•Fisgado•

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Gilbert encarava o teto de seu quarto de forma distraída

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Gilbert encarava o teto de seu quarto de forma distraída. Ele havia terminado um episódio de uma série que finalmente estava tendo tempo para terminar.
Quando foi a última vez que pôde ficar deitado meio de semana? Acho que nunca.
Era estranho, ele se sentia de certa forma como um inválido, ele sempre foi muito ativo. Mas foi bom parar, lhe deu tempo para pensar na vida.
Ele nunca precisou pensar na vida. Tinha muitas pessoas que faziam isso por ele.
Seu pai, seus amigos, seu treinador.
Tudo parecia milimetricamente arrumado para o garoto, mesmo se ele concordasse ou não. E agora podia pensar no rumo que sua vida tomaria.
Olho a coxa toda enfaixada, não era tão grave quanto as pessoas pareciam dizer. O rapaz só estava com o músculo inflamado devido ao excesso de esforço após a batida, ele só ficaria uns quatro dias em repouso absoluto e poderia voltar aos poucos aos seus afazeres. Hoje era sexta e poderia voltar para a escola segunda.
Por um lado tudo aquilo serviu para seu pai se sentir um pouco culpado, a desculpa para o machucado de Gilbert foi ele ter continuado treinando após a luxação, ele percebeu que talvez esteja pegando um pouco pesado sobre o filho dar duro nos treinos e tem deixado Gilbert descansar esses dias.

Depois de um tempo alguém bate a sua porta, trazendo o rapaz a realidade.
-É aqui que tem um perneta? - ele vê a figura esguia e sorridente de seu primo.
-Bash! - Gilbert ri, feliz em vê-lo.
Bash é filho de seu padrinho, era seu primo de coração, já que seu pai era melhor amigo do pai de Gilbert. Os dois eram muito próximos
-O que você aprontou, cara?! - Bash ria inconformado do estado do garoto.
-Me machuquei no treino
-Tá, você pode meter essa pra todo mundo, mas eu sei que você não estava treinando.

Gilbert sabia que não daria para mentir pro Bash. Ele era o único sabia já o desgosto do garoto em continuar jogando, do quanto queria ter controle de sua vida.

-Eu fui atropelado - o rapaz suspirou e decidiu ser sincero com Bash, ele era o seu melhor amigo.
-Atropelado?! Mas porque então você não foi pro médico logo em seguida? Deixou isso inchar?
-Eu meio que... eu não sei. - o rapaz coçou a cabeça, verdade, porque não fora para casa logo depois do acidente?

Ah, ele sabia. Ele não queria deixar Anne depois de ver a garota de luto.
No início ele achou isso, quando foram tomar um milk shake, mas depois ele realmente apreciou a companhia dela.
-Acho que fazia tempo que eu era apenas... eu. - o rapaz murmurou mais para si.
-Bateram na sua cabeça? Tá falando coisa com coisa.
-A pessoa que me atropelou, eu... queria estar com ela.
-Não podia estar com essa pessoa depois que medicado?
-Não. Depois seria tarde.

Bash via Gilbert aéreo, perdido em pensamentos. Ele sabia que Gilbert tinha qualquer garota aos seus pés, Gilbert sempre se mostrava desinteressado por todas, era tudo carnal. Nunca achou que veria o garoto com cara de abestalhado. Ele precisou seu atropelado para se apaixonar?

-Apanhou de mulher bonita. - Bash comenta sorrindo, ainda apreciando Gilbert.
-O quê?
-Você. Essa "pessoa". É alguma garota que pelo jeito de fisgou.

Gilbert abriu a boca, ia no automático dizer que não, mas o sorriso de Anne veio em sua mente, seu cheiro doce, seu toque suave, sua conversa... e ele já estava sorrindo. Bash ria da cara do rapaz e Gilbert revirou os olhos, travando o maxilar sorrindo. Ele não podia negar.

-Olha, preciso conhecê-la

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-Olha, preciso conhecê-la. Achei que ninguém ia amolecer esse teu coração inflado.
-Engraçadinho. - resmungou Gilbert. - A diferença é que Anne não quer nada comigo.
-Anne. Então esse é o nome. Duvido ela não querer, todas querem.
-Ela não. Bom, não porque não sente algo... aquele beijo, ela com certeza sente algo, mesmo que negue. Mas ela está fugindo de mim.
-Beijou sua quase assassina? E como foi?
-Foi a coisa mais real e intensa que já me aconteceu. E olha que eu já fiz muita coisa.
-Me poupe dos detalhes, moleque. - Bash revirou os olhos.
Ele nunca aprovou esses relacionamentos rápidos de Gilbert, Bash acreditava no amor. Mas parecia que finalmente o primo havia sido pego pelo coração.
-Ela é diferente, ela me vê pelo que eu sou. Não espera nada de mim. É uma amiga fiel, é inteligente, é muito divertida, conversa sobre coisas profundas e banais e possui os olhos mais azuis e lindos que já vi em toda a minha vida.
-E porque ela está fugindo de você? O que fez de errado?
-Nada! Pelo menos nada ainda. Eu nem sei direito. - O rapaz massageou a tempora, completamente perdido
-Bom, talvez ela só esteja relutante. Você é um verdadeiro galinha e pelo que vejo ela não é o tipo de garota que costuma sair...

Então Gilbert abriu os olhos e sorriu, era óbvio! Ele precisava mostrar a Anne que era sincero, que não era só mais um caso para ele.
Bash percebeu o rapaz sorridente e cheio de pensamentos e decidiu se levantar
-Bom, já vou indo. - ele deixou um embrulho na cabeceira de Gilbert. - Seu pai mandou te entregar.

Gilbert pegou o embrulho assim que Bash saiu e viu o símbolo da escola.
"Jornal da Escola de Avonlea"
Jornal? desde quando entregam jornal na casa dos alunos?

Ele abriu o embrulho e viu que tinha uma barra de chocolate, a mesma marca que ele comera no Walmart há dois dias. Além do chocolate só tinha uma bilhete:

"Espero que seu pai não abra suas encomendas.
É para adoçar seus dias enquanto está de cama.
Mais uma vez mil perdões por ter machucado sua perna, torço para que fique bom logo.
Com carinho, A."

Ah, Anne, você poderia machucar meu corpo inteiro e eu seria incapaz de me zangar com você.

Continua

𝘼𝙎𝙉 || 𝙎𝙝𝙞𝙧𝙗𝙚𝙧𝙩Onde histórias criam vida. Descubra agora