás dela, e mostrava como ele deveria jogar. Anne nem ouvia as instruções do rapaz, ela só ouvia o coração batendo forte e a respiração dele roçando seu pescoço. Ela sempre abraçava Cole e os meninos do teatro, mas nunca se viu tão nervosa perto de outro rapaz como estava agora.

-Entendeu? – perguntou Gilbert.

-Ahn... claro. – mentiu.

Gilbert finalmente se afastou e Anne tentou jogar a bola que acetou o aro e quicou para fora.

-Não sou exatamente uma atleta.

-Você mexeu a mão toda, era só pra ter mexido o pulso. – Gilbert riu pegando a bola no meio da quadra.

-Eu estou muito longe, é impossível jogar daqui.

-Você está na linha mais perto. – informou Gilbert arqueando as sobrancelhas.

-Então faça melhor. – a menina comentou cruzando os braços aborrecida.

Então Gilbert simplesmente jogou a bolo do meio da quadra, há vinte metros de diferença e acertou a cesta sem nem tocar o aro. Só ficou o som da bola quicando o chão enquanto Anne olhava a cesta boquiaberta.

𝘼𝙎𝙉 || 𝙎𝙝𝙞𝙧𝙗𝙚𝙧𝙩Onde histórias criam vida. Descubra agora